Em meio a tantas pragas e doenças que incidem sobre a cultura do milho, uma doença em especial vem ganhando destaque por apresentar efeitos silenciosos os quais resultam em danos representativos e considerável redução da produtividade da cultura, trata-se do enfezamento do milho.

Os enfezamentos são doenças causadas por microrganismos denominados molicutes que infectam plantas de milho, esses microrganismos são um espiroplasma (Spiroplasma kunkelii) e um fitoplasma (Maize bushy stunt). O enfezamento-pálido é causado pelo espiroplasma, enquanto o enfezamento-vermelho é causado pelo fitoplasma. Os molicutes invadem sistemicamente e multiplicam-se nos tecidos do floema da planta de milho e são transmitidos de plantas doentes para plantas sadias, pela cigarrinha Dalbulus maidis, sendo essa o principal vetor da doença (Embrapa).

A nível de campo, diferenciar os tipos de enfezamento pode ser uma tarefa difícil com base apenas em sintomas iniciais, entretanto, cabe destacar que ambos apresentam elevado potencial em causar danos à cultura do milho. Segundo Waquil (1997), a densidade populacional de 10 cigarrinhas (adultos) por planta de milho pode resultar em uma redução de peso seco da parte aérea do milho de até 40% e até redução de até 60% do sistema radicular.



Dentre os principais sintomas observados em plantas infectadas, podemos destacar a formação de múltiplas espigas em uma planta de milho, a má granação e enchimento de grãos das espigas, a redução do volume radicular em comparação a plantas saudáveis, o perfilhamento de plantas, o acamamento de plantas, encurtamento dos entre-nos, entre outros sintomas.

O acamamento das plantas é ocasionado principalmente pela ação de fungos oportunistas que atacam a planta a nível de colo causando seu amolecimento. Esses fungos se aproveitam da planta enfraquecida pelo enfezamento para causar seus danos, dessa forma, é comum observar plantas que “dobram” o caule no nível do colo resultando em acamamento.

Figura 1. Característica de amolecimento do colo de plantas de milho decorrente da infecção por molicute e outros patógenos. Ao fundo, plantas de milho acamadas em decorrência dessa característica.

Fonte: Marcelo Gripa Madalosso – Madalosso Pesquisas

Cabe destacar que o dano potencial causado pelo enfezamento no milho está relacionado ao período de ocorrência (infecção) nas plantas, uma vez que quanto mais sedo as plantas forem infectadas, maiores são os danos e maior a perda de produtividade da cultura. Embora a infecção das plantas ocorra no período vegetativo da cultura, os sintomas visuais da doença são observados no período reprodutivo do milho, sendo assim, uma das principais características do enfezamento é sua dificuldade de identificação nos estádios iniciais da cultura.

Preferencialmente, deve-se realizar o monitoramento das cigarrinhas (vetores) nos estádios iniciais do desenvolvimento do milho, sendo que plantas infectadas entre V1 e V5 sofrem maiores danos.

Figura 2. Período de maiores danos com o ataque de cigarrinhas.

Do ponto de vista de manejo, as principais estratégias para minimizar a ocorrência do enfezamento é a sincronização da semeadura do milho e a eliminação de plantas voluntárias. Isso porque plantas espontâneas (tiguera) contribuem para a sobrevivência de cigarrinhas infectadas, transmitindo a doenças para cultivos sucessores, já a sincronização da semeadura do milho visa dificultar migração das cigarrinhas entre lavouras, dificultando a sobrevivência do vetor e a disseminação da doença.

Outras medidas de manejo incluem a escolha de cultivares tolerante, o tratamento de sementes para controle inicial dos insetos e o monitoramento da cigarrinha. Embora ainda não exista um nível de controle para a cigarrinha-do-milho uma vez que os danos ocasionados dependem de insetos infectados e não do número de insetos, o controle químico desse vetor deve levar em consideração outros fatores, tais como a presença de plantas espontâneas na área de cultivo, a ocorrência dos enfezamentos em áreas vizinhas e o histórico de ocorrência da doença na propriedade.

O controle dos enfezamos é dado principalmente pelo controle do vetor (cigarrinha), contudo, cabe destacar que quando for necessário realizar o controle químico da cigarrinha, deve-se utilizar produtos registrados para a cultura seguindo as recomendações técnicas. Consulte um engenheiro(a) agrônomo(a).


Veja também: Oferta escassa prejudica negócios no mercado brasileiro de milho


Referências:

EMBRAPA. CONTROLE DA CIGARRINHA DO MILHO: ENFEZAMENTO POR MOLICUTES E CIGARRINHA NO MILHO. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/controle-da-cigarrinha-do-milho >, acesso em: 19/02/2021.

WAQUIL, J. M. AMOSTRAGEM E ABUNDÂNCIA DE CIGARRINHAS E DANOS DE Dalbulus maidis (DeLong & Wolcott)(Homoptera: Cicadellidae) EM PLÂNTULAS DE MILHO. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v. 26, n. 1, p. 27-33, 1997. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/aseb/v26n1/v26n1a04.pdf >, acesso em: 19/02/2021.

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