O milho é uma cultura de verão que apresenta aptidão tanto para cultivo na safra quando na modalidade de safrinha (segunda safra) em algumas regiões, sendo assim uma interessante cultura para integrar o sistema de rotação de culturas. Entretanto, assim como para as demais culturas agrícolas, pragas e doenças podem incidir sobre a cultura do milho, reduzindo sua produtividade e depreciando grãos e sementes.
Uma dessas doenças é a Ferrugem Polissora do milho, causada pelo fungo Puccinia polysora essa é uma das principais doenças da cultura. A doença apresenta desenvolvimento facilitado sobre condições de elevada umidade relativa do ar e temperaturas entre 23 e 28°C (Costa et al., 2010). Sob condições de elevado desenvolvimento da doença, a ferrugem polissora pode reduzir em mais de 50% a produtividade do milho (Costa; Silva; Costa., 2015).
Como sintoma típico de uma ferrugem, na ferrugem polissora é possível observar o surgimento de pústulas. As pústulas da ferrugem polissora são pequenas, de formato circular a elíptico. Os uredósporos e as pústulas têm coloração variável de amarelo a dourado; em fases mais avançadas surgem pústulas marrom escuras, devido à formação dos teliósporos (Grigolli & Grigolli, 2019). O ciclo de infecção da ferrugem polissora pode ser observado na figura 2.
Figura 1. Sintomas típicos de ferrugem polissora em milho.
Figura 2. Ciclo de infecção da ferrugem polissora em milho (Puccinia polysora).
Além de danificar as folhas de milho causando redução da sanidade da cultura, em casos mais extremos a ferrugem polissora pode desencadear “seca” precoce das folhas de milho, reduzindo sua área fotossinteticamente ativa e com isso reduzir a produção de fotoassimilados e produtividade da cultura.
Figura 3. Seca precoce de folhas de milho devido a alta incidência de ferrugem polissora.
Tendo em vista o elevado grau de danos ocasionados pela doença, é essencial buscar alternativas que possibilitem o manejo e controle eficiente da ferrugem polissora do milho, possibilitando a manutenção da sanidade da cultura e obtenção de boas produtividades de milho, sendo uma dessas alternativas, a utilização de fungicidas.
Ainda que tradicionalmente a utilização de fungicidas em milho não seja tão abrangente, a elevada pressão de inóculo de doenças fúngicas e seus danos à cultura vem demonstrando que o manejo fitossanitário utilizando fungicidas passa a ser essencial para a obtenção de boas produtividades de milho, especialmente em lavouras de elevado nível tecnológico.
Contudo, para um manejo eficiente da ferrugem polissora é preciso conhecer as opções de produtos disponíveis bem como sua eficiência de controle da doença. Avaliando a eficiência de diferentes fungicidas no controle da ferrugem polissora no milho, um ensaio foi realizado pela Fundação MS na safrinha de milho 2019. Os fungicidas avaliados no ensaio estão apresentados na tabela 1. As aplicações de fungicidas ocorreram em V8, pré-pendoamento e 15 dias após.
Tabela 1. Produto comercial, dosagem (ml.ha-1) e ingrediente ativo dos fungicidas utilizados no experimento de controle de ferrugem polissora em plantas de milho.
Conforme destacado por Grigolli & Grigolli (2019), os resultados obtidos de eficiência de controle de ferrugem polissora indicaram que Ativum (800 ml.ha-1) apresentou valor de aproximadamente 90% de controle, enquanto Fox (400 ml.ha-1), Fusão + Approve (725 + 600 ml.ha-1; 580 + 1000 ml.ha-1; e 725 + 1000 ml.ha-1), Orkestra (300 ml.ha-1), Elatus (200 ml.ha-1), Authority + Zignal (500 + 500 ml.ha-1), Vessarya (600 ml.ha-1) e Fox Xpro (500 ml.ha-1) apresentaram valores acima de 80% de controle (Grigolli & Grigolli., 2019).
Figura 4. Eficiência (%) de controle de ferrugem polissora por diferentes fungicidas em plantas de milho.
Cabe destacar que os resultados apresentados por Grigolli & Grigolli (2019) são oriundo das condições do presente estudo, sendo que possível variações podem vir a ocorrem em decorrência da distintas condições de manejo e ambiente, entretanto esses resultados podem auxiliar técnicos e produtores no posicionamento de produtos visando o manejo e controle da ferrugem polissora. Além do uso de fungicidas, práticas como a rotação de culturas e a utilização de cultivares resistentes ou tolerantes a doença são essenciais para o manejo de doenças em milho. Com relação a utilização de fungicidas, por se tratar de uma doença fúngica recomenda-se realizar as aplicações de forma preventiva a ocorrência da doença, evitando sua disseminação e maiores danos à cultura do milho.
Veja mais: Enfezamento no milho, cuidados essenciais especialmente para safrinha
Referências:
COSTA, R. V. et al. EPIDEMIAS SEVERAS DA FERRUGEM POLISSORA DO MILHO NA REGIÃO SUL DO BRASIL NA SAFRA 2009/2010. Embrapa, Circular Técnica, n. 138, 2010. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/25534/1/Circ-138.pdf >, acesso em: 20/04/2021.
COSTA, R. V.; SILVA, D. D.; COSTA, L. V. REAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO À FERRUGEM POLISSORA EM CASA DE VEGETAÇÃO. Embrapa, Circular Técnica, n. 214, 2015. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1038446/1/circ214.pdf >, acesso em: 20/04/2021.
GREGORIN, I. R. S.; PEREIRA, H. L. SINTOMAS E MANEJO DA FERRUGEM POLISSORA NA CULTURA DO MILHO. Blog Agronegócio em Foco, 2018. Disponível em: < http://www.pioneersementes.com.br/blog/142/sintomas-e-manejo-da-ferrugem-polissora-na-cultura-do-milho#:~:text=A%20Ferrugem%20Polissora%20 >, acesso em: 20/04/2021.
GRIGOLLI, J. F. J.; GRIGOLLI, M. M. K. DOENÇAS DO MILHO SAFRINHA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Milho Safrinha 2019, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/355/355/5ebc465a209643ac0082061b6d59af5ce7e8dfee7d1cf_04-doencas-do-milho-safrinha-somente-leitura-.pdf >, acesso em: 20/04/2021.