A colheita da safra brasileira 2024/25 de soja já iniciou e, segundo estimativas do setor público e consultorias privadas, a expectativa é de que o Brasil tenha um novo recorde na produção da oleaginosa.

“Estamos iniciando as primeiras colheitas nas áreas irrigadas, como no Mato Grosso, no centro-oeste do país. A região sul, começa o plantio um pouco mais tarde e, com isso, a colheita também é um pouco mais tardia. Contudo, o desenvolvimento das lavouras está excelente, praticamente, de norte a sul do Brasil. E as estimativas dessa safra 2024/25 estão sendo modificadas. Por vezes, há divergências entre elas, mas todas convergem para um volume recorde”, enfatizou Hélio Sirimarco, vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

Estimativa conservadora

A Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, manteve sua estimativa de 166,2 milhões de toneladas de soja em seu último relatório de dezembro. “Essa estimativa da Conab é a mais conservadora. Por exemplo, o próprio Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), no seu último relatório desse mês, manteve a sua estimativa de uma safra de 169 milhões de toneladas. Vale ressaltar que tanto os números da Conab, quanto os do USDA, devem ser modificados e sofrer as alterações em função do desenvolvimento da safra”, disse o vice-presidente da SNA.

Consultorias privadas

A Brandalizze Consulting prevê uma safra de 170 milhões de toneladas. “Até o início deste mês, a estimativa deles era de 165 milhões de toneladas, mas devido às condições climáticas bastante favoráveis, eles já aumentaram a estimativa”, ressaltou Hélio Sirimarco.

A Pátria Agronegócio é outra consultoria que também elevou sua estimativa. Na semana passada, divulgou que está esperando para a safra 24/25 uma produção de 170.4 milhões de toneladas, representando um aumento de 15,3% em relação à safra 2023/24.

Já a Datagro, revisou os seus dados e aguarda para esta safra cerca de 171.5 milhões de toneladas.

Exportações

Sobre exportações, a Datagro prevê um novo aumento. A consultoria está estimando entre 105 e 107 milhões de toneladas, o que – se cumprindo- será um recorde sobre o do ano passado, que foi de 102 milhões de toneladas embarcadas.

Para o vice-presidente da SNA, do ponto de vista de oferta, há uma situação bastante interessante. “Se somarmos, por exemplo, as estimativas do Brasil com as da Argentina, Paraguai e Uruguai estaremos falando de uma produção na ordem de 240 milhões de toneladas, ou mais, na América do Sul, configurando uma situação muito tranqüila”.

Essa grande condição, somada à colheita americana que foi de 122 milhões de toneladas e finalizou neste mês, mostra que o Brasil possui uma boa situação de oferta. E isso, evidentemente, está impactando nos preços do mercado internacional de soja. Os contratos futuros da soja na bolsa de Chicago, registrados nessa semana, foram as menores cotações desde setembro de 2020.

“Isso aí está pedindo nossa atenção. Estamos vendo também alguns problemas voltados para a demanda. O maior importador de soja do mundo é a China, porém o país está com um crescimento mais lento, a economia está enfrentando dificuldades em alguns setores, especialmente no setor imobiliário. Estamos vendo isso aí impactar”, explicou Sirimarco.

Dólar

Uma outra variável a ser considerada é o dólar, que está subindo tanto no Brasil quanto no exterior. Por exemplo, o Dolar Index – cesta do dólar contra as seis maiores moedas do mundo – registrou no dia 20 de dezembro a maior cotação desde novembro do ano passado. Com esta alta recorde do dólar no Brasil, foram registradas as maiores cotações desde o início da circulação do real.

Para a soja americana, a alta do dólar é ruim, porque o produto americano fica mais caro em relação às outras moedas e perde competitividade.

No final deste mês, o Brasil está com pouca disponibilidade de soja e, a partir de janeiro, será iniciada a colheita da nova safra. No momento, a China está dando preferência à compra da soja americana, apesar de os preços por lá estarem mais altos, porque existe uma disponibilidade do produto.

Vendas antecipadas

De acordo com Hélio Sirimarco, as vendas antecipadas da nova safra de soja, até agora, são mais ou menos de 35% do volume estimado de 170 milhões de toneladas. “Houve uma redução, se compararmos com uma média histórica de 40% de comercialização da safra de soja nessa época. Então a comercialização está um pouco atrasada. Ou seja, o produtor está segurando e não está vendendo antecipadamente”.

Insumos

Se por um lado, a alta do câmbio é benéfica para o produtor, do ponto de vista de competitividade da soja brasileira, ela impacta também os custos dos insumos, já que grande parte deles é importado ou precificado em dólar.

“Para a próxima safra, 2025/26, o produtor terá que prestar atenção, porque os custos devem aumentar em função dessa alta do dólar que estamos tendo”, finalizou o vice-presidente da SNA.

Autor: SNA  – Por Larissa Machado

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