Autores: Daiane Corrêa¹; Lucineia da Mata2; Janiele Freire Polacinski2; Suelen Cristina Uber3

Introdução 

O silício (Si) é considerado um elemento benéfico, que tem sido utilizado na supressão de doenças de plantas e ataques de insetos pragas, pois o seu efeito esta relacionado ao acúmulo na epiderme, protegendo a cutícula dos tecidos. Ocorre a produção de complexos com compostos orgânicos, favorecendo o acúmulo de compostos fenólicos nas paredes celulares das células, aumentando assim a sua resistência à degradação por enzimas liberadas pelos fungos. e o enrigecimento dos tecidos (Epstein, 1999).

Desta forma, produtos à base de silício, têm sido indicados no controle de diversas doenças e na redução do nível de danos ocasionados por insetos pragas, reduzindo a incidência, severidade e índice populacional. Através deste acúmulo dos compostos fenólicos nos tecidos da parede celular, os tecidos podem ficar mais rígidos e mais espessos, dificultando também a ação de insetos pragas, ocasionando o desgaste de sua mandíbula, principlamente na cultura do milho (Goussain et al., 2002).

O milho é o principal cereal cultivado no mundo, sendo a cultura destaque no cenário global, com a maior produção anual de grãos. A cultura é de extrema importância para a agropecuária, pois é um alimento base da alimentação e adapta-se em diferentes de cultivo (Oliveira et al. 2015).

Neste contexto, há necessidade de identificar o potencial do silício no tratamento de sementes, que é imprescindível para obter o bom desenvolvimento inicial da cultura. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do silício no tratamento de sementes de milho KWS 9822.

Materiais e Métodos

O ensaio experimental foi realizado na Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, no município de Alta Floresta-MT, no ano de 2020. O experimento constou de um ensaio testando diferentes doses de silício no tratamento de sementes de milho.

Foram utilizadas sementes de milho KWS 9822, submetidas aos tratamentos contendo as doses de Si (Sifow Power) de 0, 3,0 e 6,0 g de silício para 1 kg de sementes. As sementes de cada tratamento foram tratadas com Si e em seguida recobertas com fungicida (150 ml). O tratamento das sementes foi realizado de forma manual, sendo acondicionadas para o tratamento em sacos plásticos com capacidade de 3 L e posteriormente, permaneceram durante 24 horas em temperatura ambiente para secagem.

O teste de germinação foi realizado em rolos de papel Germitest, umedecidos com água destilada, na quantidade equivalente a 2,5 vezes o peso do papel (g) (BRASIL, 2009), previamente autoclavadas. As sementes foram dispostas entre duas folhas de papel Germitest, sendo uma na face inferior e outra recobrindo as mesmas. Os testes foram conduzidos em câmara de germinação do tipo BOD, com temperatura controlada de 24°C, com variação de 2°C e fotoperíodo de 12 horas de luz. Cada tratamento foi composto por 200 sementes de milho, com quatro repetições.

As avaliações foram realizadas diariamente, no mesmo horário, durante 7 dias, sendo contadas as sementes germinadas, consideradas aquelas com emissão de 2mm de raiz primária. Ao término do experimento foi mensurado o comprimento médio de parte aérea e radicular de 15 plântulas escolhidas aleatoriamente, em cada repetição, com o auxílio de uma régua graduada em centímetros.

As variáveis analisadas foram a porcentagem de germinação (%), o tempo médio de germinação (dias) e o comprimento médio da parte aérea e da raiz (cm). As variáveis foram submetidas à Análise de Variância, comparando as médias dos dados do experimento pelo Teste de Tukey, à 5 % de probabilidade, com o software estatístico SAS (SAS INSTITUTE).

Resultados e Discussão 

A porcentagem de germinação de sementes de milho KWS 9822 não sofreu alterações em função do tratamento com silício, em que as doses de 3,0 e 6,0 g de Si e a testemunha não apresentaram diferenças significativas entre si, com 98 e 97% de germinação (Tabela 1).

Para o tempo médio de germinação, os tratamentos testados também não diferiram entre si, em que as sementes obtiveram variações entre 6,1 à 6,4 dias para germinar. Estes resultados evidenciam que o silício não proporcionou melhorias nos aspectos relacionados a germinação, entretanto, também não prejudicou o processo germinativo e o vigor das plântulas.

Para a variável comprimento médio da parte aérea, os melhores resultados de desenvolvimento foram alcançados com as doses de 3,0 e 6,0 g de Si. Estes tratamento não apresentaram diferenças entre si, com 5,2 e 5,8 cm de comprimento, entretanto diferiram da testemunha, com plântulas de 3,5 cm.

Para o comprimento médio de raiz, as doses de 3,0 e 6,0 g de Si foram superiores ao tratamento composto pela testemunha, apresentando melhor crescimento do sistema radicular, com 5,9 e 6,1 cm respectivamente, comparado à testemunha, com 4,7 cm de comprimento radicular. Segundo Oliveira et al. (2016), o silício não interfere no processo inicial de germinação, porém, proporciona incremento de desenvolvimento da plântula, melhorando seu crescimento aéreo e radicular, fatores estes essenciais para o estabelecimento e desenvolvimento da cultura.

Conclusão 

Conforme os resultados apresentados, pode-se concluir com este trabalho que o silício apresentou efeitos positivos através do tratamento de sementes de milho KWS 9822, melhorando o crescimento da plântula.

Referências 

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília: Mapa/ACS, 2009. 399 p.

EPSTEIN, E. Silicon. Annual review of plant physiology and plant molecular biology, v. 50,
p. 641-664, 1999.

GOUSSAIN, M. M.; JAIR C. MORAES, J. C.; CARVALHO, J. C.; NOGUEIRA, N. L.; ROSSI, M. L. Efeito da aplicação de silício em plantas de milho no desenvolvimento biológico da lagarta-docartucho Spodoptera frugiperda (J.E.Smith) (Lepidoptera: Noctuidae). Neotropical Entomology, Londrina, v. 31, n. 2, p. 306-310, 2002.

OLIVEIRA, G. M.; PEREIRA, D. D.; CAMARGO, L. C. M.; ABI SAAB, O. J. G. Fosfito e silicato de potássio no controle da ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi Syd. & P. Syd). Revista Brasileira de Ciências Agrárias, Recife, v. 10, n. 1, p. 60-65, 2015

OLIVEIRA, S.; BRUNES, A. P.; LEMES, E. S.; TAVARES, L. C.; MENEGHELLO, G. E.; LEITZKE, I. D.; MENDONÇA, A. O. Tratamento de sementes de arroz com silício e qualidade fisiológica das sementes. Revista de Ciências Agrárias, Lisboa, v. 39, n. 2, 202-209, 2016.

SAS INSTITUTE. Advanced general linear models with na emphasis on mixed models. Cary:
Statistical Analysis System Institute, 1996. 614p.

Informações sobre os autores:

  • ¹ Professora Dra. Produção Vegetal do Curso de Agronomia, Universidade do estado do Mato Grosso (UNEMAT), Alta Floresta/MT. E-mail: daicorea@hotmail.com
  • ² Acadêmica do Curso de Agronomia, Universidade do estado do Mato Grosso (UNEMAT), Alta Floresta/MT.
  • ³ Dra. Produção Vegetal, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Lages/SC.

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