A Secretaria da Agricultura de SC, através da Epagri, divulgou em setembro, as previsões das principais culturas de safra para o período 2022/2023. Observa-se um relativo otimismo em produtividade e volume de produção, se comparado com o ciclo anterior. Há que se considerar que na safra passada tivemos estiagem no Sul do país, e em SC a quebra foi expressiva especialmente na produção de milho. Em termos de área plantada, foi pouca a variação, a exceção da soja que continua sendo a menina dos olhos dos agricultores.
Dois fatores têm contribuído para os plantadores ter preferido a soja, em detrimento ao milho. O custo de produção é menor, portanto, demanda menos recursos por hectares, e a liquidez é maior, com mercado garantido, com venda futura, isto é, venda até mesmo antes de plantar, e a disputa é significativa pelo grão. O relatório da Epagri mostra que o aumento de área de soja em SC nessa safra foi de 5 mil hectares, passando de 710 mil para 715 mil hectares, e a produção ampliada passando de 2 milhões e 25 mil, para 2 milhões 610 mil toneladas. A produtividade média deve ser de 3.647 toneladas por hectares, contra 2.853 da última safra.
O milho, o grão de ouro, o queridinho de SC, pelo seu alto consumo na produção de proteína, teve redução de área plantada. Na safra anterior, foram 326 mil hectares, e neste ano, segundo a Epagri, deve chegar a 321.798 hectares. A produção total estimada está em 2 milhões e 724 mil toneladas, 32% superior a safra passada, quando registrou 1,83 milhão de toneladas. A estimativa da segunda safra será lançada em janeiro de 2023. SC já chegou a produzir mais de 3 milhões de toneladas de milho, porém, as sucessivas estiagens, como foi o caso da última safra, e a destinação de áreas de milho grão para milho silagem devido a ampliação da bacia leiteira, tem reduzido a cada ano a produção do grão.
Como nosso consumo é de aproximadamente 8 milhões de toneladas fica explicito o quanto temos que importar de outros estados e países. O que fazer? Nossa estrutura agroindustrial é irreversível. Nossas agroindústrias são top no país. O que precisamos é ampliar a nossa produtividade interna de milho e outros cereais para ração, ampliando os programas de incentivo do governo, e adotar providências, para reduzir os custos para trazer de outros estados e países. Propostas para isso existem, inclusive foram apresentadas pelo setor agro aos candidatos a governador e aos parlamentares; embora tivessem pouca atenção às proposições por parte de alguns candidatos.
O setor espera que os eleitos levem em consideração pelo menos parte dos 20 itens propostos para o setor. Temos problemas de infraestrutura de rodovias, ferrovias e portuárias; temos problemas de armazenagem; temos problemas com as estiagens, e tantos outros que de uma forma ou outra implicam no nosso setor produtivo. Portanto, torcemos que os políticos eleitos considerem o que foi levantado, esquecendo as disputas partidárias e ideológicas, e passem a enfrentar os problemas reais, que se não resolvidos poderão afetar um contingente expressivo de produtores rurais e a toda a economia do Estado e, por consequência, a toda a população. Pense nisso.
Fonte: Fecoagro/SC