Em uma semana repleta de feriados e pontos facultativos (segunda-feira foi feriado nos EUA e segunda e terça-feiras o Brasil viveu a tradicional paralisação de Carnaval), o mercado internacional da soja se manteve estável. Em Chicago, o bushel de soja, acabou fechando esta quinta-feira (23/02) em US$ 15,34, contra US$ 15,26 uma semana antes. A seca na Argentina e no Rio Grande do Sul continuam preocupando o mercado externo, fato que mantém as cotações da soja acima dos US$ 15,00/bushel há mais de um mês. Embora, seja bom frisar, espera-se que o volume a mais que o Brasil colherá, em relação ao ano passado, compense as perdas na Argentina e no Estado gaúcho.
Dito isso, na semana encerrada em 16 de fevereiro, os EUA exportaram 1,58 milhão de toneladas de soja, ficando dentro do esperado pelo mercado. Com isso, na totalidade do atual ano comercial, as vendas de soja estadunidenses somam 41,4 milhões de toneladas, ou seja, 3,5% acima do que em igual período do ano anterior.
O mercado espera com atenção os resultados de mais um Fórum Outlook do USDA, que se iniciou nesta quinta-feira (23/02). Não é a principal fonte de referência usada pelo mercado, porém, o mesmo sinaliza as primeiras projeções de área para as futuras safras de soja, milho e trigo. No próximo comentário estaremos analisando seus resultados. Lembrando que o principal balizador do mercado é a intenção de plantio, a qual sairá no final de março próximo.
E aqui, no Brasil, os preços se mantiveram relativamente estáveis, com viés de baixa diante da pressão da colheita, que avança no país, e de um câmbio que trabalhou abaixo dos R$ 5,20 por dólar em boa parte da semana.
Assim, a média gaúcha fechou a semana em R$ 164,50/saco, enquanto nas demais praças nacionais houve recuo, com valores girando entre R$ 145,00 e R$ 158,00/saco.
Efetivamente, a colheita da soja brasileira chegava a 25% da área total, no início da presente semana, estando atrasada, pois no ano passado a mesma atingia a 36,3% e a média histórica, para este período, é de 27,6% colhidos. (cf. Pátria AgroNegócios)
Especificamente no Mato Grosso a mesma atingiu a 60% da área, superando a média histórica que é de 57,8% nesta época, segundo o Imea. As chuvas deram uma trégua naquele Estado e o corte da soja avançou bem na última semana. O Mato Grosso deverá colher 11,8 milhões de hectares de soja neste ano, com a expectativa de uma produção final ao redor de 42,8 milhões de toneladas, ou seja, quase 5% acima do resultado do ano anterior, fato que será um recorde se concretizado.
Mesmo assim, e confirmando os alertas da semana anterior, a produção final de soja no Brasil deverá ficar mesmo ao redor de 150 milhões de toneladas (talvez um pouco menos) diante das contínuas quebras nas lavouras gaúchas. (cf. hEDGEpoint Global Markets) Por sua vez, a Conab ainda espera uma colheita ao redor de 152,9 milhões de toneladas, porém, contando com uma safra de 19 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul, o que não irá acontecer. Na melhor das hipóteses, espera-se uma colheita gaúcha ao redor de 13 milhões de toneladas. Isso significa que seriam 6 milhões de toneladas a menos do que a Conab espera, fato que traria sua estimativa de produção final, para o Brasil, a 146,9 milhões de toneladas.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).