O manejo inadequado da cultura é um dos principais fatores que contribuem para a lacuna de produtividade na soja. Nesse contexto, a nutrição das plantas ganha destaque como um pilar fundamental para atingir altas produtividades (Edreira et al., 2017). Um manejo equilibrado da nutrição visa minimizar os desajustes nos processos metabólicos das plantas, evitando que o potencial produtivo da lavoura seja limitado.
Através do projeto Soybean Money Maker foi possível fazer uma análise dos principais fatores que provocam perdas de produtividade na soja, e o manejo nutricional foi identificado como o aspecto mais crítico, seguido pelo uso de fungicidas, inseticidas, escolha da data de semeadura, aplicação de calcário, escolha de cultivares e uso de herbicidas (Figura 1).
Figura 1. Média do nível de importância em % dos fatores de manejo que provocam perda de produtividade das lavouras do Soybean Money Maker na safra 2023/2024 no Brasil.
Uma das principais ferramentas para monitorar a nutrição da soja é o balanço de nutrientes, que avalia a diferença entre os nutrientes aplicados (via adubação do produtor) e a saída dos nutrientes (removidos pela colheita dos grãos). Dessa forma, essa ferramenta visa saber qual o saldo de nutrientes que a lavoura possui após a colheita da soja. O objetivo é alcançar um balanço neutro, onde a quantidade de nutrientes aplicada seja suficiente para atender à demanda da planta sem causar excesso ou deficiência.
Com o balanço, podemos ter resultados negativos, positivos ou neutros. Resultados negativos são indicativos que o produtor pode não estar aplicando nutriente suficiente para atender a demanda da cultura da soja, o que acarreta que o nutriente seja extraído do solo, o que pode comprometer a fertilidade do solo a longo prazo. Em contrapartida, resultados positivos indicam que o produtor pode estar aplicando nutrientes a mais, de forma que esteja acumulado no solo ou perdido para o ambiente.
Figura 2: Balanço de P2O5 e K2O das lavouras participantes do Soybean Money Maker.
De acordo com os dados apresentados, o fósforo (P2O5) tem sido aplicado em excesso na maioria dos casos, enquanto o potássio (K2O) apresenta variações entre saldos negativos e positivos. No entanto, os produtores que demonstram maior eficiência produtiva tendem a estar mais próximos do balanço neutro. Em média, os produtores brasileiros aplicaram 32,82 kg/ha de P2O5 e 25,61 kg/ha de K2O. Diante disso, existe uma necessidade de melhorar o manejo nutricional das lavouras de soja do Brasil (Figura 2).
O produtor que se destacou em sustentabilidade no Soybean Money Maker, a nível nacional, está localizado no município de Itaberá/SP. Um aspecto interessante de seu manejo foi a utilização de adubação sistêmica na cultura de inverno (trigo), aliada a uma adubação eficiente na safra de verão. Esse equilíbrio permitiu que ele atingisse saldos de nutrientes muito próximos à neutralidade, com 7,1 kg/ha de P2O5 e 14,12 kg/ha de K2O.
Em suma, a nutrição adequada da soja é essencial para alcançar altas produtividades de maneira sustentável. Um balanço de nutrientes bem gerido pode não apenas aumentar a produtividade, mas também preservar a saúde do solo e reduzir impactos ambientais. Portanto, há uma necessidade crescente de aprimorar o manejo nutricional nas lavouras de soja no Brasil, com foco em otimizar o uso de insumos e garantir o equilíbrio entre produtividade e sustentabilidade.
Referências bibliográficas
Dalla Nora, Marcos et al. Soybean Money Maker: a revolução da sustentabilidade na lavoura de soja. 4. ed. Santa Maria, 2024.
Tagliapietra, Eduardo L. et al. Ecofisiologia da soja: visando altas 2. ed. Santa Maria, 2022.