O objetivo deste trabalho foi avaliar estabilidade de população inicial de plântulas de soja de outono-inverno sobre efeito residual da direção das operações dos sistemas de preparos do solo realizados em duas safras seguidas, com e sem manejo de rebaixamento da vegetação do cultivo simultâneo de sorgo e Urocloa ruziziensis semeado pela “Terceira Caixa”.
Autores: Giovana Guerra Mariano1, ÉLCIO HIROYOSHI YANO2, Vanessa Dias Trindade3, Fábio Luiz Capel Marques4, André Luís Máximo da Silva5
Resumo
O sucesso de uma lavoura depende das qualidades como foram realizados os manejos do solo, em que este trabalho objetivou-se avaliar o efeito residual de diferentes sistemas de preparos realizados nas duas safras anteriores. O experimento foi instalado na FEPE, da FE de Ilha Solteira UNESP, em Selvíria-MS. O delineamento estatístico foi de blocos ao acaso do tipo fatorial com sete manejos do solo: cultivo mínimo (CM) perpendicular à direção de semeadura; CM cruzado em duas direções; CM no sentido da semeadura; preparo reduzido (PR) com grade média no sentido da cultura e seguida da intersecção com CM no sentido contrário; CM e PR na mesma orientação da cultura; Plantio direto de três anos (SPD-1) e 17 anos (SPD-2) e duas modalidades de rebaixamento da vegetação (Com e Sem), utilizando um triturador horizontal de palha, com 4 repetições. A quantidade de massa na superfície do solo não diferenciou entre os manejos, porém a maior estabilidade de plântulas está diretamente ligada à superioridade da porcentagem de cobertura pelo tempo de implantação do SPD. A maior cobertura do solo pelo rebaixamento realizado no sentido contrário à semeadura não interferiu na emergência e estabilidade de plântulas de soja, podendo refletir na produtividade de grãos.
Palavras-chave: sistemas de preparos, direção de semeadura e rebaixamento.
Introdução
A soja é uma cultura que possui uma grande importância econômica, porem determinadas técnicas de manejo como a adoção do sistema plantio direto (SPD) tem sido utilizada afim de promover um incremento no aumento de produtividade, com a mínima mobilização dos
resíduos vegetais sobre o solo, que tem como função de amenizar e controlar alguns problemas como perdas de água por erosão e/ou evaporação. O cultivo de U. brizantha com culturas graníferas no sistema ILP, no Cerrado, tem-se apresentado como excelente opção de cobertura do solo para o SPD, em razão da adaptação às condições edafoclimáticas destas regiões, pela produção considerável de biomassa ao longo do ano, com elevada relação C/N garantindo assim a proteção da superfície do solo por um período prolongado.
Porém, esta elevada produção de biomassa tem dificultado a regulagem e estabilidade da profundidade de deposição de adubo e semente, sendo assim necessário fracionar em tamanho menores e reposicionar de modo homogênea a quantidade de massa sobre a superfície do solo, em que o manejo mecânico pode ser efetuado pelo uso do triturador de resíduos vegetais após a dessecação química antecessora (PARIZ et al, 2011). Este manejo da palhada pode influenciar na no desenvolvimento da planta, em razão do tamanho dos fragmentos e o tempo de decomposição, e dependo do tipo de espécie pode haver competição pelo processo de mineralização do nitrogênio. O objetivo deste trabalho foi avaliar estabilidade de população inicial de plântulas de soja de outono-inverno sobre efeito residual da direção das operações dos sistemas de preparos do solo realizados em duas safras seguidas, com e sem manejo de rebaixamento da vegetação do cultivo simultâneo de sorgo e Urocloa ruziziensis semeado pela “Terceira Caixa”.
Material e Métodos
O presente estudo foi realizado em 2018 (verão-outono) na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) pertencente à Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, em Selvíria- MS. O solo foi classificado como Latossolo Vermelho distroférrico textura argilosa de acordo com as normas de classificação da Embrapa (2013).
O delineamento estatístico foi em blocos ao acaso em esquema fatorial 7×2, sendo sete sistemas de manejos do solo e duas condições de rebaixamento da vegetação (com e sem) após à semeadura da soja, com 4 repetições, constituído pelos seguintes tratamentos: sistema plantio direto (SPD-1) a 14 anos de implantação; SPD-2 a 2 anos de condução; primeira semeadura com SPD (1°ano) sobre Escarificação no sentido perpendicular à semeadura da soja (ESC-Cruzado); Escarificação na mesma orientação da soja (ESC-Linha) seguida por SPD (1°ano); SPD (1°ano) sobre Escarificação duas passadas sendo uma no sentido perpendicular ao declive seguida de outra passada na orientação oposta (ESC-Linha/ESC-Cruzado); Preparo reduzido com grade media na mesma orientação da semeadura da cultura, seguida do cruzamento perpendicular com escarificador (GM/ESC-Cruzado) de SPD (1°ano); SPD (1°ano) sobre Preparo reduzido com grade media seguida da escarificação na mesma orientação da semeadura da soja (GM/ESC-Linha), submetido duas condições de rebaixamento da vegetação (com e sem) de restos culturais do consorcio de sorgo com Urocloa ruziziensis semeado pela “Terceira Caixa” de outono-inverno, pelo triturador horizontal de palha no sentido contrário ao sentido de semeadura da soja, ou seja, no “contra arrepio”.
A cultivar de soja transgênico BMX- Potência RR foi semeado pela semeadora-adubadora de precisão pneumática da marca Marchesan, modelo Suprema Ultra flex de 7 linhas de espaçadas de 0,45 m, com mecanismo sulcador disco duplo desencontrado e defasado, regulada para distribuir aproximadamente 150,0 kg/ha do fertilizante 08-28-16 e 577.771 sementes ha1. A metodologia utilizada quantificada a quantidade de matéria seca (MS) de palha sobre a superfície foi a de Chaila (1986). Estas amostras foram homogeneizadas e secadas em estufa de circulação forçada, à 65°C, por 72 horas, até obtenção de massa constante. A porcentagem de cobertura do solo foi avaliada após a semeadura da soja, pelo método da linha transversal descrito por Laflen et al. (1981). Com a estabilização da emergência de plântulas de soja aos 19 dias após a semeadura (DAS), efetuou-se a contagem da população inicial em três linhas de cinco de metros de comprimento. Os resultados foram processados pelo programa computacional SISVAR ® (FERREIRA, 2000), e submetidos às análises de variância pelo teste F e comparação de médias de Tukey a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Nota-se na Tabela 1 que a porcentagem de cobertura do solo após a semeadura e população inicial de plântulas de soja diferenciaram estatisticamente pela interação significativa entre os sistemas de manejo do solo e rebaixamento da vegetação. O rebaixamento após a semeadura no sentido contrário auxilio no aumento da porcentagem de cobertura do solo (Tabela 2), pela trituração e distribuição uniforme da palhada sobre a superfície, principalmente para os tratamentos de manejo do solo de primeiro ano de implantação de SPD, em decorrência da mobilização do solo pelo preparo reduzido de grade media seguida de escarificação no mesmo sentido da linha semeadura ter resultado menor quantidade de massa e cobertura do solo onde não foi rebaixado a vegetação.
A maior porcentagem de cobertura pelo rebaixamento da massa após a semeadura exerceu resultou na maior emergência e estabilidade populacional de plântulas de soja (Tabela 3), visto que os manejos do solo não exerceram influência sobre a população inicial da cultura,
discordando de Álvaro Júnior (2006) que os diferentes manejos da cobertura vegetal, de tamanhos variados deixados após o manejo (totalmente picado – triturador de palhas, parcialmente picado – roçadora e praticamente inteiro – rolo faca) não interferiram na emergência e estabilização inicial das plântulas de soja.
A superioridade da população inicial de plantas de soja nos tratamentos de SPD-1 e GM/ESC Cruzado, com a fragmentação da vegetação após a semeadura, resultou na maior porcentagem de cobertura do solo, em que Mahl (2006) salienta que a palhada na superfície do solo pode dificultar a aderência dos rodados da semeadora-adubadora e resultar no aumento da patinagem dos mesmos e consequentemente comprometer o acionamento dos mecanismos dosadores de semente e adubo.
Tabela 1. Valores médios de matéria seca residual, cobertura do solo após à semeadura e população inicial de plântulas de soja, em diferentes sistemas de manejo do solo e rebaixamento da vegetação.
Tabela 2. Valores médio da porcentagem de cobertura do solo após a semeadura da soja no desdobramento entre sistemas de manejo do solo e rebaixamento da vegetação.
Tabela 3. Valores médio da população inicial de plântulas de soja no desdobramento entre sistemas de manejo do solo e rebaixamento da vegetação.
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Conclusões
O rebaixamento realizado no sentido contrário após a semeadura proporcionou aumento da porcentagem de cobertura do solo, porém não interferiu na emergência e estabilidade de plântulas de soja.
Referências
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CHAILA, S. Métodos de evaluacion de malezas para estúdios de poblacion y de control. Malezas, v.14, n. 2, p.1-78,1986.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Sistema brasileiro de
classificação de solos. 3° ed. Brasília, DF: EMBRAPA, 2013. 353p.
FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45., 2000, São Carlos. Anais … São Carlos: SIB, 2000. p.255-8.
LAFLEN, J. M.; AMEMIYA, A.; HINTZ, E. A. Meassuring crop residue cover. Soil Water Conservation, Iowa. v.36, p.341-343, 1981.
PARIZ, C. M.; ANDREOTTI, M.; BUZETTI, S.; BERGAMASCHINE, F. A.; ULIAN, N. A.;
FURLAN, L. C.; MEIRELLES, P. R. L.; CAVASANO, F. A. Straw decomposition of nitrogenfertilized grasses intercropped with irrigated maize in an integrated crop livestock system. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, MG, v. 35, p. 2029 – 2037, 2011b.
MALH, D. Desempenho operacional de semeadora em função de mecanismo de corte, velocidade e solos, no sistema plantio direto do milho. 2006. 143 f. Tese (Doutorando em Agronomia/ Energia na Agricultura)- Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2006.
Informações dos autores
1Graduanda de Agronomia, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, FE/UNESP, Ilha Solteira- SP, giovana_guerra@outlook.com;
2Engenheiro Agrônomo, Prof. Assistente Doutor, FE/UNESP-Ilha Solteira, elcio@agr.feis.unesp.br;
3Graduanda de Agronomia, FE/UNESP-Ilha Solteira – SP, vanessadrtrindade@gmail.com
4Graduando de Agronomia, FE/UNESP-Ilha Solteira – SP, fabio.capelm@gmail.com;
5Graduando de Agronomia, FE/UNESP-Ilha Solteira – SP, almaximos187@gmail.com.
Disponível em: Anais do XLVII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola. Brasília – DF, Brasil.