InícioDestaqueEmater/RS: Chuvas são insuficientes para reverter o quadro de estiagem estadual

Emater/RS: Chuvas são insuficientes para reverter o quadro de estiagem estadual

A área projetada para a safra 2022/2023 é de 6.568.607 hectares. A produtividade estimada inicialmente é de 3.131 kg/ha.

A ocorrência de chuvas irregulares, mais concentradas nas regiões a Sul e a Leste do Estado, aliviou momentaneamente o estresse em lavouras beneficiadas. No entanto, na maior parte do território estadual, não houve precipitações ou elas foram insuficientes para reverter o quadro de estiagem.

Os dias foram novamente de muito calor, secos e com alta intensidade da radiação solar, ocasionando elevadas taxas de evapotranspiração, com picos de mais de 6 mm/dia, impactando negativamente as lavouras em desenvolvimento (48%), em florescimento (35%), e em enchimento dos grãos (17%). Nas lavouras mais afetadas, as plantas não recuperam a turgescência no período da noite, e é possível observar folhas murchas nas primeiras horas da manhã, assim como a queda acentuada de flores. Nota-se, de maneira geral, que ocorre desfolha, concentrada no terço inferior, e pouca emissão de novas folhas.

Conforme amostragem realizada em 412 municípios no Estado, estima-se que a redução da produtividade, na zona mais afetada, é pouco superior a 20%, como é o caso das regiões administrativas da Emater/RS-Ascar de Santa Maria e Santa Rosa. O decréscimo é estimado em cerca de 10% nas de Bagé, Frederico Westphalen, Ijuí, Lajeado e Pelotas; entre 2% e 3% nas de Erechim e Soledade; e não há redução nas de Caxias do Sul, Passo Fundo e Porto Alegre.

Em termos fitossanitários, o clima seco favoreceu a incidência de pragas, como tripes e ácaros e de doenças, como oídio, que estão sendo monitorados e controlados à medida que as condições climáticas permitem. Na Região Noroeste, é recorrente também a presença de besouros e de diabrótica nas lavouras, impactando, ainda mais, as condições precárias em função da estiagem.

Na regional de Bagé, as lavouras implantadas entre os meses de outubro e de novembro, na região da Campanha, de maneira geral, ainda resistem à falta de umidade nos solos e ao forte calor, embora a intensidade das perdas seja maior devido à entrada na fase reprodutiva e ao crescimento, que se encontra praticamente paralisado.

Em Aceguá, os prejuízos são estimados em 25% devido à falta de chuvas expressivas ao longo de todo o mês de janeiro. As melhores lavouras na região estão situadas em Dom Pedrito, detentor da maior área com a oleaginosa no Estado, com 160 mil hectares, e onde foram registradas chuvas nas últimas quatro semanas, apesar de mal distribuídas entre as localidades. As lavouras com cultivares precoces em fase inicial de enchimento de grãos encontram-se em estado mais crítico, com aumento de abortamento de vagens e de folhas por causa do clima adverso.

As diferenças de potencial produtivo têm relação direta com o relevo, sendo mais elevado nas várzeas, que são naturalmente mais úmidas e férteis, ao passo que, nas coxilhas arenosas e com solos rasos, torna-se cada vez mais difícil estimar a produtividade mínima necessária para cobrir os custos de produção. Também se observa comportamento diferente entre cultivares no que se refere à tolerância a altas temperaturas e à condição de solo seco.

Na Fronteira Oeste, em Manoel Viana, a estimativa de perdas alcança 40%. As lavouras bem estabelecidas na primeira época de plantio, no momento, enfrentam significativo abortamento de flores e vagens. Em São Gabriel, onde são cultivados 136 mil hectares, as chuvas bem distribuídas, no dia 26/01, amenizaram temporariamente o estresse nas lavouras.

As lavouras implantadas em dezembro e janeiro são caracterizadas pelo baixo estande, e continua sendo observada a mortalidade de plantas, que compromete, ainda mais, esse importante componente do rendimento. Alguns produtores ainda aguardam a ocorrência de chuvas para a realização de novos plantios e de replantes. Porém, já há um número considerável de produtores que encerrou a semeadura devido aos riscos de implantação das lavouras em época tão tardia, além das poucas perspectivas de melhoria do clima. Em Quaraí e em Rosário do Sul, ocorreram chuvas entre 40 mm e 80 mm, e os produtores realizaram o plantio das áreas liberadas pós-colheita do trigo e de integração com pecuária, entregues no final do ano.

Na de Caxias do Sul, mais de 80% da área de soja da regional é cultivada nos Campos de Cima da Serra. Nessa região, as chuvas são recorrentes, e as temperaturas não são tão elevadas, mantendo boas condições para o desenvolvimento das lavouras e para a expectativa inicial de rendimento da safra. Na região da Serra, a distribuição da chuva é desuniforme. Há localidades onde, nos últimos dias, tem se agravado a deficiência hídrica, e poderá haver redução de rendimento de grãos em relação à expectativa inicial.

Na de Erechim, o grande número de horas com insolação, altas temperaturas e a não ocorrência de chuvas fizeram a cultura apresentar sintomas de estresse, e poderá haver redução na produtividade. As lavouras em municípios mais atingidos, como Erechim e Barra do Rio Azul, apresentam estimativa de perdas de 20%. No regional, as perdas estimadas são menores e ainda passíveis de reversão, ou de agravamento, com a evolução da cultura.

Na de Frederico Westphalen, a ocorrência de chuvas irregulares permitiu uma recuperação parcial no desenvolvimento das plantas, no entanto ainda apresentam tamanho aquém do ideal. A expectativa na redução de produtividade varia de acordo com a época de plantio e com o volume de chuvas.

Na de Ijuí, as precipitações, mesmo em baixo volume e irregulares, contribuíram para o crescimento das plantas, que ainda está abaixo do esperado. As temperaturas elevadas e o sol intenso têm provocado o enrolamento e o murchamento de folhas nos horários de pico de calor, comprometendo a eficiência fisiológica da fotossíntese e dando aspecto de planta murcha. À noite, com a diminuição da temperatura, as plantas recuperam a turgescência.

Na de Pelotas, houve avanço e finalização da semeadura, possibilitada pela recuperação da umidade decorrente das precipitações em 22 e 28/01. A maior parte das lavouras apresenta falhas no estande de plantas e diferenças no desenvolvimento, decorrentes dos efeitos da estiagem. Com a ocorrência de chuvas, as perdas na produtividade foram estancadas, e é possível que ainda ocorra uma recuperação, se as chuvas se normalizarem.

Na de Porto Alegre, o plantio foi concluído. Estão em desenvolvimento vegetativo 70% da cultura. A recorrência de chuvas, nas duas últimas semanas, propiciou grande recuperação no desenvolvimento das lavouras.

Na de Santa Maria, foram implantadas 97% das lavouras previstas. É improvável que essa área sofra maiores alterações, uma vez que o período recomendado pelo zoneamento agrícola encerrou em 31/01. Em função da pouca disponibilidade de água nos solos, o desenvolvimento vegetativo da lavoura está aquém do esperado, o que compromete o potencial produtivo da cultura.

Na de Santa Rosa, a ocorrência de chuvas irregulares no dia 27/01, em parte da região, permitiu o plantio em resteva de milho. A área semeada passou de 97% para 99%. Na região, onde a chuva superou 15 mm, foi possível visualizar a melhora das lavouras e a minimização da situação de déficit hídrico. Contudo, na maior parte do regional, a situação permanece crítica. A maior parte das lavouras está em floração, fase que exige maior disponibilidade de umidade, aumentando a preocupação com as perdas de produtividade. Acredita-se que as perdas, nessas lavouras, já sejam irreversíveis. No período, os produtores suspenderam os tratamentos fitossanitários em função das altas temperaturas, com exceção da semeadura mais tardia, onde foram realizadas as aplicações de herbicidas.

Na de Soledade, o aumento na frequência de precipitações em janeiro permitiu um maior desenvolvimento das lavouras e um alento aos sojicultores. No entanto, a má distribuição ainda provoca redução na expectativa de produtividade. Verificaram-se danos de produtos fitossanitários em lavouras da região, como folhas parcialmente queimadas em decorrência de aplicações em momentos ou em condições inadequadas de temperatura e de estresse hídrico.

Comercialização (saca de 60 quilos)

Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, o valor médio apresentou decréscimo de -2,28 %, passando de R$ 169,23 para R$ 165,38.

Fonte: Informativo Conjuntural n° 1748 – Emater/RS



Equipe Mais Soja
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