A produtividade da soja é uma variável extremamente complexa, sujeita a influência de diversos fatores bióticos e abióticos que podem atuar sobre as plantas. Visando assegurar a boa produtividade da lavoura, é essencial adotar estratégias de manejo que permitam assegurar bom crescimento e desenvolvimento da soja, limitando a influência de pragas e doenças sobre as plantas.

Para tanto, é fundamental compreender a fisiológica da soja, para posicionar práticas de manejo de forma correta, potencializando a formação de componentes de produtividade. Ao logo do seu desenvolvimento, a soja expressa diferentes exigências, tanto nutricionais, quanto hídricas e térmicas, o que torna necessário atentar para o desenvolvimento da planta, em suas diferentes fases fenológicas.

Mas afinal, qual terço da soja produz mais, e qual deve receber mais atenção no manejo?

Normalmente a planta da soja é dividida nos terços inferior, médio e superior (figura 1), o que contribui também para o monitoramento e manejo de pragas e doenças na cultura. Conforme analisado por Müller (2017) & Turra et al. (2018), embora possa variar em função de características genéticas da cultivar, a grande maioria das cultivares de soja modernas apresentam maior produção de grãos no terço médio da planta, seguido pelo terço inferior e superior respectivamente.

Corroborando a afirmação, o Pesquisador da CCGL, Carlo Pizolotto, destaca que, se tratando da maioria das cultivares modernas os terços médio e inferior da planta de soja, correspondem a aproximadamente 70% da produtividade da planta (figura 1). Nesse sentido, o posicionamento de defensivos deve atingir esses terços da planta, possibilitando maximizar a proteção das plantas contra pragas e doenças, bem como a maior viabilidade das folhas do baixeiro da soja, refletindo na boa produtividade da cultura.


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Figura 1. Distribuição da produtividade da soja em função dos diferentes terços da planta.
Adaptado: Rede Técnica Cooperativa – RTC (2024)

Pensando no manejo fitossanitário da cultura, em algumas ocasiões além de analisar a planta inteira, deve-se destinar atenção especial também aos terços inferior e superior, além do médio. Algumas doenças especialmente as causadas por fungos necrotrófico e de solo, por possuir fonte de inóculo em resíduos culturas e no solo respectivamente, infectam a planta primeiramente no terço inferior, em função dos métodos de dispersão dos patógenos. Nesse caso, o monitoramento do terço inferior da planta (baixeiro) é tão importante quando o monitoramento do terço médio.

O mesmo é valido para o manejo de pragas. Dependendo do horário do dia, algumas pragas a exemplo de percevejos podem ser estimuladas a se concentrar no terço superior da planta em busca de calor para se aclimatar/aquecer. Logo, visando um manejo fitossanitário cauteloso, é necessário analisar a planta como um todo.

Considerando que grande parte do manejo fitossanitário da cultura envolve a aplicação de defensivos agrícolas, uma boa tecnologia de aplicação é determinante para garantir a boa cobertura de aplicação da planta. Além dos tratos fitossanitários, vale destacar que algumas deficiências nutricionais como por exemplo, de Boro, Enxofre, Cálcio, Manganês, Zinco, Ferro e Cobre, expressam sintomas somente nas folhas jovens da planta (terço superior), sendo, portanto, fundamental a analise dessa parte da planta para identificar possíveis déficits nutricionais.

Em suma, a maioria da produtividade da soja é formada no terço médio e inferior da planta, sendo assim, é essencial adotar práticas de manejo que possibilitam a boa sanidade desses terços, contribuindo para a formação de componentes de produtividade e produtividade final da cultura.

Referências:

MÜLLER, M. ARQUITETURA DE PLANTAS DE SOJA: INTERCEPTAÇÃO DE RADIAÇÃO SOLAR, DEPOSIÇÃO DE PRODUTOS FITOSANITÁRIOS E PRODUTIVIDADE. Universidade de Passo Fundo, Dissertação de mestrado, 2017. Disponível em: < http://tede.upf.br/jspui/bitstream/tede/1371/2/2017MarieleMuller.pdf >, acesso em: 11/11/2024.

REDE TÉCNICA COOPERATIVA. DESAFIOS E PERSPECTIVAS NO CONTROLE DE DOENÇAS EM SOJA: ENSINAMENTO DA SAFRA 2023/24. Rede Técnica Cooperativa – RTC, 2024. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=s75T0WBm7CY >, acesso em: 11/11/2024.

TURRA, F. V. et al. RENDIMENTO E PROPRIEDADES FÍSICAS DE GRÃOS DE SOJA EM FUNÇÃO DA ARQUITETURA DA PLANTA. Anais – VII Conferência Brasileira de Pós-Colheita, 2018. Disponível em: < http://eventos.abrapos.org.br/anais/paperfile/910_20181103_02-53-41_847.pdf >, acesso em: 11/11/2024.

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