Autores deste trabalho: OLIVEIRA, D.A.G.1; SILVA, A.F.M.1; MORAES, J.P.¹; BELLO, L.S.1; SANTOS, B.S.1; MIGLIORINI, L.T.1; LIMA, R.J.N.1; BRITO, F.C.¹; ARAÚJO, L.S.1; ALBRECHT, L.P.²; VICTORIA FILHO, R.¹
A área cultivada de soja no Brasil na safra 2017/18 alcançou 35,02 milhões de hectares (CONAB, 2018), sendo que em 96% desta área foram utilizadas sementes transgênicas, tolerantes a herbicidas ou resistente a insetos, ou ambos (Céleres, 2018).
O glyphosate é um dos principais herbicidas para o manejo de plantas daninhas em cultivos de soja (Bentivegna et al. 2017). No entanto o uso repetido desse herbicida tem selecionado espécies tolerantes e resistentes ao referido herbicida.
Desse modo a associação e rotação de mecanismos de ação são importantes ferramentas para prevenir a seleção dessas espécies de difícil controle. A soja tolerante a sulfoniluréias (STS) foi desenvolvida a partir da técnica de mutagênese de sementes utilizando-se o agente alquilante etilmetanosulfonato (EMS). O agente EMS não causa mutação através da inserção do DNA, mas pela modificação da base já presente, introduzindo um radical aquil. Desse modo a soja STS não se trata de uma cultura transgênica (Rogozin et al., 2001).
Há poucas informações na literatura das possíveis associações de inibidores da ALS em soja RR/STS. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a seletividade e eficácia de nicosulfuron e outros herbicidas inibidores da ALS, isolados ou em associação, em soja RR/STS.
O experimento foi conduzido na safra 2017/18, com a cultivar BMX Garra RR2/STS, em área experimental do Departamento de Produção Vegetal da Universidade de São Paulo/Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” em Piracicaba.
O delineamento experimental empregado foi de blocos casualizados com quatro repetições e 8 tratamentos (Tabela 1).
As unidades experimentais foram constituídas de 6 linhas de soja espaçadas em 0,45 m entre si e com 5 metros de comprimento. A aplicação dos tratamentos foi realizada no estádio V4 da cultura da soja, por meio de um pulverizador costal pressurizado a CO2 equipado com barra de quatro pontas de pulverização, a uma pressão constante de 2 bar, propiciando um volume de calda de 200 L ha-1.
Foram realizadas avaliações de fitotoxicidade nas plantas de soja e controle de plantas daninhas, através de avaliações visuais em que foram atribuídas notas percentuais que variaram de 0 a 100% a cada unidade experimental (onde 0, representa ausência de injúrias e, 100%, morte das plantas) (Velini et al., 1995). As avaliações ocorreram aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação (DAA).
Os dados obtidos foram submetidos ao teste à análise de variância pelo teste F e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey (p < 0,05) (Pimentel-Gomes e Garcia, 2002).
Aos 7 DAA verificou-se alguns sintomas de injúria na cultura para os tratamentos nicosulfuron (5,5%) e para a associação nicosulfuron + cloransulam (5,75%). Aos 14 DAA apenas o tratamento com nicosulfuron isolado apresentou sintomas de injúrias significativas. Já aos 21 e 28 DAA não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos e a testemunha sem aplicação (Tabela 2).
Para a avaliação de controle de plantas daninhas, não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos aos 7 DAA.
Aos 14 e 21 DAA verificou-se diferenças entre os tratamentos, com destaque para os tratamentos cloransulam isolado ou associado ao nicosulfuron, os quais apresentaram níveis de controle de pelo menos 85%. Esses dois tratamentos somados à associação sulfometuron + chlorimuron se destacaram aos 28 DAA, com notas de controle superiores a 85% (Tabela 3).
A cultivar de soja BMX Garra RR2/STS foi considerada tolerante à aplicação de sulfometuron, chlorimuron, nicosulfuron, cloransulam e associações entre sulfometuron + chlorimuron e nicosulfuron + cloransulam. No que tange à eficácia de controle de plantas daninhas, as associações e o tratamento com cloransulam apresentaram resultados satisfatórios.
Sobre os Autores: ¹Universidade de São Paulo – USP, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ, Piracicaba, SP, diogo.alexandre.oliveira@usp.br; ²Universidade Federal do Paraná – UFPR, Setor Palotina, Palotina, PR.
Resumo publicado nos Anais do VIII Congresso Brasileiro de Soja.
Referências
BENTIVEGNA D.J. et al. Determination of optimal doses of glyphosate for controlling weeds at several stages in southwestern Buenos Aires province (Argentina). Journal of Plant Protection Research, v.57, n.4, p.347-354, 2017.
CÉLERES. Projeção de safra – Soja – fevereiro 2018. 2018. Disponível em: http://www.celeres.com.br/ic18-02-projecao-de-safra-soja-fevereiro-2018/ CONAB. Acompanhamento da safra brasileira: grãos: safra 2017/18, quinto levantamento, fevereiro de 2018.
CONAB, Brasília, DF, BR, 2018. 142 pp.
PIMENTEL-GOMES, F.; GARCIA, C.H. Estatística aplicada a experimentos agronômicos e florestais: exposição com exemplos e orientações para uso de aplicativos Piracicaba: FEALQ. 2002.
ROGOZIN, I.B. et al. The effect of the primary structure of DNA on induction of mutations by alkylating agents. Russian Journal of Genetics, v.37, n.6, p.704-710, 2001.
VELINI, E. D.; OSIPE, R.; GAZZIERO, D. L. P. (Coord.). Procedimentos para instalação, avaliação e análise de experimentos com herbicidas. Londrina: SBCP, 1995. 42 p.