Um novo composto bioinseticida para controle da cochonilha na palma forrageira e em algodão com o uso de técnicas da Agricultura de Precisão usando identificação por imagens obtidas por sensores em drones e a sua aplicação em zonas de manejo começa a ser desenvolvido numa parceira entre pesquisadores da Embrapa Algodão e do Instituto Nacional do Semiárido INSA), ambos com sede na cidade de Campina Grande (PB).
As duas instituições abriram negociações para formalizar uma parceria apresentada como um acordo de cooperação técnica visando o avanço das pesquisas para a obtenção de alternativas no controle biológico das pragas na palma forrageira que também atacam o algodoeiro. A iniciativa, que já conta com o apoio do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e com recursos recentemente disponibilizados à Embrapa Algodão através de TED (Termo de Execução Descentralizada), buscará o suporte de outros órgãos de fomento.
As duas instituições possuem pesquisas que buscam o fortalecimento da atividade agropecuária no Semiárido nordestino, com sistemas consorciados que oferecem oportunidade ao produtor regional de manter uma renda mensal, seja da agricultura ou pecuária, agregando valor ao produto ofertado ao mercado. “Recentemente o INSA assinou acordo com a SUDENE no âmbito do Projeto Palma, no valor de R$ 479.849,09 (quatrocentos e setenta e nove mil, oitocentos e quarenta e nove reais e nove centavos), anunciou Mônica Tejo, diretora do INSA.
Na Embrapa, a pesquisa está sendo conduzida pelo pesquisador em química analítica e tecnológica Everaldo Medeiros. “É uma boa oportunidade para avançarmos num trabalho conjunto, de forma a aproveitar as potencialidades das duas instituições, com um foco bem definido no Semiárido brasileiro. E a Embrapa Algodão também possui já aprovado um projeto apoiado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com o mesmo tema”, comentou Medeiros durante a visita.
O principal objetivo é desenvolver e adaptar um composto bioinseticida obtido a partir da identificação de plantas do banco ativo de germoplasma de sisal para combate à cochonilha, de maneira a garantir boa produção em sistemas produtivos consorciados, e também para a alimentação animal, aumentando a possibilidade de renda do produtor, além de agregação de valor às cadeias produtivas envolvidas.
A proposta conta também com estudos básicos para identificação por imagens digitais das pragas e de tecnologia de aplicação usando drones. A reunião discutiu ainda iniciativas conjuntas que reforçarão a geração de novos ativos tecnológicos entre o INSA e da Embrapa Algodão.
“As duas instituições consideraram uma ótima oportunidade e já iniciaram as negociações para definição do acordo de cooperação, podendo ser expandido para um período muito superior aos prazos firmados inicialmente junto à SUDENE e ao MAPA”, diz o chefe-geral da Embrapa Algodão, Alderi Emídio de Araújo. “O INSA vem trabalhando no controle da cochonilha na palma forrageira e considera esse acordo muito promissor, especialmente devido à possibilidade de aumentar a oferta de proteína aos caprinos, com a introdução do algodão no consórcio”, afirma a diretora Mônica Tejo.
A reunião ocorreu na Sede do INSA e contou também , além dos diretores das duas instituições, com a presença dos pesquisadores Ziany Neiva e Carlos Domingues, e de Geovergue Medeiros, Elder Cunha de Lira e Rita de Cássia Alves, pelo INSA.
Pesticida verde
O extrato líquido extraído das folhas do sisal (Agave sisalana), planta cultivada em regiões semiáridas, é processado e transformado em uma formulação. As propriedades inseticidas do suco de sisal já eram conhecidas no meio científico, mas havia uma grande limitação prática: o produto precisava ser aplicado imediatamente após a coleta porque fermentava em poucas horas.
“Um passo importante dessa pesquisa foi conseguir a estabilização do suco, evitando que ele entrasse em fermentação. Sem nenhum tratamento, o suco se deteriora em poucas horas após a extração e nós conseguimos estabilizá-lo em uma formulação em pó e solúvel em água”, explica Medeiros.
Ao mesmo tempo, os ensaios entomológicos envolvendo doses letais, e as formas de aplicação serão estudados para formulação de um produto com eficiência e eficácia para controle de Cochonilha. Nos ensaios envolvendo lagartas em soja e algodoeiro, foram obtidos bons resultados com um produto similar. Esses resultados poderão subsidiar o desenvolvimento de um novo produto de base biológica, explica Carlos Domingues.
Outra questão importante serão os estudos fundamentais no sentido explorar realizar a identificação da Conchonilha em distintas fases de desenvolvimento nas culturas da palma e do algodão com tecnologias de imagens aéreas usando drones. Os pesquisadores pretendem, em seguida, implantar estratégias de aplicação nas áreas identificadas usando recursos de plataformas inteligentes para aplicações precisas, explica Ziany Neiva.
Everaldo Medeiros foi um dos principais colaboradores numa pesquisa iniciada em 2012, liderada pela pesquisadora da UFPB Fabíola Cruz, para o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como a dengue, zika e chikungunya. As pesquisas com o suco dosSisal na Embrapa Algodão foram iniciadas em 2010, tendo sido testadas em carrapatos e lagartas de soja e algodoeiro, num estudo desenvolvido pela Embrapa em parceria com o Sindifibras e financiado pela FAO.
Fonte: Embrapa