Uma das plantas daninhas mais presentes no sistema de produção de soja é buva. Essa invasora apresenta rápido crescimento e desenvolvimento, o que atrelado a elevada produção de sementes e fácil disseminação delas, contribui para constante presença da buva em diversas áreas de cultivo. Dentre as principais espécies dessa daninha, destacam-se a Conyza bonariensis, a Conyza canadenses e a Conyza sumatrensis.

Independentemente da espécie, sob matocompetição com a soja, a buva pode reduzir significativamente a produtividade da cultura. Resultados de pesquisas realizadas pelo grupo Supra Pesquisa, demonstram que a densidade populacional de uma planta de buva por metro quadrado pode resultar em perdas de produtividade de até 14% em soja. A medida em que há o acréscimo da densidade populacional da planta daninha, tem-se o aumento da redução da produtividade da soja.

Além disso, conforme observado por Gazziero et al. (2010), a presença de plantas de buva na cultura da soja, interfere não só na produtividade da soja, mas também na qualidade dos grãos, afetando a classificação comercial da soja, chegando a aumentar a umidade dos grãos em percentuais que variaram de 2 a 7% e a impureza de 1,8% a mais de 6% dependendo do nível de infestação.

Atualmente, diversos casos de resistência da buva são relatados no Brasil, incluindo o caso mais recente, em que foi identificada resistência múltipla de Conyza sumatrensis a cinco mecanismos de ação distintos (Tabela 1). A resistência dessa espécie a herbicidas de diferentes mecanismos de ação dificulta o controle químico da buva, especialmente na pós-emergência da soja.

Tabela 1. Casos de resistência de buva encontrados no Brasil.

Fonte: Albrecht & Albrecht (2021)

Embora tenhamos biotecnologias como a soja LibertLink e a soja Enlist E3, que conferem tolerância ao herbicida glufosinato de amônio na pós-emergência da soja, atuando como ferramentas de manejo para o controle pós-emergente da buva utilizando esse herbicida, vale destacar que dependendo da intensidade da infestação e principalmente do estádio de desenvolvimento da buva, somente a aplicação desse herbicida pode não ser suficiente para o controle de plantas daninhas de grande porte.

Em vídeo, o Professor e Pesquisador Alberto Albrecht destaca que, em função das condições ambientais, favoráveis ao desenvolvimento da buva, tem-se observado fluxos de germinação dessa planta daninha, resultando em plantas remanescentes de buva em meio a cultura da soja, em sua pós-emergência. Tal fato é atribuído principalmente ao elevado volume de chuvas nas regiões Sul do País, mas também a demora no fechamento das entrelinhas nas demais regiões produtoras, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Norte, assoladas pelo baixo volume de chuvas.

Conforme observado por Yamashita & Guimarães (2011), as sementes de buba necessitam de luz para germinar, ou seja, são consideradas fotoblásticas positivas. Sendo assim, em condições de baixa cobertura do solo, e/ou baixo sombreamento proporcionado pelo fechamento das entrelinhas, e, tendo condições de luminosidade, umidade e temperatura, as sementes de buva tendem germinar, dando origem a novos fluxos de emergência dessa planta daninhas.


Veja mais: Importância da Cobertura do Solo no Controle de Buva


Considerando que uma única planta de buva pode produzir mais de 100mil sementes durante seu ciclo (Kaspary, 2014), falhas no manejo pré-semeadura podem resultar em um significativo aumento do número de sementes no banco de sementes no solo. A situação fica mais agravante se tratando de populações com resistência a herbicidas.
Sendo assim, estratégias de manejo como a rotação de culturas, a boa cobertura do solo e o emprego de herbicidas pré-emergentes são essenciais para reduzir as infestações de buva.

Confira o vídeo abaixo com as dicas do Professor e Pesquisador Alfredo Albrecht.


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Referências:

ALBRECHT, A. J. P.; ALBRECHT, L. P. MAPEAMENTO DA BUVA (Conyza spp.) COM RESISTÊNCIA A HERBICIDAS. Informe Técnico, Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas -HRAC – BR, 2021. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/1z8bw67vkeWifv-QhU1aIUqSu-sQe0O7T/view >, acesso em: 17/01/2024.

GAZZIERO, D. L. P. et al. INTERFERÊNCIA DA BUVA EM ÁREAS CULTIVADAS COM SOJA. XXVII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas 19 a 23 de julho de 2010, 2010. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/862142/1/31176.pdf >, acesso em: 17/01/2024.

KASPARI, T. E. CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA E FISIOLÓGICA DE BUVA (Conyza bonariensis L.) RESISTENTE AO HERBICIDA GLYPHOSATE. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Maria, Campus de Frederico Westphalen, 2014. Disponível em: < https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/4922/KASPARY%2c%20TIAGO%20EDU.pdf?sequence=1&isAllowed=y >, acesso em: 17/01/2024.

YAMASHITA, O.M.; GUIMARÃES, S.C. GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Conyza canadensis E Conyza bonariensis EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE TEMPERATURA E LUMINOSIDADE. Planta Daninha, v. 29, n. 2, p. 333-342, 2011. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pd/a/4tfpXDcshgRdVWj5d4DpxVt/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 17/01/2024.

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