Conforme nova estimativa de safra realizada pela Emater/RS-Ascar, a área cultivada de soja no Estado é de 6.513.891 hectares, sendo 0,83% inferior à de 6.568.607 hectares, projetados em outubro de 2022. A produtividade revista é de 2.175 kg/ha, representando um decréscimo de 30,52% nos 3.231 kg/ha iniciais. Com isso, a produção da oleaginosa, na safra 2022/2023, deverá resultar em 14.169.329 toneladas, ou seja, uma redução de 31,10% na estimativa de 20.563.989 toneladas.
Além de indicar a redução da safra, o levantamento aponta os efeitos desiguais da estiagem nas regiões do Estado. Tanto a perda na produtividade quanto a redução de área são decorrentes da insuficiência de precipitações durante os meses de verão. Nas regiões com menor índice pluviométrico, houve danos graves a lavouras estabelecidas e casos de impossibilidade de implantação de parte projetada, pois os solos apresentavam teores de umidade muito abaixo do necessário para o estabelecimento da cultura. Entre regiões, há grande variabilidade de potencial produtivo, decorrente de maior ou menor restrição hídrica.
A época de semeadura e o ciclo das cultivares interferiram no potencial produtivo em uma mesma região. As lavouras mais afetadas foram implantadas no início do período recomendado, com cultivares mais precoces, que, além das perdas, sofrem risco de maturação desuniforme e perda de qualidade no produto colhido, limitando sua utilização para extração de óleo e provocando a consequente redução no valor de mercado, como ocorreu na safra passada. Nas lavouras de ciclo médio implantadas em novembro, as chuvas entre 02 e 04/03 foram muito benéficas e contribuíram para o adequado enchimento dos grãos nas vagens fixadas. As lavouras do tarde apresentaram aumento de porte, beneficiadas pela melhor condição de umidade dos solos, mas, com o início da fase de floração, essa taxa de crescimento será menos intensa.
No geral, as lavouras estão predominantemente em fase de enchimento de grãos – 60%. Já a colheita ainda é incipiente no Noroeste do Estado, mas permanece em atraso em relação aos anos anteriores. Nas áreas em floração – 23% –, há expectativa de fixação de boa carga de vagens.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, é cultivada a maior área do Estado, com 1.048.091 hectares. A estimativa de produtividade foi revista para 1.663 kg/ha, sendo 34,68% inferior aos 2.546 kg/ha esperados. Os danos são mais concentrados na Fronteira Oeste, onde parte dos produtores não conseguiu nem efetuar o plantio. As lavouras de cultivares precoces implantadas entre os meses de outubro e início de novembro estão chegando na fase de maturação, com encurtamento do ciclo. A colheita dessas lavouras, que está prevista para a primeira quinzena de março, deve resultar em potencial produtivo muito baixo, e a produção poderá não cobrir os custos de colheita e frete. Em Manoel Viana, a estimativa de perdas para esses casos é de 80%. Os produtores estão investindo nas lavouras que apresentam potencial produtivo razoável; em algumas áreas, é realizada apenas a aplicação de inseticidas, embora já tenha se observado menor incidência de ácaros e tripes, proporcionada pela queda nas temperaturas e pelos melhores índices de umidade relativa do ar. Os fungicidas e fertilizantes foliares são utilizados predominantemente nas melhores lavouras, incluindo as áreas de várzeas, onde o potencial, em muitos municípios, pode até ultrapassar 3.300 kg/ha.
Na de Caxias do Sul, a estimativa atual aponta redução de 3,85%, ou seja, de 3.535 kg/ha projetados para 3.399 kg/ha em 251.439 hectares cultivados, sendo considerada uma safra sem maiores prejuízos. Nas lavouras mais atingidas pela deficiência hídrica, houve diminuição do porte e do número de vagens, mas as chuvas, novamente incidentes, ocorreram a tempo de o enchimento de grãos transcorrerem em normalidade. Na de Erechim, a expectativa é de produzir 2.983 kg/ha, representando redução de 16,56% de 3.575 kg/ha projetados. A área plantada é de 229.988 hectares. As perdas são variáveis: em parte dos municípios, há redução de até 30% e em outra parte, a produção está próxima da normalidade. Estão 50% das lavouras em desenvolvimento vegetativo e 50% em enchimento de grãos.
Na de Frederico Westphalen, a produtividade apresenta redução de 30,02% em 3.471 kg/ha estimados inicialmente, mas a nova avaliação indica um total de 2.429 kg/ha. Apesar da melhora na distribuição das chuvas, o cenário ainda é de perdas principalmente nas lavouras semeadas no início do período recomendado. As lavouras totalizam 422.686 hectares e estão predominantemente em fase de enchimento de grãos – 55% –, e 10% em maturação.
Na de Ijuí, a estimativa de produtividade inicial era de 3.544 kg/ha e foi reavaliada em 2.324 kg/ha, consistindo em perda de 34,42%. A área semeada alcançou 965.315 hectares, e 70% estão em estádio de enchimento de grãos. As lavouras onde não incidiram chuvas no período entre 23 e 26/02 apresentavam sintomas de déficit hídrico, com murchamento de folhas e curvatura de folíolos. Porém, o retorno das precipitações, a partir de 02/03, proporcionou a retomada da turgescência das plantas e o desaparecimento dos sintomas de déficit hídrico. A reposição da umidade nos solos favoreceu a formação dos grãos, melhorando a expectativa de rendimento das lavouras. O clima seco da primeira metade da semana propiciou o aumento da incidência de tripes nas lavouras.
Na de Lajeado, a área cultivada é de 23.580 hectares, e a redução estimada de produtividade é de 29,21%, isto é, de 3.245 kg/ha para 2.297 kg/ha.
Na de Passo Fundo, são cultivados 638.531 hectares. A produtividade foi reavaliada em 2.836 kg/ha, representando redução de 21,11% em relação aos 3.595 kg/ha projetados. Estão em fase de enchimento de grãos 85% das lavouras e em processo de maturação fisiológica, 15%.
Na de Pelotas, a área cultivada totaliza 510.810 hectares. A produtividade estimada é de 2.128 kg/ha, significando 19,18% de redução em 2.633 kg/ha projetados inicialmente. A ocorrência de precipitações mais abrangentes territorialmente manteve a umidade nos solos e permitiu a continuidade no desenvolvimento das plantas e o enchimento dos grãos de forma adequada. As lavouras implantadas em final de dezembro estão com estande e desenvolvimento satisfatórios. As mais afetadas pela estiagem são as lavouras onde há cultivares superprecoces e precoces, plantadas em outubro.
Na de Porto Alegre, é a única região com reavaliação positiva, elevando a estimativa inicial de 2.866 kg/ha para 2.946 kg/ha, o que representa um acréscimo de 2,79% na produtividade esperada. A área semeada é de 191.007 hectares. Os produtores estão satisfeitos com o potencial produtivo. A recorrência de chuvas viabiliza desempenho da cultura. Aproximadamente 50% das lavouras estão entre as fases de floração e de formação das vagens.
Na de Santa Maria, a projeção atual é de 1.906 kg/ha, constituindo uma redução de 36,64% em 3.008 kg/ha projetados inicialmente. A área plantada na região é de 1.014.917 hectares, o que revela um decréscimo de 3% na projeção inicial. As chuvas mais frequentes, na região, podem abreviar o agravamento das perdas, pois os solos conseguem, assim, conservar um teor de umidade satisfatório.
Na de Santa Rosa, a área plantada alcança 741.134 hectares. A região é a mais afetada pela estiagem. A produtividade atual está estimada em 1.525 kg/ha, representando quebra de 52% em 3.177 kg/ha projetados. De modo geral, as lavouras localizadas mais ao norte da região têm um desempenho melhor do que as ao sul, refletindo a distribuição da incidência de chuvas nos meses de verão. A ocorrência de novas precipitações beneficiou as lavouras semeadas mais recentemente e tende a estabilizar as perdas nas semeadas anteriormente. Na região, 62% dos cultivos estão em enchimento de grãos, 7% em maturação e 1% foi colhido. A produtividade dessas colheitas foi muito variável, entre 300 kg/ha e 1.200 kg/ha, mas se confirmam os danos provocados pela insuficiência de umidade.
Na de Soledade, a produtividade inicial estimada era de 3.026 kg/ha e a atual, de 2.175 kg/ha, consistindo em redução de 30,53%. A área de lavouras alcançou 476.393 hectares. No período, houve nova ocorrência de precipitações irregulares, mas que contribuíram para a elevação do porte das lavouras, sobretudo onde o volume foi maior e onde há cultivares de ciclo mais longo. Nas lavouras com cultivares de ciclo mais precoce ou superprecoce, a produção está definida. Onde as chuvas foram escassas, as perdas são elevadas, e, por isso, os produtores acionaram a cobertura de Proagro.
Comercialização (saca de 60 quilos)
Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, a cotação média da soja na semana foi de R$ 164,50/sc, representando uma elevação de -1,64% em relação à cotação da semana anterior de R$ 165,28.
Fonte: Informativo Conjuntural n° 1753- Emater/RS