O nitrogênio (N) é o macronutriente mais requerido pela maior parte das culturas agrícolas, sendo aportado via fixação biológica de nitrogênio (FBN) ou via fertilizantes nitrogenados em culturas que não possuem a capacidade de realizar a FBN. Por se tratar de um macronutriente essencial, é indispensável para a obtenção de altas produtividades em culturas como trigo e milho, culturas essas, altamente responsivas a adubação nitrogenada.
Dessa forma, seja em linha ou a lanço, o uso de fertilizantes nitrogenados é fundamental para a boa produtividade da lavoura, sendo indispensável atentar para a época de aplicação, fertilizante utilizando e forma de aplicações, bem como a quantidade aplicada.
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Por apresentar grande concentração de nitrogênio e facilidade de manipulação, a ureia é um dos fertilizantes nitrogenados mais comuns empregados na agricultura. Entretanto, perdas de nitrogênio podem ser observadas em decorrência do uso desse fertilizante.
Dentre as possíveis perdas de nitrogênio no sistema podemos destacar a perda por escoamento superficial, volatilização e lixiviação do N. Para reduzir as perdas da adubação nitrogenada, é preciso levar em consideração fatores como textura do solo, presença ou ausência de restos culturais, umidade do solo, possibilidade de chuvas e a fonte de N. As perdas por volatilização são maiores com ureia do que com fontes amoniacais ou nítricas, principalmente se o solo estiver úmido e não chover em seguida. Quando a fonte de N é a ureia, as perdas são maiores quando a aplicação ocorre em solo úmido e não ocorre chuva nos dias seguintes, já quando a ureia é aplicada em solo seco (em cobertura) e posteriormente chove, as perdas são menores (Souza, 2018).
Tendo em vista que a aplicação de elevadas doses de nitrogênio pode contribuir para o aumento das perdas de N, o parcelamento da adubação nitrogenada é uma das estratégias para potencializar a utilização do insumo pelas plantas e reduzir perdas de nitrogênio no sistema. Além disso, existem algumas tecnologias que contribuem para que os padrões de liberação do nitrogênio sejam mais lentos, a exemplo dos fertilizantes de liberação lenta.
Normalmente, os fertilizantes de liberação lenta, fontes de N, são constituídos por fertilizantes nitrogenados (principalmente ureia), recobertos por polímeros e/ou outros materiais, os quais possibilitem a redução das perdas de nitrogênio no sistema, principalmente por volatilização. Almeida (2016) enfatiza haver significativas reduções das perdas de nitrogênio por volatilização em função do uso de fertilizantes recobertos (ureias de eficiência aumentada e/ou de liberação lenta). Pode-se dizer que o uso dos fertilizantes protegidos reduz as perdas por volatilização da amônia quando comparado com a ureia comum (Almeida, 2016).
O autor ainda destaca que, o uso de fertilizantes nitrogenados recobertos por polímeros reduz significativamente a emissão de N2O (óxido nitroso) no processo de desnitrificação, contribuindo para mitigar a emissão de gases do efeito estufa, reduzindo as perdas de nitrogênio no sistema de produção e aumentando a sustentabilidade do cultivo.
Embora naturalmente os fertilizantes de liberação lenta possam representar custo superior a ureia comum, em algumas situações o uso desses fertilizantes pode contribuir para o manejo nutricional de culturas agrícolas, potencializando o uso de nitrogênio pela planta por apresentar liberação gradual, além de reduzir as perdas de nitrogênio no sistema solo, planta, atmosfera.
Referências:
ALMEIDA, R. E. M. FERTILIZANTES DE EFICIÊNCIA AUMENTADA: USO DE UREIA DE LIBERAÇÃO CONTROLADA OU COM INIBIDORES EM SISTEMAS AGRÍCOLAS SUSTENTÁVEIS. Embrapa, Documentos, n. 28, 2016. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1056527/1/CNPASA2016doc28.pdf >, acesso em: 07/06/2022.
SOUZA, L. O GUIA COMPLETO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA PARA ALTAS PRODUTIVIDADES. Instituto Agro: Excelência no Agronegócio, 2018. Disponível em: < https://institutoagro.com.br/adubacao-nitrogenada/ >, acesso em: 07/06/2022.
Foto de capa: Divulgação Wirstchat