A mosca-branca (Bemisia tabaci) é uma praga polífaga e de difícil controle. A sua ocorrência tem aumentado nas últimas safras agrícolas no sul do Brasil, especialmente em soja e culturas olerícolas. Apesar do nome comum de mosca-branca, devido a sua semelhança a um díptero, este inseto é na verdade um hemíptero, aparentado às cigarrinhas. Portanto, apresenta um aparelho bucal do tipo sugador, isto é, possui um estilete que é usado para inserir nos tecidos vivos das plantas e fazer sucção da seiva (Alves, 2019).
Esse inseto-praga causa danos diretos e indiretos nas culturas agrícolas, inclusive na soja. Os danos diretos são resultantes da alimentação do inseto pela sucção da seiva, tanto dos adultos como das ninfas (Figura 1), ocasionando irregularidades no crescimento vegetativo e reprodutivo da planta. Já os danos indiretos estão relacionados à transmissão de viroses (como o vírus do mosaico anão e vírus do mosaico crespo) e às excreções açucaradas do inseto depositadas sobre a folha da planta, que favorecem o desenvolvimento do fungo causador da fumagina. Como resultado da proliferação de fumagina sobre as folhas, a taxa fotossintética das plantas de soja é severamente reduzida.
Figura 1. Ninfa (esquerda) e adulto (direita) de Bemisia tabaci
Fonte: Embrapa. Confira a imagem original clicando aqui.
Essa substância açucarada excretada durante a alimentação da mosca-branca é denominada de Honeydew, servindo de substrato para o crescimento do fungo Capnodium spp., que por sua vez vai ocasionar a produção de fumagina sobre as folhas da soja. A fumagina forma uma massa de esporos escuros que fica aderida à superfície foliar (Figura 2). O prejuízo relacionado à doença é a redução da taxa fotossintética da planta, visto que o patógeno se desenvolve nas folhas e, assim, ao receberem radiação solar, se desidratam e caem (Embrapa, 2014).
Figura 2. Fumagina em soja causada pelo fungo Capnodium spp. em decorrência de infestação por mosca-branca.
Fonte: Embrapa. Confira a imagem original clicando aqui.
Logo, ocorre a redução da produção de fotoassimilados ligados a vários complexos fisiológicos para o desenvolvimento normal da planta que, além da queima e queda dos folíolos atacados, pode provocar a antecipação do ciclo da cultura. Somado a isso, esse processo pode gerar grandes perdas na produtividade, dependendo do estágio fenológico da planta e a severidade do fungo, chegando até a 100% de perdas (Ávila, 2017).
É importante que se faça o monitoramento de adultos de mosca-branca no terço superior das plantas de soja e de ninfas nos terços médio e inferior, já as duas fases de vida concentram-se nesses segmentos do dossel da cultura, respectivamente (Pozebon et al., 2019). O controle da praga envolve, basicamente, o emprego de inseticidas com efeito sobre adultos e ingredientes ativos indicados para ninfas, como neonicotinoides e juvenóides. A combinação ciantraniliprole + lambda-cialotrina é eficiente no controle de adultos, enquanto acetamiprido + piriproxifen apresenta controle satisfatório de ninfas de mosca-branca (Arnemann et al., 2019). É recomendado que se faça o manejo no início da infestação dos adultos, ou tão logo constatar-se a presença de ninfas no terço médio das plantas de soja.
Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM
REFERÊNCIAS:
ALVES, E. B. Mosca-branca uma praga polífaga e de difícil controle. PROMIP, Manejo Integrado de Pragas. 26 de jul. de 2019. Disponível em https://promip.agr.br/mosca-branca-praga-polifaga-dificil-controle/
ARNEMANN, J.A. et al. (2019). Managing whitefly on soybean. Journal of Agricultural Science 11(9). Disponível em https://doi.org/10.5539/jas.v11n9p41
ÁVILA, C. J. Mosca branca (Bemisia sp.). Pragas da soja: conheça e previna-se. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste. 2017. Disponível em: https://pragas.cpao.embrapa.br/views/praga.php?id=25
POZEBON, H. et al. (2019). Distribution of Bemisia tabaci within soybean plants and on individual leaflets. Entomol. Exp. Appl. 167: 396–405. Disponível em https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/eea.12798
SOSA-GÓMEZ, D.R.; CORRÊA-FERREIRA, B.S.; HOFFMANN-CAMPO, C.B.; CORSO, I.C.; OLIVEIRA, L.J.; MOSCARDI, F.; PANIZZI, A.R.; BUENO, A.F.; HIROSE, E.; ROGGIA, S. Manual de identificação de insetos e outros invertebrados da cultura da soja. EMBRAPA SOJA. 3ª edição, Londrina, PR 2014. Disponível em https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105924/1/Doc269-OL.pdf