A fase de enchimento de grãos (R5-R6) inicia quando os grãos de um legume, nos últimos 4 nós da haste principal com folhas desenvolvidas atingem 3mm e termina quando os grãos estiverem preenchendo totalmente a cavidade do legume.
Em R5, tem-se o máximo desenvolvimento de área foliar, raízes e fixação de N2 pelas bactérias presentes nos nódulos. Essa fase é extremamente exigente em água (5 a 7 mm dia-1), pois inicia a translocação dos fotoassimilados para os grãos que ocorre via fluxo de seiva.
Em caso de déficit hídrico, pode encurtar a duração da fase, formação de grãos chochos, reduzir o peso de grãos, e, consequentemente, a produtividade da lavoura. Além disso, cuidados devem ser tomados na questão de pragas e doenças, como ataque de percevejos, lagartas, doenças de final de ciclo (DFCs) e ferrugem asiática.
Figura 1. Legume de soja com dano causado por ataque de lagarta (A), legume e grão com dano por ataque de percevejo (B).

A ferrugem asiática deve ser monitorada nesse período de enchimento de grãos, pois é onde ocorre maior pressão da doença. Ao utilizar o vazio sanitário e manejos como a semeadura de cultivares precoces no início da época recomendada podem atrasar o aparecimento dessa doença, pois reduz o tempo da interação entre patógeno e hospedeiro, constituindo-se em importante medida de manejo de doenças. Ademais, em termos de controle químico, as carboxamidas devem ser evitadas (baixa performance curativa e resistência durante essa fase), podendo ser usado misturas de triazóis e estrobirulinas, ou a morfolina fenpropimorfe como ação curativa, além da inclusão de fungicidas multissítios.
A fase de maturação fisiológica inicia quando qualquer legume da haste principal apresenta coloração madura e encerra quando atingir 95% dos legumes nesta característica. Nesta fase, ocorre o máximo acúmulo de matéria seca nos grãos, as plantas não absorvem mais água e nutrientes e os legumes começam a perder a coloração verde, ocorrendo o processo físico de perda de água até a umidade ideal para colheita (13 a 15%).
Um cuidado importante na fase de enchimento de grãos e maturação, pensando em produção de sementes, é o cuidado com percevejos, visto que o ataque aos grãos pode causar redução da viabilidade e vigor das sementes (Scopel et al., 2017). Além disso, é necessário manter a atenção e monitoramento da lavoura em todas as fases de desenvolvimento, a fim de haver uma boa construção dos componentes de produtividade (Figura 2) e rendimento final da cultura.
Figura 2. Árvore de regressão mostrando os componentes primários da soja recomendados para o incremento da produtividade em nível de lavoura.

Em sistemas de produção onde há o cultivo de plantas de cobertura pode ser realizada a sobressemeadura de plantas como a aveia, azevém, ervilhaca, nabo forrageiro, trevo, consórcio de espécies (mix de cultivos), entre outros. Essa prática de manejo é realizada com o objetivo de promover a ciclagem de nutrientes e diminuir o período com solo descoberto, pois quando for realizada a colheita da soja, as plantas de cobertura estarão estabelecendo na lavoura.
Nos sistemas de produção de regiões que possuem estação seca bem definida onde são realizados dois cultivos de verão, há um elevado risco de ocorrer deficiência hídrica no final do ciclo de desenvolvimento da segunda safra (milho ou algodão). Em virtude disso, muitos produtores realizam a dessecação da lavoura de soja na fase de maturação fisiológica (após R7), visando reduzir o ciclo da soja e consequentemente aumentar a janela de crescimento da segunda safra.
Nas regiões por onde ocorre excesso hídrico nessa fase de desenvolvimento, recomenda-se a utilização de cultivares com tolerância ao excesso de umidade, buscando-se evitar a germinação e/ou o apodrecimento dos grãos antes da colheita (Figura 3).
Figura 3. Germinação de grãos de soja na lavoura antes da colheita.

Referências Bibliográficas
ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES / EDUARDO LAGO TAGLIAPIETRA… [ET AL.]. 2. ED. SANTA MARIA: [S. N.], 2022