Autores: 1Mateus Bordignon; 2Gustavo Bittencourt, 3Virgínia Helena de Azevedo, 4Patrícia Helena de Azevedo, 5Pedro Morosov Alonso, 6Vitor Sthevan Mendes da Silva, 7João Victor da Silva Dias.
Introdução
A produção de soja (Glycine max L.) no Brasil, na safra de 2019/2020 foi aproximadamente 120,4 milhões de toneladas, sendo o Brasil o segundo maior produtor da oleaginosa. Mato Grosso, destaca-se como maior produtor da cultura no Brasil, alcançando produtividade de 3.542 kg ha-1 (Conab 2020).
A produção expressiva da cultura está atrelada as modernas práticas de manejo atendendo a demanda do setor produtivo com sementes de alta qualidade, associada a tratamentos com a mistura de produtos, principalmente químicos (fungicidas e inseticidas), fertilizantes minerais, inoculantes e bioestimulantes.
Entre os produtos utilizados no tratamento de sementes (TS), os fertilizantes minerais têm ganhado relevante espaço e importância, principalmente aqueles que contém em sua formulação os micronutrientes Cobre, Zinco, Molibdênio e Cobalto. A utilização desses nutrientes no TS possibilita que o produtor realize a adubação de manutenção, total ou parcial, logo no início da implantação da cultura, permitindo maiores ganhos, uma vez que, aumenta o potencial das plântulas com melhor arranque logo no início de desenvolvimento.
Outros produtos que se destacam nos TS são os bioestimulantes, geralmente compostos por dois ou mais reguladores vegetais, aminoácidos, nutrientes e/ou vitaminas. Esses, auxiliam no equilíbrio hormonal das plantas e atuam na degradação das substâncias de reservas das sementes, no alongamento, na diferenciação e na divisão celular (Castro e Vieira, 2001).
Considerando esses fatores, o trabalho teve como objetivo avaliar um fertilizante mineral e um bioestimulante aplicados em diferentes tratamentos isolados ou em mistura a fim de avaliar a qualidade fisiológica de sementes de soja.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado no Laboratório de Recursos Genéticos da Universidade Federal do Mato Grosso – Campus Cuiabá. Foi avaliada a qualidade fisiológica de sementes de soja tratadas com bioestimulante Vital (hormonal) e Icon ZMC Plus (fertilizante mineral).
Todos os tratamentos, exceto T1 foram submetidos a inoculação com o TotalNitro, que apresenta a concentração de 5×109 UFC/ml de Bradyrhizobium japonicum sendo utilizadas duas doses do produto. Cada dose equivalente a 100mL ha-1
As sementes foram tratadas com fungicida e inseticida Standak® Top) na dose de 100mL ha-1. O produto contém fungicida e inseticida de ação protetora (Piraclostrobina) do grupo químico das Estrobilurinas, sistêmico (Tiofanato Metílico) do grupo químico do Benzimidazol e de contato (Fipronil) do grupo químico Pirazol.
Posteriormente, as sementes foram tratadas com o Vital, bioestimulante de extrato de algas constituído de fósforo (P2O5), cobalto (Co) e molibdênio (Mo), todos na concentração de 1% p/v e com Icon ZMC Plus, produto nutricional constituído de nitrogênio (2,50 p/v%), cobre (30,09 p/v%), molibdênio (8,36 p/v%) e zinco (61,44 p/v%) (Prime Agro, 2019). Na Tabela 1 estão apresentados os tratamentos avaliados no experimento.
No experimento foram utilizadas sementes da cultivar M8372 IPRO com alta produtividade, grupo de maturidade 8.3, tipo de crescimento determinado com ciclo estimado de 115 a 120 dias, população variando de 180 a 240 mil plantas por hectares (Monsoy, 2019).
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com seis tratamentos e quatro repetições.
Após o tratamento das sementes foram feitos os testes: 1. Germinação – com quatro repetições de 50 sementes para cada tratamento em papel germitest umedecido com água na proporção de 2,5 vezes a massa do papel seco. Os rolos foram acondicionados em sacos plásticos e mantidos em germinador do tipo B.O.D. à temperatura constante 30°C, sendo a contagem total de sementes germinadas obtida após oito dias. Os dados foram expressos em porcentagem; 2. Primeira contagem de germinação – foi realizada concomitante ao teste de germinação, sendo feita a contagem do número de sementes germinadas aos cinco dias. Os dados foram expressos em porcentagem; 3. Massa fresca e massa seca das plântulas – utilizadas 10 plântulas de cada repetição e tratamento para obtenção da massa fresca em balança analítica, e posteriormente submetidas à secagem em estufa à 65°C por 24h para determinação da massa seca de plântulas. 4. Emergência em leito de areia – com quatro repetições para cada tratamento. As sementes foram dispostas em bandejas plásticas contendo areia esterilizada. Após oito dias foi feita a contagem da emergência de plântulas. Os dados foram expressos em porcentagem. Os testes foram realizados seguindo a regra para análise de sementes (Brasil, 2009).
Os dados foram submetidos a análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Os resultados da análise da qualidade fisiológica das sementes encontram-se na Tabela 2. Os coeficientes de variação foram baixos para todas as variáveis, indicando boa precisão experimental.
Independente do tratamento utilizado, as sementes de soja apresentaram percentual de germinação acima dos padrões exigidos para comercialização estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa, 2013) que é 85%, indicando que as sementes possuem boa qualidade fisiológica.
A primeira contagem de germinação é considerada como teste de vigor, uma vez que sementes que germinam mais rápidas e uniformes são consideradas mais vigorosas Nakagawa (1999). No presente trabalho a primeira contagem de germinação coincidiu com a germinação final, mostrando elevado vigor das sementes, independente do tratamento utilizado.
O tratamento das sementes de soja com Standak Top foi superior na primeira contagem de germinação e germinação final aos tratamentos envolvendo a mistura do Vital mais Icon ZMC Plus. No entanto, não diferiu estatisticamente da testemunha e do tratamento com Vital ou Icon ZMC Plus isolados. Acredita-se que a mistura dos produtos possa ter afetado a capacidade das sementes em germinar. Mesmo com a redução na germinação ocasionada pela mistura dos produtos, os valores foram elevados com 94% de germinação final.
Cunha et al. (2015) avaliando a qualidade fisiológica de sementes de soja observaram que nos tratamentos utilizando o Standak Top®, não houve redução na germinação e vigor das sementes, mantendo a qualidade fisiológica, genética e sanitária das sementes.
Para massa fresca e seca de plântulas, não houve diferenças significativas entre os tratamentos. Almeida et al. (2014) utilizando bioestimulante na produção de feijão, não encontraram diferenças significativas para as variáveis de massa seca e fresca da parte aérea, de raiz e total em nenhum dos tratamentos avaliados.
Na emergência em leito de areia verificou-se que a testemunha apresentou melhor resultado comparada aos tratamentos envolvendo a mistura do Vital + Icon ZMC Plus, mas não diferiu significativamente dos demais tratamentos. Houve redução na emergência, comparada à germinação, fator já esperado, pois segundo Brasil (2009), os valores de emergência diferencem dos de germinação devido as condições que são submetidas as sementes, já que no papel Germitest a germinação ocorre em ambiente controlado com umidade e temperatura visando garantir as condições ideais para que as sementes possam expressar seu máximo potencia (Brasil, 2009).
Conclusões
O tratamento de sementes de soja com Vital ou Icon ZMC Plus isolados mantém a qualidade fisiológicas das sementes.
A Massa fresca e massa seca de plântulas não são afetadas pelo tratamento de sementes com bioestimulante e fertilizante mineral.
Referências
ALMEIDA, A. Q. et al. Nodulação, aspectos bioquímicos, crescimento e produtividade do feijoeiro em função da aplicação de bioestimulante. Semina:Ciências Agrárias, Londrina, v. 35, n.1, p. 77 88, 2014.
BRASIL, Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 2009. 399p.
CASTRO, P. R. C.; VIEIRA, E. L. Ação de bioestimulante na germinação de sementes, vigor das plântulas, crescimento radicular e produtividade de soja. Revista Brasileira de Sementes, São Paulo, v. 23, n. 2, p. 2- 228, 2001.
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). Acompanhamento da safra brasileira de grãos. V.7 – Safra 2019/2020. N.9, nono levantamento. Junho de 2020.
CUNHA, R. P. D., CORRÊA, M. F., SCHUCH, L. O. B., OLIVEIRA, R. C. D., JUNIOR, A., DE SOUZA, J., SILVA, J.D.G.; ALMEIDA, T. L. D. Different treatments of seeds on the development of soybean plants. Ciência Rural, v. 45, n. 10, p. 1761- 1767, 2015.
MAPA. Instrução Normativa Nº 45, De 17 de Setembro de 2013. Publicado na seção 1 do DOU Nº 243 de 20.12.05. Disponível em: http://www.agricultura.pr.gov.br/arquivos/File/PDF/padroes_milho.pdf. Acesso em 02/07/2020.
MONSOY. Variedade monsoy/M8372-IPRO 2019. Disponível em: <http://www.monsoy.com.br/variedades_2_monsoy/m8372-ipro/>.Acesso em: 02 de julho de 2020.
NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados na avaliação das plântulas. In: VIEIRA, R.D.; CARVALHO, N.M. Testes de vigor em sementes. Jaboticabal: FUNEP, 1999. p.49-85.
PRIME AGRO. Site. Produtos. Disponível em: https://primeagro.com.br/site/produtos.html?lang=pt&categorieId=1. Acesso em 02 jul. 2020.
Informações sobre os autores:
- 1 Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). E-mail: mateus-bor@hotmail.com
- 2 Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). E-mail: gustavobittencourtmt@gmail.com
- 3 Professora Doutora, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). E-mail: azevedovh@yahoo.com.br
- 4 Professora Doutora, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). E-mail: patriciaazevedo@ufmt.br
- 5 Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). E-mail: pedro.alonso.1@hotmail.com
- 6 Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). E-mail: victor.sthevan@outlook.com
- 7 Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). E-mail:joaovictor3@gmail.com