A molécula de fluopyram já é bem conhecida e outros países como na Europa, EUA e Austrália. No Brasil, depois de um longo tempo de pesquisas, finalmente ganhou registro para controle de mofo-branco e também nematoides em diversas culturas. Segundo informações do MAPA, se trata de uma molécula menos tóxica comparada às já existentes no mercado. Um fator que contribui para isso são as doses mais baixas que serão recomendadas do produto, que reflete em menos produto aplicado e menos embalagens descartadas. 

Na modalidade de pulverização em parte aérea, o mofo-branco é a doença-alvo até o momento  (MAPA, 2020). O fluopyram se mostra altamente eficaz frente a esse alvo e é nova opção para controle na cultura da soja, algodão e feijão. No manejo de nematoides será recomendado ou no tratamento de sementes ou via sulco de plantio.

Figura 1. Mofo-branco na soja. Fonte: Meyer, M (Embrapa)

Como atua o fluopyram

Fluopyram é um fungicida pertencente ao grupo químico das benzamidas, tendo como mecanismo de ação a inibição da enzima succinato desidrogenase na respiração do fungo (C2), bloqueando a síntese de ATP. Esse mecanismo é o mesmo que ocorre para as carboxamidas, como a boscalida, que é também bastante utilizada no controle de mofo-branco.

Conhecer o mecanismo de ação é muito importante para o planejamento das aplicações, visando rotacionar produtos e reduzir o risco para ocorrência de resistência. 

Fluopyram é um fungicida sítio-específico com médio/alto risco para resistência (FRAC, 2019). Seguir as recomendações de uso se torna muito importante para a longevidade do produto. 

Época e intervalo de aplicação

Conforme informações disponíveis em Bula do produto (MAPA, 2020), o fluopyram deverá ser aplicado de forma preventiva, sendo 1ª aplicação na fase final do estádio vegetativo, com a presença da primeira flor em algumas plantas. Realizar a 2ª aplicação, também de forma preventiva, com 10 a 14 dias de intervalo. Em cultivares com períodos muito longos de floração, poderão ser necessárias mais aplicações. Neste caso, deve-se utilizar fungicida com mecanismo de ação diferente de fluopyram, como forma de prevenir o surgimento de resistência do fungo. Em condições de alta pressão da doença, utilizar a maior dose (0,4 L.ha-1) e o intervalo de aplicação menor (10 dias).  

Adicionar adjuvante à base de óleo metilado de soja na dose de 0,3 L/ha quando utilizar a dose de 0,3 L/ha do fungicida e a dose de 0,4 L/ha quando utilizar a dose de 0,4 L/ha do fungicida.

Esse fungicida deverá ser utilizado em um máximo de 2 aplicações por ciclo da cultura.



Desempenho no controle de mofo-branco 

A Embrapa vem já a alguns anos sumarizando resultados de controle do fluopyram sobre mofo-branco na soja. Os resultados de controle da safra 2017/18 são apresentados abaixo na Tabela 1. Nota-se que o fluopyram fica entre os fungicidas mais eficientes no controle e que proporcionou elevada produtividade. Nota-se ainda significativo efeito na redução da massa de escleródios. 

Tabela 1. Incidência, controle relativo, produtividade da soja, redução de produtividade (Redução Produtiv.), massa de escleródios produzidos e redução da produção de escleródios (Redução M. Esc.) em função dos tratamentos fungicidas utilizados nos ensaios cooperativos de controle de mofo-branco em soja, na safra 2017/18. Fonte: Meyer et al. (2018)

Dessa forma, o produtor rural poderá buscar por essa molécula como nova opção de manejo de mofo-branco na soja, algodão e feijão especialmente como ferramenta para rotacionar com outros mecanismos de ação.

Sobre o Autor: Leandro N. Marques, Eng. Agrônomo formado na UFSM. Mestrado e Doutorado em Agronomia, na área da fitopatologia (UFSM). Atualmente é professor de fitopatologia na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ).

 

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