As exportações brasileiras para a Liga Árabe podem registrar novo recorde de receita em 2023 na perspectiva da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, que acompanha o comércio com o bloco de 22 países do Oriente Médio e norte africano.
De janeiro a agosto, os embarques brasileiros para a região renderam US$ 12,528 bilhões, avanço de 9,93% na comparação com o mesmo período do ano anterior, com as vendas entrando no último quadrimestre do ano em ritmo estável e sinalizando um possível novo marco.
A entidade também acredita que o comércio deve gerar em 2023 um superávit para o Brasil na casa provável dos US$ 6 bilhões em função do recuo 30,54% das vendas árabes ao país, que no período somaram US$ 6,931 bilhões e foram prejudicadas pela queda nos preços do petróleo e dos fertilizantes, os itens de destaque na pauta árabe.
“A informação mais relevante que os dados trazem é que o comércio Brasil-Liga Árabe está voltando a seu perfil pré-pandêmico, com menos influência da covid-19 e do conflito Rússia-Ucrânia, a produzir nos últimos dois anos desorganização logística e nos custos de várias cadeias produtivas”, afirmou Tamer Mansour em artigo publicado no site da Agência de Notícias Brasil-Árabe, órgão de comunicação da entidade.
Mansour se refere ao fato de que, em 2022, as exportações do Brasil para a Liga Árabe registraram a marca recorde de US$ 17,743 bilhões, mas potencializadas pelo aumento dos preços decorrente do aumento de custos produtivos e logísticos, sem que os agentes do comércio bilateral tivessem necessariamente melhores ganhos.
Para o dirigente, no entanto, esse cenário começou a se reverter em 2023. Segundo ele, os dados mostram que os preços dos principais produtos vendidos por árabes e brasileiros no período janeiro a agosto recuaram em alguns casos na casa dos dois dígitos, mas ainda estão longe de compensar as altas acumuladas desde 2020, quando eclodiu a pandemia.
No caso das proteínas animais, o principal produto brasileiro vendido na Liga, a deflação foi 4,42%. As carnes brasileiras foram negociadas a um preço médio de US$ 2.387,88 a tonelada e indicando que exportadores não tiveram dificuldade de efetivar negociações com parceiros árabes, nem de atender pedidos no Brasil ou no exterior.
O minério de ferro, o terceiro produto brasileiro mais vendido, foi negociado a US$ 98,38 a tonelada, valor 15,81% menor sobre o preço médio praticado entre janeiro e agosto do ano passado, em função da menor demanda global pela commodity, sobretudo por parte da construção civil e do setor siderúrgico chineses.
Os produtos do complexo soja e os cereais, demandados pelas cadeias de proteína animal do Golfo criadas para aumentar a oferta local de alimentos, também registraram deflação. De 6,54%, no caso dos derivados de soja, negociados a US$ 550,50 a tonelada, e de 1,03% nos cereais, cujo preço médio foi de US$ 273,16 a tonelada.
O único produto de peso na pauta brasileira que teve valorização foi o açúcar, vendido de janeiro a agosto a US$ 468,92 a tonelada em média, alta 21,01% sobre o preço praticado no ano anterior, com a maior demanda no Brasil por etanol e ao incentivo do uso do biocombustível para a descarbonização da economia.
O petróleo, o principal produto árabe demandando no Brasil, mesmo com a Arábia Saudita cortando a produção para manter ganhos, registrou recuo de 11,11% no preço médio, negociado a US$ 712,65 a tonelada. A deflação também ocorreu com os fertilizantes, cuja redução média foi de 45,93%, vendidos a US$ 395,27 a tonelada.
Mansour acredita que a redução dos preços desses dois produtos, demandados por várias cadeias do agro brasileiro e com peso relevante na composição de custos do setor, deve favorecer no médio prazo as margens dos exportadores brasileiros.
“O recado dos números é que o comércio Brasil-Liga Árabe está voltando a adquirir seus contornos tradicionais, em bases mais racionais e com boas condições de negociação para ambos os lados atingirem seus objetivos”, destacou o dirigente em seu texto.
Fonte: Assessoria de Imprensa Câmara de Comércio Árabe-Brasileira