Assim como nas demais culturas agrícolas, na soja, uma série de patógenos e doenças podem acometer a cultura, causando perdas de produtividade tanto quantitativas quanto qualitativas, depreciando grãos e sementes. Visando o manejo e controle eficiente dessas doenças, diversas práticas de manejo são empregadas na cultura da soja, desde o tratamento das sementes até o final do ciclo da cultura.

Além das boas práticas agronômicas, o método mais empregado no programa de controle de doenças fungicas em soja é o controle químico com o uso de fungicidas. Contudo, visando o melhor posicionamento dos fungicidas para o sucesso do manejo, além do monitoramento das áreas e da identificação das doenças, conhecer a eficiência dos fungicidas para controle delas é de suma importância.

Além das tradicionais doenças fungicas que acometem a soja, tais como a ferrugem-asiática (Phakopsora pachyrhizi), a qual pode causar perdas de produtividade variando entre 10%a 90% e pode ocorrer em qualquer estádio do desenvolvimento da cultura (Godoy et al., 2022), algumas doenças fungicidas se destacam pela ocorrência concentrada em alguns períodos do desenvolvimento da cultura, tais como o complexo das DFCS (doenças de final de ciclo da soja).

As DFCS, normalmente são resultado do conjunto de falhas de controle durante o ciclo de desenvolvimento da soja, condições adequadas de umidade, temperatura e inoculo para o desenvolvimento das doenças e/ou fatores relacionados a baixa sensibilidade dos patógenos a fungicidas (Santos, 2022). Dentre as DFCS mais preocupantes que acometem a cultura da soja, se destacam a mancha-parda (Septoria glycines) e o crestamento foliar de Cercospora, causada pelo complexo de fungos pertencentes ao gênero Cercospora.

Dependendo do crestamento por Cercospora, os sintomas podem ocorrer em folhas, pecíolos, hastes, legumes e sementes. Através do legume, o fungo atinge a semente e causa a mancha-púrpura no tegumento (figura 1), entretanto, o principal dano é a desfolha prematura das plantas.

Figura 1. Sintomas típicos de mancha-púrpura em sementes de soja.

Fonte: Saran, P. E.

Conforme destacado por Godoy et al. (2022), mesmo fazendo-se uso de fungicidas para o manejo de doenças em soja, é comum observar reclamações de falhas de controle das DFCS, percebida muitas vezes pela ocorrência da mancha púrpura nos grãos/sementes e coloração castanho-avermelhada das folhas nas semeaduras iniciais, fato que pode estar associado à redução da sensibilidade do fungo aos fungicidas.

Com isso em vista, o adequado posicionamento de fungicidas para o manejo das DFCS é imprescindível. Para auxiliar no posicionamento desses fungicidas, ensaios para comparação da eficiência de fungicidas no controle das DFCS vêm sendo conduzidos na rede de experimentos cooperativos desde a safra 2020/2021. Para tanto, são utilizadas aplicações iniciais calendarizadas com fungicidas únicos e os fungicidas para comparação são aplicados a partir de R4, em aplicações sequenciais. Cabe destacar que os resultados obtidos nos ensaios não constituem recomendações de controle (Godoy et al., 2022).

Como o objetivo do experimento foi avaliar a eficiência dos fungicidas no final do ciclo, foi realizada uma aplicação aos 50 dias após a semeadura com Fox Xpro 0,5 L/ha (bixafen + protioconazol + trifloxistrobina 62,5 + 87,5 + 75 g i.a./ha) + Áureo 0,25% v/v em todos os tratamentos, menos na testemunha absoluta (T1); além da testemunha absoluta, sem fungicida, foi incluída uma testemunha com a aplicação do tratamento inicial com Fox Xpro 0,5 L/ha (T2). As aplicações dos tratamentos para controle das doenças no final do ciclo foram realizadas em R4 e R5.3 (Godoy et al., 2022).



Conforme resultados observados (tabela 1), as menores severidades e maiores porcentagens de controle foram observadas para os tratamentos com Evolution (T6), mancozebe + difenoconazol (T9), para o programa com rotação de fungicidas (T10), mancozebe + azoxistrobina + tebuconazol (T7), mancozebe + difenoconazol + ciproconazole (T8) e clorotalonil + fluindapir (T5), todos com controle ≥ 30% em relação à testemunha com Fox Xpro aos 50 DAS (T2) (Godoy et al., 2022).

Tabela 1. Severidade das doenças de final de ciclo, porcentagem de controle em relação à testemunha com as aplicações iniciais (T2) (%C), produtividade (PROD) e porcentagem de redução de produtividade (%RP) em relação ao tratamento com a maior produtividade, para os diferentes tratamentos. Fox Xpro 0,5 L/ha + Áureo 0,25% v/v aplicado aos 50 dias após a semeadura (DAS) em todos os tratamentos, menos na testemunha absoluta (T1). Média de 11 experimentos para severidade (locais 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8, 12, 13, 15 e 16) e oito experimentos para produtividade (locais 1, 2, 4, 6, 7, 8, 12 e 13). Safra 2021/2022, (Godoy et al., 2022).

Fonte: Godoy et al. (2022)

Já com relação a produtividade da soja, Godoy et al. (2022) destacam que todos os tratamentos diferiram da testemunha absoluta (T1), sendo que os únicos tratamentos que apresentaram produtividade superior a testemunha com aplicação de Fox Xpro (T2) foram mancozebe + difenoconazol (T9 – 4.688 kg/ha), mancozebe + azoxistrobina + protioconazol (T6 – 4.646 kg/ha) e o programa com rotação de fungicidas (T10 – 4.626 kg/ ha).

Vale ressaltar que, com exceção dos fungicidas Previnil (T4) e do biofungicida Bombardeiro que apresentam registro somente para S. glycines e Evolution (T6) que apresenta registro para C. kikuchii, os demais tratamentos avaliados apresentam registro experimental temporário (RET III). Os fungicidas Vessarya, Cypress e Unizeb Gold utilizados no Programa (T10) apresentam registro para as duas doenças (Godoy et al., 2022).

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Veja mais: Eficiência de fungicidas no controle da ferrugem-asiática da soja – Resultados sumarizados dos ensaios cooperativos safra 2021/2022.


Referências:

GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora pachyrhizi, NA SAFRA 2021/2022: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 187, 2022. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1145904/1/Circ-Tec-187.pdf >, acesso em: 26/09/2022.

GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DAS DOENÇAS DE FINAL DE CICLO DA SOJA, NA SAFRA 2021/2022: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 183, 2022. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1145699/1/Circ-Tec-183.pdf >, acesso em: 26/09/2022.

SANTOS, M. S. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE DOENÇAS DE FINAL DE CICLO DA SOJA. Mais Soja, 2022. Disponível em: < https://maissoja.com.br/eficiencia-de-fungicidas-no-controle-de-doencas-de-final-de-ciclo-da-soja/ >, acesso em: 26/09/2022.

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