Tanto na produção de sementes como de grãos de soja, a dessecação em pré-colheita pode ser utilizada com o intuito principalmente aumentar a uniformidade da lavoura e antecipar a colheita da cultura. Se realizada de forma adequada, essa prática de manejo pode proporcionar antecipação da colheita em até quadro dias, sem prejuízos as sementes (França-Neto et al., 2016), entretanto, para garantir a ausência de danos, algumas orientações necessitam ser seguidas, a fim de garantir a qualidade das sementes produzidas.

Em comparação a produção de grãos, a produção de sementes se difere principalmente pelo nível de cuidado e práticas de manejo necessárias para garantir a qualidade genética, física, fisiológica e sanitária das sementes. Tanto para a produção de sementes quando de grãos, se tratando da dessecação em pré-colheita, o herbicida mais utilizado era Paraquat, entretanto, com seu banimento do Brasil, herbicidas alternativos necessitaram ser empregados com essa finalidade.

Dentre eles, apresentam aptidão para a dessecação em pré-colheita da soja na produção de sementes, o diquat, o diuron e o glufosinato de amônio. Entretanto, para que esses herbicidas não exerçam efeito prejudicial à qualidade das sementes, deve-se atentar para alguns cuidados, como a época de dessecação e as condições de tempo.



Com relação a época de aplicação do herbicida em pré-colheita, recomenda-se que a pulverização seja realizada quando as plantas da lavoura, na média, estiverem no estádio R7, conforme a escala de Fehr e Caviness (1977), esse período é caracterizado como o início da maturação fisiológica, ou seja, não há mais ligação entre planta mãe e grão para o transporte de fotoassimilados.

Visualmente, R7 é o período quando há uma vagem normal com a coloração de madura, na haste principal da planta, e caso a aplicação seja realizada mais cedo, poderá ocorrer a morte prematura das plantas, resultando na presença de sementes esverdeadas (França-Neto et al., 2016).  Cabe destacar que a possibilidade da ocorrência de chuvas entre a aplicação do dessecante e a colheita, pode propiciar a infecção secundária das sementes por fungos como Phomopsis spp. e Fusarium incarnatum (syn. F. pallidoroseum, F. semitectum), causando perda de qualidade, logo, não é uma pratica recomendada rotineiramente (Henning et al., 2020).

Outro ponto importante está relacionado a escolha do herbicida, França-Neto et al. (2016), assim como Henning et al. (2020) enfatizam que não se deve fazer uso do glifosato para a dessecação em pré-colheita de sementes de soja, uma vez que o mesmo é extremamente prejudicial à qualidade das sementes, mesmo em cultivares que apresentam tolerância a esse princípio ativo. Como principais consequências podemos citar problemas de fitotoxicidade nas plântulas, resultando em redução do vigor, da germinação, do comprimento das raízes primárias e aborto das secundárias, tanto para cultivares convencionais quanto transgênicas.

Veja mais: O que é qualidade de sementes e por que ela é tão importante?

Referências:

FRANÇA-NETO, J. B. et al. TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA DE ALTA QUALIDADE. Embrapa, Documentos, n. 380, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/151223/1/Documentos-380-OL1.pdf >, acesso em: 26/07/2022.

HENNING, A. A. et al. TECNOLOGIA DE SEMENTES. Tecnologias de Produção de Soja, Embrapa, Sistemas de produção, n. 17, cap. 13, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 26/07/2022.

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