Hoje vamos falar sobre uma planta daninha que está presente em diversas culturas: o picão-preto.

O picão-preto pode reduzir a produtividade da soja em 58% (Rizzardi et al., 2003).

O picão-preto pertence à Família Asteraceae, e duas espécies desta família o representam: Bidens pilosa e Bidens subalternans.

Na Tabela abaixo podemos ver algumas características de cada uma dessas espécies.

Fonte: Plántulas semejanzas

Sementes de Bidens pilosa. Observe as 3 aristas no aquênio.

Fonte: Grombone-Guaratini, Solferini e Semir (2004).

Agora que vimos um pouco sobre a botânica destas espécies, vamos ver os herbicidas que são recomendados para o controle.

A Tabela abaixo foi feita de acordo com o Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas. Os produtos recomendados estão separados de acordo com o modo de aplicação, e só foram colocados nessa tabela os herbicidas altamente eficazes, ou seja, com controle acima de 95%.

Modo de aplicação Bidens pilosa Bidens subalternans
Pré plantio incorporado (PPI) / pré-emergência alachlor 

alachlor + atrazine 

ametryn

ametryn + clomazone amicarbazone

atrazine

atrazine + simazine 

atrazine + s-metolachlor bromacil + diuron

carfentrazone + clomazone clomazone 

clomazone + hexazinone diclosulam 

diuron 

diuron + hexazinone 

diuron + paraquat flazasulfuron 

hexazinone 

imazapic + imazethapyr imazaquin 

metribuzin 

prometryn 

sulfentrazone

tebuthiuron 

ametryn

amicarbazone 

atrazine

atrazine + s-metolachlor clomazone 

clomazone + hexazinone 

diuron

flumioxazin

imazapic + imazethapyr

prometryn 

sulfentrazone

Pós-emergência inicial alachlor

alachlor + atrazine

ametryn 

ametryn + clomazone amicarbazone

atrazine

atrazine + simazine

atrazine + s-metolachlor bromacil + diuron

carfentrazone + clomazone clomazone

clomazone + hexazinone diclosulam

diuron

diuron + hexazinone

diuron + paraquat flazasulfuron

hexazinone

imazapic + imazethapyr imazaquin

metribuzin

prometryn

sulfentrazone

tebuthiuron

amicarbazone

glufosinate

bentazon

bentazon + imazamox

bromacil + diuron

diquat

diuron + hexazinone

diuron + paraquat

2,4-D

2,4-D + picloram 

flazasulfuron

flumiclorac

glyphosate

imazapic + imazethapyr 

iodosulfuron

MSMA

paraquat

saflufenacil

triclopyr

trifloxysulfuron

Pós-emergência tardia glufosinate

2,4-D

2,4-D + picloram

glyphosate

glyphosate + imazethapyr

iodosulfuron

MSMA

triclopyr

bromacil + diuron

diquat

2,4-D

2,4-D + picloram

glyphosate

triclopyr

Planta adulta glufosinate

2,4-D

2,4-D + picloram

glyphosate

glyphosate + imazethapyr

triclopyr

2,4-D

triclopyr

Fonte: Prof. Dr. Rafael Pedroso.

Como vimos, muitos herbicidas recomendados e utilizados para o controle de picão-preto são pertencentes ao mecanismo de ação dos Inibidores da ALS. 

Por isso, devemos ter atenção especial ao utilizarmos herbicidas deste mecanismo de ação, devendo sempre fazer a rotação de produtos. 

Casos de resistência

No mundo foram relatados 4 casos de Bidens pilosa resistentes à herbicidas: 2 casos no Brasil, 1 no Kenya e 1 no México.

No Brasil os casos foram relatados em 1993 e 2016. No primeiro caso, o relato ocorreu em lavouras de soja, com a espécie B. pilosa resistente aos herbicidas Inibidores da ALS: chlorimuron, imazaquin, imazethapyr, nicosulfuron e pyrithiobac.

Já, o segundo caso relatado no Brasil foi em milho e soja, porém foi verificada resistência múltipla de B. pilosa a atrazine (Inibidor do Fotossistema 2) e imazethapyr (Inibidor da ALS).

Para B. subalternans são relatados 3 casos no mundo, um no Paraguai e 2 no Brasil. O primeiro no Brasil foi em 1996 em lavouras de soja aos herbicidas chlorimuron, imazethapyr e nicosulfuron (Inibidores da ALS). O segundo foi em 2006, em lavouras de milho, neste caso foi relatado resistência múltipla aos herbicidas atrazine (Fotossistema 2) foramsulfuron e iodosulfuron (ALS).

Conclusão

Vimos neste texto algumas características que nos ajudam a diferenciar Bidens pilosa de Bidens subalternans.

Também vimos herbicidas recomendados para o controle destas espécies e os casos de resistência no Brasil e no mundo.



Gostou do texto? Tem mais dicas sobre picão-preto? Adoraria ver o seu comentário abaixo!

Sobre a Autora: Ana Ligia Girardeli, Sou Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar) e Doutora em Fitotecnia (USP/ESALQ). Atualmente, estou cursando MBA em Agronegócios.

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