A reduzida ocorrência de precipitações no segundo período do mês de maio permitiu o avanço da colheita, que alcançou 97% da área cultivada. No entanto, a presença prolongada de orvalho e neblina, em alguns dias, resultou em baixo rendimento operacional devido às poucas horas de condições adequadas para o trabalho das colheitadeiras, além de resultar em grãos com alto teor de umidade.

Segundo relatos, em razão do atraso na colheita, causado pelas chuvas excessivas no início de maio, houve perdas por debulha natural e altos índices de descontos devido a grãos danificados, especialmente nas cultivares que já estavam prontos para a colheita naquele período. Já nas cultivares de implantação mais tardia, cujo ciclo estava em finalização quando ocorreram os grandes volumes de chuva, não foram observados maiores problemas em relação a perdas na lavoura ou a descontos nas empresas cerealistas.

Nas lavouras onde a colheita já terminou, os produtores estão planejando estratégias de manejo e correção do solo, como coleta de amostras de solo, encaminhamento para análise laboratorial e aplicação de corretivos de acidez nas áreas onde é necessário. No período, o clima seco e a baixa umidade do solo contribuíram para o desempenho positivo da operação de distribuição de calcário. A implantação de plantas de cobertura de inverno foi pouco significativa devido à baixa umidade do solo e à dificuldade de realizar o plantio em solo seco e compactado. No entanto, a necessidade de aumentar a matéria seca para melhorar as características físicas do solo tornou-se uma questão de grande importância, pois nas lavouras com manejo adequado do solo, as produtividades da soja foram superiores em comparação às demais, mesmo diante do déficit hídrico.

A área cultivada de soja no Estado, na safra 2022/2023, é de 6.513.891 hectares. A produtividade estimada é de 1.923 kg/ha, representando redução de 38,58% em relação à projeção inicial.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, alguns produtores enfrentaram dificuldades para concluir a colheita em áreas de várzea devido ao atolamento de máquinas e à formação de sulcos, que exigirão ações corretivas para o próximo cultivo. A retenção de folhas e vagens verdes continuaram a dificultar o processo de colheita. Na região da Fronteira Oeste, a colheita atingiu 90% da área cultivada em Alegrete, e as perdas se aproximam de 68%. Em Barra do Quaraí e Uruguaiana, a colheita foi concluída, e as produtividades médias são de 1.920 kg/ha e 1.680 kg/ha respectivamente. Ressalta-se que a área irrigada é significativa nesses municípios, mas, ainda assim, algumas lavouras foram afetadas pela escassez de água em certo momento do ciclo, comprometendo a produtividade. Os produtores que possuem manejo eficiente de irrigação alcançaram médias de 3.600 kg/ha. Em Manoel Viana, 96% das lavouras já foram colhidas, e a média de produtividade deve ficar abaixo da safra anterior, que já havia sido afetada pela forte estiagem. As intensas chuvas do início do mês causaram danos aos grãos, incluindo áreas destinadas à produção de sementes para o próximo plantio, que não poderão mais ser utilizadas para esse fim.

As chuvas também impactaram significativamente os produtores em São Gabriel, e houve relatos de perdas de mais de 50% devido a grãos danificados em lavouras localizadas nas áreas baixas colhidas nesse período. Na região da Campanha, em Bagé, onde 95% da área foi colhida, as cultivares precoces apresentaram os menores rendimentos, com médias um pouco acima de 1.000 kg/ha, enquanto as cultivares de ciclo médio e tardio mostraram melhor desempenho, com uma produtividade de 2.000 kg/ha. A grande quantidade de lavouras em áreas baixas reflete em médias mais altas, se comparadas aos municípios próximos severamente afetados pela estiagem, como em Hulha Negra e Candiota. Em Caçapava do Sul, restam a colher algumas lavouras onde foi realizado o replantio. Não foram registradas perdas significativas decorrentes das intensas chuvas no início de maio, que ultrapassaram 300 mm no município, pois os produtores priorizaram a colheita das lavouras em áreas de várzea durante março e abril.

Na de Caxias do Sul, a colheita está em fase final, restando apenas 2% das lavouras a serem finalizadas nesta semana.

Nas regiões de Erechim, Passo Fundo e Soledade, a colheita foi encerrada. Na de Santa Maria, restam apenas lavouras marginais que não totalizam 1%.

Na de Frederico Westphalen, a colheita alcançou 97% das lavouras, e restam 3% das lavouras em final de maturação.

Na de Ijuí, a colheita está em finalização, sendo realizada à medida que as lavouras alcançam a umidade adequada para a operação. Restam apenas áreas semeadas após a colheita do milho. Em Santo Augusto, as lavouras de sequeiro colhidas durante a semana apresentaram baixa produtividade, e o rendimento está próximo a 600 kg/ha. Nas lavouras irrigadas, a produtividade atingiu 2.100 kg/ha.

Na de Pelotas, as atividades de colheita e transporte da soja foram amplamente favorecidas pela persistência de condições climáticas secas, sem ocorrência de chuvas, e avançaram em ritmo acelerado, aproximando-se da conclusão em Rio Grande, Pelotas, Pedro Osório e Morro Redondo, onde 99% das lavouras já foram colhidas. Na região como um todo, o índice de conclusão atinge 90%, representando o local de maior retardamento na colheita no Estado.

Na de Santa Rosa, ainda faltam 2% dos cultivos a serem colhidos, que foram implantados em estágio mais tardio, mas devem ser finalizados nesta semana. Diante dos preços baixos do grão, os produtores expressam preocupação quanto à dificuldade em honrar seus compromissos financeiros após duas safras de resultados extremamente negativos. A estiagem prolongada na região resultou em demanda significativa por perícias do Proagro, exigindo que os extensionistas fossem intensivamente acionados para realizar as vistorias e cumprir essa importante política pública. A Emater/RS-Ascar realizou, nesse cultivo, 2.385 perícias nos 45 municípios abrangidos pela região.

Comercialização (saca de 60 quilos)

Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, a cotação média da soja na semana foi de R$ 124,08 representando uma redução de -3,27% em relação à cotação da semana anterior de R$ 128,28. Fonte: Informativo Conjuntural n° 1764 – Emater/RS



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