InícioDestaqueHábitos de crescimento da soja e no que eles influenciam?

Hábitos de crescimento da soja e no que eles influenciam?

O hábito de crescimento da planta, comumente conhecido como tipo de crescimento, está relacionado à haste principal, ou caule, da planta. As cultivares de soja são classificadas de acordo com o seu padrão de crescimento, sendo classificadas em três tipos: determinado, semideterminado e indeterminado. No entanto, os dois tipos predominantes apresentados pelas plantas de soja são o crescimento determinado e indeterminado (Vieira, 2017). Essas características de crescimento da planta são importantes nas cultivares de soja, influenciando em aspectos como a arquitetura da planta e suas propriedades de produção.

As plantas caracterizadas pelo tipo de crescimento determinado, conforme apontado por Farias et al. (2021), exibem distintos atributos, incluindo:

– Após o início do florescimento, a taxa de crescimento da planta reduz significativamente e, a planta não ramificação mais.

-O florescimento é sincronizado, ocorrendo praticamente simultaneamente em toda a extensão da planta.

-O desenvolvimento de vagens e grãos ocorre tanto na porção superior quanto na base da planta, quase simultaneamente.

-As folhas localizadas na porção superior da planta apresentam dimensões praticamente idênticas às demais folhas.

-A planta exibe um racemo longo com uma abundância de vagens no nó terminal.

Já o tipo de crescimento indeterminado apresenta uma série de características distintas do tipo determinado como:

– Até o início do florescimento, apenas cerca da metade da altura final das plantas é atingida, permitindo um considerável crescimento após esse estágio, com a produção de nós no caule principal. Esta característica possibilita que a planta dobre sua estatura até a maturação.

-O florescimento ocorre de maneira escalonada, começando pela base e progredindo para o topo da planta. Isso resulta na coexistência de vagens bem desenvolvidas na base e flores no ápice da planta.

– O desenvolvimento de vagens e grãos se dá de baixo para cima, sendo as vagens e os grãos da metade inferior da planta mais adiantados em relação aos da parte superior.

– Mesmo durante o florescimento, a formação de vagens e o enchimento dos grãos, as plantas seguem crescendo e ramificando.

– As folhas na porção superior da planta são menores em tamanho quando comparadas às folhas das outras partes da planta.

– O nó terminal exibe uma quantidade limitada de vagens (Farias et al., 2021).

Figura 1. Ápices de plantas de soja de crescimento determinado (a) e de tipo de crescimento indeterminado (b), mostrando a presença do racemo terminal (a) e racemos axilares (b).

Foto: Carlos Alberto Arrabal Arias.

De acordo com Oliveira et al. (2019), uma das principais vantagens do cultivo da soja com tipo de crescimento indeterminado é sua maior flexibilidade na época de semeadura, uma vez que ela facilita a inserção da cultura nos diversos sistemas de produção. Sob condições de dias curtos, em semeaduras realizadas ao final da primavera, a soja com crescimento determinado apresenta um período vegetativo reduzido, florescendo com tamanho ainda pequeno, sem estatura suficiente para a obtenção de produtividades elevadas.



Na região Sul do Brasil, a partir dos anos 2000, conforme destacam Bexaira et al. (2018), houve um aumento significativo no uso de cultivares com o tipo de crescimento indeterminado. Esse aumento é atribuído à maior plasticidade dessas cultivares, que permite sua adaptação a diversas condições ambientais, flexibilizando o momento da semeadura, tanto em antecipação quanto em atraso no processo de semeadura da soja, além de conferir uma maior capacidade de tolerância a períodos curtos de estresse hídrico. Tais características, possibilitaram maior estabilidade produtiva nas cultivares adotadas.

Figura 2. Relação entre o número de nós no caule no início do florescimento de genótipos de soja e o aumento do número de nós no caule após o início do florescimento para tipos de crescimento determinado, semi e indeterminado.

Fonte: Thseng & Hosokawa (1972) apud. Thomas (2018).

Estudos conduzidos por Zanon et al. (2016), revelaram que o período de sobreposição entre as fases vegetativa e reprodutiva, o crescimento em estatura e a emissão de nós de R1 a R8 foram maiores em cultivares com tipo de crescimento indeterminado comparado a cultivares de tipo determinado. Na cultura da soja, a duração do período de sobreposição da fase vegetativa e reprodutiva são importantes, uma vez que, a maior sobreposição implica em maior competição por fotoassimilados entre o crescimento das estruturas vegetativas (folhas e ramos) e reprodutivas (legumes e grãos).

De acordo com Neumaier et al. (2020), apesar da diferença de tempo entre o surgimento das vagens basais e o das apicais, na soja com tipo de crescimento indeterminado, todas as vagens alcançam a maturação aproximadamente ao mesmo tempo, pois os grãos das vagens apicais possuem maiores taxas de crescimento. Além disso, existem cultivares de tipo de crescimento semideterminado, as quais apresentam atributos tanto do tipo determinado como do indeterminado.

Na soja de crescimento indeterminado, observa-se que, mesmo após o florescimento, as plantas mantêm um ritmo de crescimento suficiente para alcançar um porte final compatível com altas produtividades (Oliveira et al., 2019). A importância de cultivares com tipo de crescimento indeterminado, conforme Bexaira et al. (2018) destacam-se, principalmente em ambientes que apresentam menor aptidão e em épocas de semeadura precoces e/ou tardias.

A versatilidade destas cultivares, principalmente devido sua flexibilidade, faz com que as cultivares com hábito de crescimento indeterminado se destaquem por possibilitar o cultivo em uma variedade de condições ambientais, tanto climáticas quanto de cultivo.


Veja mais: Umidade da soja na colheita e correção do peso de grãos



Referências:

BEXAIRA, K. P. et al. ESTABILIDADE PRODUTIVA DAS CULTIVARES COM TIPO DE CRESCIMENTO INDETERMINADO. Revista Plantio Direto & Tecnologia Agrícola, 2018. Disponível em: < https://www.plantiodireto.com.br/artigos/143 >, acesso em: 29/01/2024.

NEUMAIER, N. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA. Tecnologias de Produção de Soja, sistemas de produção,17. Embrapa, Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 29/01/2024.

OLIVEIRA, A. B. et al. SOJA: O PRODUTOR PERGUNTA, A EMBRAPA REPSONDE. Embrapa, Brasília – DF, 2019. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/208388/1/500-PERGUNTAS-Soja-ed-01-2019.pdf >, acesso em: 29/01/2024.

THOMAS, A. L. SOJA: TIPOS DE CRESCIMENTO DA PLANTA. UFRGS, Porto Alegre – RS, 2018. Disponível em: < https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/183492/001079309.pdf?sequence=1&is >, acesso em: 29/01/2024.

VIEIRA, C. P. TIPOS DE CRESCIMENTO DA SOJA. Campo & Negócio, 2017. Disponível em: < Farias et al., 2021 >, acesso em: 29/01/2024.

ZANON, AL J. et al. EFEITO DO TIPO DE CRESCIMENTO NO DESENVOLVIMENTO DE CULTIVARES MODERNAS DE SOJA APÓS O INÍCIO DO FLORESCIMENTO DO RIO GRANDE DO SUL. Bragantia, v. 75, n. 4, p. 446-458. Campinas – SP, 2016. Disponível em: <  https://www.scielo.br/j/brag/a/pqqrvD6LgJbBcWKhBcJdsfk/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 29/01/2024.

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Equipe Mais Soja
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