A produtividade do milho é composta por distintos componentes diretos e indiretos, sujeitos a interferência da genética, ambiente e fatores bióticos. De acordo com Ribeiro et al. (2020), são considerados componentes primários da produtividade do milho, o número de plantas por área, o número de grãos por espiga e a massa de grãos. Já os principais componentes secundários (indiretos) de produtividade são a estatura de planta, a altura de inserção da espiga e o diâmetro do colmo.

Considerando que a espiga do milho é a estrutura em que ocorre a formação e desenvolvimento dos grãos, sendo portanto, considerada diretamente relacionada com a produtividade da cultura, conhecer a espiga e como é formada, é determinante para embasar práticas que manejo que possam potencializar o rendimento do milho.

A botânica classifica a espiga do milho (Zea mays) como uma inflorescência que abriga as flores femininas. Envolvida por brácteas (conhecidas como palha da espiga), a estrutura possui um eixo central, o ráquis (popularmente chamado de sabugo), onde se encontram os alvéolos que acomodam as espiguetas em pares. Cada espigueta é composta por duas glumas que envolvem duas flores, porém, no milho, apenas uma dessas flores se desenvolve completamente, originando o grão (Ribeiro et al., 2020).

Figura 1. Corte Transversal (A) e longitudinal (B) de espiga de milho. Ilustração: Bruna San Martin Rolim Ribeiro – Equipe FieldCrops.
Fonte: Ribeiro et al. (2020)

Considerando que um dos principais componentes de produtividade do milho apresenta relação direta com a espiga (número de grãos por espiga), é essencial que para a obtenção de boas produtividades, haja o bom desenvolvimento das espigas do milho. Entre outros fatores, o desenvolvimento das espigas de milho é influenciado pelo ciclo de desenvolvimento da planta. Ao longo do ciclo de desenvolvimento do milho, diferentes componentes de produtividade relacionados a espiga são definidos.


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A partir do estágio V3, ocorre a formação de todas as folhas e espigas que a planta irá produzir ao longo do seu desenvolvimento (Magalhães & Durães, 2006). Entre os estágios V6 e V10, define-se o potencial de número de fileiras por espiga, que pode ser influenciado tanto pelo potencial genético quanto por fatores ambientais. Caso a planta enfrente condições de estresse, esse número pode ser reduzido (Ciampitti, Elmore & Lauer, 2016).

No estágio VT (pendoamento), é determinado o potencial de grãos por fileira na espiga. Já em R1 (embonecamento e polinização), inicia-se o processo de polinização, marcando o começo da formação dos grãos.

Tabela 1.  Componentes de produtividade de grãos de milho, fatores que influenciam e as fases de desenvolvimento em que são afetados.
Adaptado: Ribeiro et al. (2020)

Vale destacar que, cada flor da espiga apresenta um estilete e um estigma piloso, que se estendem até o ápice da espiga, formando os estilo-estigmas, popularmente conhecidos como “cabelos do milho” (Ribeiro et al., 2020). Esses cabelos têm a função de conduzir os grãos de pólen até a flor, iniciando o processo de formação do grão, que ocorre de forma sequencial, da base para a ponta da espiga (Ciampitti, Elmore & Lauer, 2016).

A ocorrência de estresses (figura 2) em momentos críticos do desenvolvimento da espiga pode comprometer significativamente a produtividade da lavoura. Entre os principais fatores associados à má formação da espiga e à consequente redução do rendimento do milho, destacam-se o potencial genético do híbrido, a nutrição da planta, a disponibilidade hídrica (figura 3), a densidade de plantio, além da incidência de pragas, doenças e plantas daninhas.

Figura 2. Efeito dos fatores de estresse sobre a produtividade do milho.
Obs.: Potencial máximo da cultura (PM), déficit hídrico (DH), temperatura (T), irradiação (I) e umidade relativa do ar (UR); o estresse severo ocorre quando há a combinação de vários fatores de estresse.
Fonte: Souza & Barbosa (2015)
Figura 3. Comparação entre espiga de milho normal (A) e espiga desenvolvida sob condições de seca (B).
Adaptado: IPNI

Fatores bióticos e abióticos, aliados à interação entre genética e ambiente, desempenham um papel fundamental no desenvolvimento das espigas e, consequentemente, na produtividade do milho. Esse impacto torna-se ainda mais evidente quando a cultura é submetida a estresses durante os estágios críticos de formação dos componentes de produtividade, especialmente aqueles relacionados ao desenvolvimento da espiga. Em suma, o desenvolvimento adequado da espiga é determinante para a produtividade do milho, tornando essencial garantir condições favoráveis para sua formação a fim de maximizar o rendimento da cultura.


Veja mais: Componentes de produtividade ótimos para milho


Referências:

CIAMPITTI, I. A.; ELMORE, R. W.; LAUER, J. FASES DO DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DO MILHO. Kansas State University Agricultural Experiment Station and Cooperative Extension Service, 2016. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3137/$File/MF3305BP-CornGrowth-portuguese_FINAL.pdf >, acesso em: 30/01/2025.

IPNI. SEJA O DOUTOR DO SEU MILHO. International Plant nutrition Institute, Arquivo do Agrônomo, n. 2, 1993. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3137/$File/Seja%20o%20doutor%20do%20milho%20vers%C3%A3o%201.pdf >, acesso em: 14/03/2025.

RIBEIRO, B. S. M. R. et al. ECOFISIOLOGIA DO MILHO: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, 2020.

SOUZA, G. M.; BARBOSA, A. M. FATORES DE ESTRESSE NO MILHO SÃO DIVERSOS E EXIGEM MONITORAMENTO CONSTANTE. Visão Agrícola, n. 13, 2015. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/VA_13_Fisiologia-artigo3.pdf >, acesso em: 14/03/2025.

 

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