A soja (Glycine max (L.) Merril) é uma das culturas mais importantes da balança comercial agrícola nacional e que deverá atingir uma produção de 312,2 milhões de toneladas para o ciclo 2022/23, segundo a Conab. Em um cenário cada vez mais competitivo e de exploração cada vez mais intensa dos recursos, a busca por cultivares cada vez mais precoces e produtivas são de extrema importância quando se busca produzir e implementar uma segunda safra. O melhoramento genético e o desenvolvimento de cultivares precoces, tem permitido em muitas regiões do cerrado o cultivo da soja na primeira safra e na sequência, o cultivo do milho safrinha e/ou do algodão. Já mais ao Sul do Brasil onde o fator fotoperíodo e muito impactante na cultura da soja, o desenvolvimento de cultivares de soja mais precoces permitirá o cultivo de uma segunda safra após o cultivo da cultura de verão, ou mesmo como primeiro cultivo para posterior colheita e semeadura do feijão sem corre muito risco com relação a geada para essa segunda safra.
Nos programas de melhoramento, às cultivares seguem muitas vezes, processos de cruzamentos com genitores que já estão no mercado, buscando-se unir as características desejadas de diferentes plantas, para que dessa forma tenha-se um intermédio agradável ao ambiente que será cultivado. Como abordado por Costa (1996) e Carvalho (2015), se observa, que a seleção de progênies (descendentes) com maior ou menor altura de planta deve ser efetuada com alguns cuidados, isto por que, plantas muito baixas podem apresentar pouca produtividade e ciclos precoces, enquanto as de estatura mais altas tendem a ser mais produtivas e possuírem ciclos mais longos, logo, mais suscetíveis ao acamamento, reduzindo seu valor agronômico, fazendo com que se tome cuidado aos genitores que serão utilizados nesse processo.
O que se tem observado, é que a utilização de híbridos com altas médias de produtividade está ligada ao número de vagens e número de hastes laterais, características essas que são de suma importância para os ganhos de produção, como já descrito por (Barros et al., 2016; Silva, 2017), dado o fato que apresentam-se correlacionadas. Além disso, outro fator de possível visualização genotípica para a resistência ao fungo Phakopsora pachyrhiz, causador da Ferrugem asiática, é o período de latência fitopatológica superior a 14 dias, uma vez que uma determinada cultivar pode ser classificada como portadora de resistência parcial, conforme colocado por Martins et al. (2007), porém, o acréscimo de apenas um dia, por exemplo, para o estabelecimento das relações parasitárias na planta, já pode significar e contribuição para a diminuição da quantidade de ciclos reprodutivos que um fungo pode realizar em uma safra (Vallavielle-Pope et al, 2000), e consequentemente, redução na expressão patológica na população em foco, bem como a sucessiva perda de produtividade.
O grande problema da soja quando introduzida no Brasil por volta de 1901, era o curto período vegetativo e a baixa produtividade e restrições de adaptação. Graças ao melhoramento genético e ao trabalho de muitos pesquisadores, isso mudou e atualmente é possível o cultivo da soja nas diferentes regiões do Brasil, com cultivares mais ou menos adaptadas para cada uma dessas regiões. O melhoramento genético continuará tendo papel importante na cultura da soja, talvez agora na geração de cultivares produtivas e mais resistentes e/ou tolerantes a doenças e patógenos, e que permita o cultivo com menos aplicações de defensivos, aliás, essa tem sido uma exigências cada vez maior do mercado internacional, ou seja, a busca de um modelo de produção que agrida cada vez menos o meio ambiente.
Por: Eduarda Seger da Silva Pinheiro e Márlon Ribeiro Feldens, acadêmicos do curso de Agronomia da UFSM, campus Frederico Westphalen, membro do Programa de Educação Tutorial- PET Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUNO ERMELINDO LOPES GOMES SELEÇÃO DE GENITORES DE SOJA PARA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS E PRECOCIDADE. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://www.locus.ufv.br/bitstream/123456789/25216/1/texto%20completo.pdf>. Acesso em: 6 dez. 2022.
KOGA, L. J. et al. Análise multivariada dos componentes da resistência à ferrugem-asiática em genótipos de soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 43, p. 1277–1286, 1 out. 2008.
PRODUÇÃO NACIONAL DE GRÃOS É ESTIMADA EM 312,2 MILHÕES DE TONELADAS NA SAFRA 2022/23, Conab, 2022. Disponível em:<https://www.conab.gov.br/ultimas-noticia /4847-producao-nacional-de-graos-e-estimada-em-312-2-milhoes-de-toneladas-na-safra-2022-23#:~:text=Com%20essa%20redu%C3%A7%C3%A3o%20no%20processamento,para%206%20milh%C3%B5es%20de%20toneladas>. Acesso em 26 dez. 2022.
CARVALHO, R. S. B., 2015. Performance de cruzamentos de soja em gerações sucessivas de endogamia, com ênfase em produtividade, reação à ferrugem e precocidade. Universidade de São Paulo.
BARROS, J. P. A., SEDIYAMA, T., DOS SANTOS SILVA, F. C., DA SILVA, A. F., BEZERRA, A. R. G., ROSA, D. P., DA SILVA, A. S. L., OLIVEIRA, D. S., Estimates of Genetic Parameters and Efficiency in Selection for Branching Capacity in Soybean Genotypes. Journal of Agronomy, v. 15, p. 39, 2016.
MARTINS, R. S., REBECHI, D., PRATI, C. A., CONTE, H., Decisões estratégicas na logística do agronegócio: compensação de custos transporte-armazenagem para a soja no estado do Paraná. Revista de Administração Contemporânea, v. 9, p. 53-78, 2005.
VALLAVIEILLE-POPE, C. de; GIOSUE, S.; MUNK, L.; NEWTON, A.C.; NIKS, R.E.; OSTERGARD, H.; PONS-KUHNEMANN, J.; ROSSI, V.; SACHE, I. Assessment of epidemiological parameters and their use in epidemiological and forecasting models of cereal airborne diseases. Agronomie, v.20, p.715-727, 2000.