A estria bacteriana do milho é uma doença foliar causada pela bactéria Xanthomonas vasicola pv. vasculorum, apesar de sua ocorrência relativamente recente em algumas regiões produtoras de milho ao redor do mundo, tornou-se uma preocupação devido ao difícil controle e à severidade com que pode se manifestar, especialmente em cultivares de milho altamente suscetíveis a doença.
De acordo com Canto et al. (2018), a doença foi constatada pela primeira vez em lavouras de milho, na África do Sul em 1949. Recentemente, atingindo níveis epidêmicos em lavouras de diversas regiões agrícolas nos estados norte-americanos. Na América do Sul, os primeiros registros ocorreram em 2010 em províncias da Argentina. Em 2016, foram identificados sintomas característicos da estria bacteriana em lavouras de milho no Oeste do Paraná e, durante a safrinha 2018, observou-se um aumento na incidência da doença em regiões do Paraná.
Os sintomas iniciais da estria bacteriana do milho, manifestam-se na forma de pequenas pontuações nas folhas, com aproximadamente 2 a 3 mm. A evolução dos sintomas é caracterizada por lesões alongadas e estreitas, circundadas por um halo de cor amarelada, restritas às regiões internervais das folhas. As margens das lesões apresentam um aspecto ondulado, uma característica importante para distinguir a estria bacteriana da doença fúngica conhecida como cercosporiose, causada por Cercospora spp. (Leite Junior et al., 2018).
Figura 1. Lesões de estria bacteriana do milho no tecido foliar: A) lesões iniciais no formato de pequenas pontuações; B) lesões alongadas e estreitas, restritas às regiões internervais.
O pesquisador Madalosso (2018), destaca a importância de distinguir os sintomas causados por Xanthomonas e Cercospora, e uma forma de realizar a diferenciação, é através de um teste simples. Consiste em submergir um pedaço da folha do milho com lesões suspeitas da doença em um copo contendo água, a presença da exsudação, após determinado tempo, indica que os sintomas estão associados a presença da bactéria, proporcionando assim, uma maneira prática de diferenciar entre as lesões provocadas por bactérias e aquelas originadas por fungos.
Figura 2. Exsudação bacteriana de tecido foliar de Zea mays com lesão de estria bacteriana do milho.
Conforme destacam Canto et al. (2018), de maneira geral, as condições que favorecem o desenvolvimento da bactéria são temperaturas elevadas, associadas ao molhamento foliar. Sendo que, a temperatura ótima para seu desenvolvimento situa-se em torno de 28° C, mas com a capacidade de se desenvolver uma faixa entre 10° e 37° C, tais condições tornam o clima do Brasil particularmente propício ao desenvolvimento da bactéria em lavouras de milho. Os autores afirmam que a dispersão da bactéria no ambiente se dá por meio da água e do vento, enquanto a infecção ocorre pela penetração da bactéria em tecidos foliares, principalmente através dos estômatos ou lesões nas folhas.
A bactéria tem a capacidade de sobreviver em restos culturais infectados e, apesar de ainda não existir estudos aprofundados sobre a transmissão do patógeno por meio das sementes, há evidências que indicam a possibilidade de que a bactéria possa ser transmitida por essa via. Além disso, os exsudados bacterianos liberados na superfície de folhas infectadas podem servir como fonte de inóculo secundário no desenvolvimento da doença ao longo do ciclo da cultura. Os danos econômicos decorrentes da estria bacteriana do milho ainda não foram estabelecidos. No entanto, a gravidade dos sintomas pode atingir até 40% da área foliar infectada em híbridos de milho suscetíveis. Os níveis de incidência podem ultrapassar 90% e, apresentar uma severidade superior a 50% da área foliar afetada em híbridos de milho suscetíveis à doença (Leite Junior et al., 2018).
Os pesquisadores Pietrobon et al. (2022), a fim de desenvolver ferramentas que auxiliem na avaliação da doença, através da quantificação e estimativa da de severidade em folhas sintomáticas, desenvolveram e validaram uma escala diagramática para avaliação da severidade de estria bacteriana em milho. Os pesquisadores destacam que a utilização da escala diagramática para avaliar a severidade da doença, mostra-se uma ferramenta confiável, permitindo a quantificação precisa e acurada dos sintomas presentes no tecido foliar das plantas afetadas pela bacteriose.
Figura 3. Escala diagramática desenvolvida para avaliação da severidade da estria bacteriana do milho.
A correta identificação da doença é fundamental para orientar a implementação de medidas de controle. Para o manejo da estria bacteriana, recomenda-se a adoção de estratégias como a rotação de culturas e a eliminação de restos culturais, uma vez que a bactéria pode sobreviver em restos de culturas. Além disso, é essencial controlar potenciais plantas hospedeiras, incluindo as plantas daninhas, e plantas de milho voluntárias durante o período entressafra. A escolha de cultivares menos suscetíveis à doença, sementes de qualidade comprovada, bem como a limpeza de equipamentos para prevenir a disseminação do patógeno, também são medidas indispensáveis para o manejo eficiente da estria bacteriana do milho.
Veja o que o Pesquisador da CCGL, Carlos Pizolotto, fala sobre a estria bacteriana em milho, bem como suas recomendações e dicas sobre medidas de controle da doença.
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Referências:
CANTO, P. et al. ESTRIA BACTERIANA DO MILHO (Xanthomonas vasicola pv. vasculorum). Longping High-Tech, Citic Group, Informe Técnico, ed. 1, ano 1, 2018. Disponível em: < https://lpht-website.s3.sa-east-1.amazonaws.com/website%2Fweb%2Fother%2F20220720%2F1658341287028_web.pdf >, acesso em: 20/11/2023.
LEITE JUNIOR, R. P. et al. ESTRIA BACTERIANA DO MILHO NO PARANÁ. Instituto Agronômico do Paraná, IAPAR. Londrina – PR, 2018. Disponível em: < https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4469378/mod_resource/content/1/Estria%20Bacteriana%20do%20Milho.pdf >, acesso em: 20/11/2023.
MADALOSSO, M. G. ESTRIA BACTERIANA EM MILHO. Madalosso Pesquisas, 2018. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=w_LZHD4138Y >, acesso em: 20/11/2023.
PIETROBON, A. L. et al. ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DE ESCALA DIAGRAMÁTICA PARA AVALIAÇÃO DA ESTRIA BACTERIANA DO MILHO. Revista de Ciências Agroambientais, v. 20, n. 2, 2022. Disponível em: < https://periodicos.unemat.br/index.php/rcaa/article/view/5858/PIETROBON-5858 >, acesso em: 20/11/2023.