A ferrugem-asiática da soja é uma das doenças mais devastadoras que acometem a cultura. Os danos variam em função do estádio de desenvolvimento em que acomete a planta, da suscetibilidade de cultivar e da severidade da doença. Em casos mais extremos, perdas de produtividade de até 90% podem ser observadas (Godoy et al., 2024).
Dentre as principais estratégias de manejo e controle da ferrugem, destacam-se o uso de cultivares precoces, a semeadura no início do período recomendado, o vazio sanitário, o controle de plantas voluntárias de soja e o emprego de fungicidas químicos.
O controle químico com fungicidas formulados em mistura de diferentes grupos químicos tem-se mostrado eficiente. Conforme recomendações de manejo, o controle químico deve ocorrer de forma preventiva, ou seja, os fungicidas devem ser aplicados preventivamente ou nos primeiros sintomas da doença (Soares et al., 2023).
No entanto, para um controle químico eficaz da ferrugem-asiática, é necessário empregar fungicidas com eficiência conhecida. Embora diversas moléculas e formulações estejam disponíveis para o manejo da ferrugem, totalizando 209 produtos registrados junto ao MAPA, nem todos esses produtos apresentam desempenho satisfatório para o controle da ferrugem-asiática.
Eficiência de fungicidas – experimentos em rede
A eficiência dos fungicidas registrados para o controle da ferrugem-asiática da soja, dos novos fungicidas em fase de registro e das misturas de fungicidas registrados com fungicidas multissítios foi avaliada por experimentos em rede durante a safra 2023/24 (Godoy et al., 2024).
Segundo Godoy et al. (2024), os fungicidas avaliados pertencem aos grupos: inibidores da desmetilação (IDM – tebuconazol, protioconazol, ciproconazol, difenoconazol e epoxiconazol); inibidores da quinona externa (IQe – azoxistrobina, trifloxistrobina, picoxistrobina, metominostrobina e piraclostrobina), inibidores da succinato desidrogenase (ISDH – fluxapiroxade, bixafem e impirfluxam), ditiocarbamato (mancozebe), cloronitrila (clorotalonil), inorgânico (oxicloreto de cobre) e 2,6-dinitro-anilina (fluazinam).
Os fungicidas registrados para o controle químico da ferrugem-asiática e avaliados nos experimentos em rede estão apresentados na tabela 1.
Tabela 1. Produtos comerciais (ingredientes ativos) e doses dos fungicidas registrados para controle da ferrugem-asiática, Phakopsora pachyrhizi, na cultura da soja. Protocolo para os experimentos com FUNGICIDAS REGISTRADOS realizados na safra 2023/2024.
Já os fungicidas avaliados em fase de registro estão apresentados na tabela 2. Os tratamentos foram formados por misturas de dois IDMs + IQe + ditiocarbamato (T4), dois IDMs (T5), cloronitrila + IDM (T12), três IDMs (T6), dois IDMs + inorgânico (T7), dois IDMs + IQe (T8), IQe + IDM (T9), cloronitrila + IQe + IDM (T11). O fungicida Curatis (T3 – IDM + IQe + ditiocarbamato) obteve registro durante a condução dos ensaios. Os fungicidas Almada (T2) e Fezan Gold (T10), também presentes no protocolo de fungicidas registrados, foram utilizados como padrões para comparação (Godoy et al., 2024).
Tabela 2. Produtos comerciais (ingredientes ativos), fungicidas registrados e em fase de registro e doses para controle da ferrugem-asiática, Phakopsora pachyrhizi, na cultura da soja. Protocolo para os experimentos com FUNGICIDAS EM FASE DE REGISTRO realizados na safra 2023/2024.
Não menos importante, os tratamentos compostos por misturas de tanque com fungicidas multissítios estão apresentados na tabela 3. Além de fungicidas registrados e em fase de registro, mancozebe e clorotaloníl compuseram os tratamentos.
Tabela 3. Produtos comerciais e fungicidas em fase de registro (ingredientes ativos) em mistura em tanque com multissítios, comparado à mistura formulada com multissítio (T2) para controle da ferrugem-asiática, Phakopsora pachyrhizi, na cultura da soja. Protocolo para os experimentos com FUNGICIDAS SÍTIO-ESPECÍFICOS EM MISTURA COM FUNGICIDAS MULTISSÍTIOS realizados na safra 2023/2024.
Resultados – Fungicidas registrados
Com base nos resultados obtidos nos experimentos em rede e divulgados por Godoy et al. (2023), para a análise da eficiência dos fungicidas registrados para o controle da ferrugem, embora todos os tratamentos tenham apresentado severidade inferior a testemunha, as menores severidades e as maiores porcentagens de controle foram observadas para os tratamentos com Almada (T12 – 71%), Tridium (T14 – 70%), Nativo Plus/ Patriota (T15 – 67%), Sugoy (T10 – 66%), para o programa de rotação de fungicidas (T16 – 65%), Evolution (T13 – 62%) e Fox Xpro (T6 – 62%).
As maiores produtividades foram observadas para os tratamentos com os fungicidas Almada (T12 – 3.803 kg/ha), Nativo Plus/ Patriota (T15 – 3.772 kg/ha), para o programa de rotação de fungicidas (T16 – 3.686 kg/ha), Excalia Max (T5 – 3.679 kg/ha), Evolution (T13 – 3.677 kg/ha), Tridium (T14 – 3.663 kg/ha), Fox Xpro (T6 – 3.660 kg/ha), Sugoy (T10 – 3.644 kg/ha), Fox Supra (T4 – 3.626 kg/ha), Proteus (T9 – 3.624 kg/ha) e Fezan Gold (T8 – 3.563 kg/ha) (Godoy et al., 2024).
Tabela 4. Severidade da ferrugem-asiática (SEV), porcentagem de controle (C) em relação à testemunha sem fungicida, fitotoxicidade média das plantas causada pelas aplicações dos fungicidas (FITO), produtividade (PROD) e porcentagem de redução de produtividade (RP) em relação ao tratamento com a maior produtividade, no protocolo com FUNGICIDAS REGISTRADOS, safra 2023/2024.
Resultados – Fungicidas em fase de registro
Segundo Godoy et al. (2024), todos os tratamentos apresentaram severidade inferior a testemunha. As menores severidades e as maiores porcentagens de controle foram observadas para os tratamentos com Curatis (T3 – 74%), Almada (T2 – 69%) e protioconazol + tebuconazol + oxicloreto de cobre (T7 – 66%).
As maiores produtividades foram observadas para os tratamentos com Almada (T2 – 4.015 kg/ha), Curatis (T3 – 3.995 kg/ha), protioconazol + tebuconazol + oxicloreto de cobre (T7 – 3.877 kg/ha), clorotalonil + protioconazol (T12 – 3.799 kg/ha), Fezan Gold (T10 – 3.729 kg/ha), mancozebe + protioconazol + tebuconazol + picoxistrobina (T4 – 3.721 kg/ha) e difenoconazol + protioconazol + tebuconazol (T6 – 3.670 kg/ha) (Godoy et al., 2024).
Tabela 5. Severidade da ferrugem-asiática (SEV), porcentagem de controle (C) em relação à testemunha sem fungicida, fitotoxicidade média das plantas causada pelas aplicações dos fungicidas (FITO), produtividade (PROD) e porcentagem de redução de produtividade (RP) em relação ao tratamento com a maior produtividade, no protocolo com FUNGICIDAS EM FASE DE REGISTRO, safra 2023/2024.
Resultados – Fungicidas sítio-específicos + multissítios
Da mesmo fora que nos casos anteriores, todos os tratamentos analisados apresentaram severidade inferior a testemunha, sendo que, a porcentagem de controle das misturas de fungicidas variou de 68% (T8 – piraclostrobina + protioconazol + difenoconazol e clorotalonil) a 76% (T3 – Excalia Max e Tróia), contudo, não houve diferença de severidade entre os tratamentos com fungicidas (Godoy et al., 2024).
Entretanto, conforme destacado por Godoy et al. (2024), a porcentagem de controle com a adição de multissítios, comparando a eficiência de controle dos produtos sítio-específicos isolados nos protocolos de fungicidas registrados (Tabela 6) e fungicidas em fase de registro, aumentou em média 16%, sendo o maior ganho em controle com o fungicida protioconazol + tebuconazol e clorotalonil (T9 – aumento de 52% para 75%), evidenciando a importância da adição de fungicidas multissítios em semeaduras tardias, para maior controle da ferrugem.
Tabela 6. Severidade (SEV) da ferrugem-asiática, porcentagem de controle (C) em relação à testemunha sem fungicida, fitotoxicidade média das plantas causada pelas aplicações dos fungicidas (FITO), produtividade (PROD) e porcentagem de redução de produtividade (RP) em relação ao tratamento com a maior produtividade, no protocolo com FUNGICIDAS SÍTIO-ESPECÍFICOS EM MISTURA COM FUNGICIDAS MULTISSÍTIOS, safra 2023/2024.
Vale destacar que o programa de fungicidas utilizados nos ensaios não representa uma recomendação da rede de ensaios e a escolha de fungicidas para a rotação deve ser adequada a cada região e época de semeadura, em função da ocorrência de diferentes doenças na lavoura.
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Referências:
GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora pachyrhizi, NA SAFRA 2023/2024: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 206, 2024. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1165843/1/CT-206-Claudia-Godoy.pdf >, acesso em: 23/07/2024.
SOARES, R. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, ed. 6, 2023. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1158639/manual-de-identificacao-de-doencas-de-soja >, acesso em: 23/07/2024.