A biotecnologia de tolerância ao glifosato, Roundup Ready® (RR), proporcionou uma revolução no manejo de plantas daninhas em culturas como soja e milho. O uso do glifosato como herbicida pós-emergentes, com amplo espectro de ação, tem proporcionado um melhor posicionamento no controle pós-emergente de espécies daninhas, sendo amplamente utilizado em lavouras comerciais.
Se tratando da cultura do milho, o uso criterioso do glifosato em híbridos considerados tolerantes é determinante para reduzir efeitos indesejados ou danos à cultura. Seguir as orientações de manejo, especialmente com relação ao posicionamento do herbicida, dose e tecnologia de aplicação é crucial para o sucesso do manejo das plantas daninhas e reduzir efeitos indesejados na cultura.
Embora maiores estudos necessitem ser observados, sabe-se que em determinadas cultivares de soja e híbridos de milho, o uso do glifosato pode ocasionar efeitos indesejados nas plantas, afetando parte aérea e sistema radicular. Os danos variam de acordo com o nível de tolerância da cultivar e/ou híbridos. Em muitos casos, os danos ocasionados pelos uso do glifosato na pós-emergência não expressam significância econômica, não impactando a produtividade da cultura, desde que as recomendações de uso do herbicida sejam seguidas.
De acordo com Albrecht et al. (2014), entre os estudos que avaliaram a influência do glifosato sobre milho RR, alguns relataram efeitos indesejáveis após a aplicação de diferentes formulações do herbicida. Entre esses impactos, destacam-se alterações nos teores de nutrientes foliares, redução da taxa fotossintética e da condutância estomática, prejuízos ao desenvolvimento radicular e, em casos mais severos, redução da produtividade de grãos. Resultados parciais com milho RR2 indicaram uma tendência de diminuição da clorofila A e B nas folhas (caracterizando visualmente a clorose), com o aumento das doses de glifosato.
Embora ainda haja relativa escassez de informações sobre os efeitos do glifosato no desenvolvimento radicular do milho, um estudo conduzido por Oliveira Neto et al. (2012) investigou o impacto do herbicida, aplicado isoladamente ou em mistura com atrazina, sobre o desenvolvimento inicial das plantas. Essa avaliação forneceu importantes evidências acerca das possíveis implicações do glifosato na fase inicial de crescimento do milho.
Com base nos resultados observados pelos autores, a parte aérea das plantas de milho cultivar (2B688 HR) não sofreu influência significativa do glifosato, dentro do intervalo de doses analisadas, contudo, o acúmulo de massa seca pelas raízes do milho foi prejudicialmente afetado pelo aumento na dose de glifosato, de modo que o incremento de um grama do equivalente ácido promoveu a redução de 0,0069 gramas de massa seca nas raízes (figura 1 – A). A dose de 480 g ha-1 de glifosato já proporcionou uma redução na massa seca das raízes de 10,0%, enquanto que a maior dose avaliada promoveu uma redução de mais de 50,0% nos valores de massa seca das raízes, indicando que para a variável massa seca das raízes, todos os tratamentos que continham o glifosato isolado ou em mistura com atrazina afetaram o desenvolvimento das raízes (Oliveira Neto et al., 2012).
Figura 1. Dose resposta de glyphosate (glifosato) em milho RR para a variável-resposta Massa seca das raízes (A), Massa seca da parte aérea (B), Altura de plantas (C) e diâmetro de colmos (D) aos 14 dias após a aplicação dos tratamentos.

Vale destacar que, embora Oliveira Neto et al. (2012) tenham observado redução da massa de raízes em função do uso de glifosato, esse efeito pode variar conforme a cultivar. Híbridos com maior tolerância genética tendem a apresentar danos mínimos ou até mesmo ausência de sintomas após a aplicação do herbicida. Ainda assim, independentemente do nível de tolerância do híbrido, é fundamental que as recomendações técnicas de uso do glifosato sejam rigorosamente seguidas, a fim de mitigar potenciais efeitos indesejáveis sobre o desenvolvimento das plantas. Além disso, é necessário que maiores estudos sejam realizados a fim de verificar o real impacto do uso do glifosato no desenvolvimento das raízes de milho, especialmente em híbridos modernos.
Confira o estudo completo desenvolvido por Oliveira Neto e colaboradores (2012) clicando aqui!
Referências:
ALBRECHT, A. J. P. et al. O MILHO RRS E O GLYFOSATE: UMA REVISÃO. Revista Brasileira de Herbicidas, 2014. Disponível em: < https://repositorio.usp.br/directbitstream/18429fee-8e76-49b1-8b8e-1b5cf45f1185/3112622-O_milho_RR2_e_o_glyphosate….pdf?utm_source=chatgpt.com >, acesso em: 08/12/2025.
OLIVEIRA NETO, A. M. et al. INFLUÊNCIA DO GLYFOSATE ISOLADO OU EM MISTURA COM ATRAZINE SOBRE O DESENVOLVIMENTO INICIAL DO MILHO RR. XXVII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas na ERA da Biotecnologia, 2012. Disponível em: < https://www.sbcpd.org/uploads/trabalhos/influencia-do-glyphosate-isolado-ou-em-mistura-com-atrazine-sobre-o-desenvolvimento-inicial-do-milho-rr-157.pdf >, acesso em: 08/12/2025.





