A Helicoverpa armigera, conhecida também como lagarta do Velho Mundo devido à sua existência endêmica na região sul da Europa, China, Índia e Austrália, é considerada a praga invasiva de maior importância mundial. O Brasil foi o primeiro país das Américas a registrar a sua ocorrência em 2013, embora a sua introdução provavelmente tenha ocorrido ainda em 2008.

Poucos meses após ser relatada no Brasil, a praga também foi encontrada na Argentina e no Paraguai. Até então, H. armigera era considerada como praga quarentenária, ou seja, não ocorria de forma oficial no Brasil; porém, já era classificada como de alto risco para a agricultura no país. Após sua introdução, a praga passou a causar danos econômicos severos em diversas culturas agrícolas, principalmente soja, algodão e milho.

Figura 1. Lagarta de Helicoverpa armigera.

Fonte: www.agricultura.rs.gov.br

O ciclo de desenvolvimento completo de H. armigera  dura de 30 a 45 dias, e em baixas temperaturas pode ser mais longo. As mariposas colocam ovos durante a noite, isolados ou agrupados nas folhas, sendo que a quantidade de ovos varia de 300 até 3 mil ovos por fêmea (NASERI et al., 20110), caracterizando o elevado potencial reprodutivo da espécie. Os ovos possuem coloração branco-amarelada e tornam-se marrom-escuros próximo da eclosão da larva, que ocorre entre 5 e 7 dias após a postura.

As lagartas de primeiro e segundo ínstares pouco se movem na planta e possuem coloração branco-amarelada a marrom-avermelhada, com cabeça de marrom-escuro a preta, medindo de 1,4 a 4 mm. Já as larvas de sexto ínstar podem chegar a 34 mm de comprimento. O período larval total varia de 17 a 35 dias.

O monitoramento das populações de H. armigera é um procedimento-chave para o sucesso do manejo dessa praga. O acompanhamento da evolução populacional da praga, ao longo do ciclo das culturas e entre os cultivos, deve considerar os estágios de ovo, larva, pupa e adultos. É com base nesse monitoramento que serão definidas as estratégias de manejo, determinando a tomada de decisão sobre o uso do controle químico, a programação das pulverizações e a escolha de inseticidas e doses a serem empregados.

Quando há presença de adultos de H. armigera na lavoura de soja, deve ser feita a amostragem nas plantas para determinar a necessidade de controle da praga. A realização desta amostragem é de extrema importância, pois o sistema de alerta irá indicar apenas a presença de adultos. A coleta de insetos adultos pode ser feita utilizando-se iscas com feromônios e armadilhas luminosas. A utilização conjunta destes dois métodos de amostragem de adultos tem o objetivo de aumentar a segurança do monitoramento.

Além do monitoramento de adultos com armadilhas, é indispensável a utilização do pano de batida vertical e a verificação minuciosa das folhas em todos os terços das plantas de soja, para contagem e identificação de ovos e lagartas presentes. Esse monitoramento deve ser feito desde o início do desenvolvimento da cultura até o final do ciclo, pelo menos duas vezes por semana.

Os maiores danos por ataque de H. armigera nas plantas de soja ocorrem principalmente durante a fase de enchimento de grãos (> R5.1). Por meio de um monitoramento minucioso, é possível definir a melhor estratégia de manejo e realizar o controle da praga de acordo com o nível de dano econômico. Considerando, por exemplo, um custo de controle de R$ 120,00 por hectare e valor da saca de soja de R$ 100,00, o nível de controle é 0,81 lagartas/m², assumindo uma eficiência de controle de 90% com o inseticida utilizado (STACKE et al., 2018).

Figura 2. Nível de dano econômico (número médio de H. armigera por m2) de acordo com o valor da saca da soja e custo de controle por hectare, considerando 90% de eficiência de controle.

Fonte: Adaptado de Stacke et al., 2018. Imagem original disponível Clicando aqui 

Portanto, é imprescindível que o produtor ou técnico realize o monitoramento constante da lavoura para identificar o melhor momento de controle de H. armigera durante a safra de soja, a fim de evitar escolhas inadequadas em relação ao número de aplicações de inseticidas. Dessa forma, é possível prevenir o estabelecimento de altas infestações da praga, especialmente durante a fase de enchimento de grãos, na qual a cultura da soja apresenta maior susceptibilidade ao ataque de H. armigera.

Elaboração: Solange Andressa Figur, estudante do Curso de Agronomia na UFSM e membro do grupo Manejo e Genética de Pragas – UFSM

Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM



REFERÊNCIAS:

Ações emergenciais propostas pela Embrapa para o manejo integrado de Helicoverpa spp. em áreas agrícolas. Embrapa. Disponível em: https://www.embrapa.br/documents/10180/1602515/A%C3%A7%C3%B5es+emergenciais+propostas+pela+Embrapa+-+Documento+oficial/3a569ce1-c132-4bfa-8314-bc993ce8b920#:~:text=Devido%20%C3%A0%20import%C3%A2ncia%20e%20potencial,nas%20culturas%20de%20interesse%20regional.

CZEPAK, C.; ALBERNAZ, K. C.; VIVAN, L. M.; GUIMARÃES, H. O.;  CARVALHAIS, T. Primeiro registro de ocorrência de Helicoverpa armigera (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae) no Brasil.  Mar. de 2013. Disponível em: https://aiba.org.br/wp-content/uploads/2014/01/comunicado-cientifico-helicoverpa.pdf.

GUEDES, J. V. C.; ARNEMANN, J. A.; PERINI, C. R.; ARRUÉ, A.; RÖHRIG, A. Helicoverpa armigera: manejar ou perder. Disponível em: https://www.grupocultivar.com.br/artigos/helicoverpa-armigera-manejar-ou-perder.

NASERI, B.; FATHIPOUR, Y.; MOHARRAMIPOUR, S.; HOSSEININAVEH, V. Comparative reproductive performance of Helicoverpa armigera (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae) reared on thirteen soybean varieties. Journal of Agricultural Science and Technology, Tehran, v. 13, p. 17-26, 2011

STACKE, Regis F. et al. Damage assessment of Helicoverpa armigera (Lepidoptera: Noctuidae) in soybean reproductive stages. Crop Protection, v. 112, p. 10-17, 2018.

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