A nutrição adequada das plantas é essencial para seu crescimento e desenvolvimento, garantindo boas produtividades. O potássio é um macronutriente primário de extrema importância nesse processo, pois desempenha um papel fundamental no crescimento e desenvolvimento das plantas. Além disso, o potássio é responsável por aumentar a resistência das plantas, especialmente em condições adversas, como seca, baixas temperaturas, salinidade do solo e doenças.

A soja apresenta elevada demanda em potássio, sendo o segundo elemento mais extraído em termos de quantidade. Cerca de 20 Kg de K2O são exportados por tonelada de grãos produzidos, o que equivale a mais de 50% do total extraído (Gitti et al., 2019).  Conforme destacado por Preczenhak et al. (2022), o potássio desempenha diversas funções essenciais nas plantas. Entre elas, destacam-se a regulação osmótica e a eficiência no uso da água, garantindo a turgidez das células e controlando a abertura e o fechamento dos estômatos. Além disso, o potássio é crucial para a ativação de mais de 50 enzimas importantes no metabolismo da planta e influencia diretamente na qualidade do produto gerado, uma vez que está envolvido na síntese de proteínas.

Na ausência de potássio, os estômatos das plantas não se abrem, o que impede a entrada de carbono necessário para a fotossíntese. Como resultado, a corrente transpiratória, responsável por transportar os elementos minerais do solo para as partes aéreas da planta, fica comprometida, devido ao fechamento dos estômatos, podendo prejudicar a absorção de nutrientes essenciais e, consequentemente, comprometer a nutrição mineral da planta como um todo (Paulilo et al., 2015).

Por se tratar de um elemento de alta mobilidade, os sintomas de deficiência de potássio manifestam-se primeiramente nas folhas mais velhas, caracterizado pelo surgimento de clorose, seguida por lesões necróticas nas margens das folhas. Além disso, Borkert et al. (1995) destacam que as plantas com deficiência de K produzem grãos pequenos, enrugados e deformados, atrasando a maturidade da soja, podendo também causar haste verde, retenção foliar e vagens chochas.

Figura 1. Sintomas de deficiência de Potássio (K) na cultura da soja.
Fonte: YARA.

Quando os sintomas de deficiência de potássio se manifestam em reboleiras, é provável que as áreas próximas e aparentemente saudáveis também estejam sendo afetadas pela baixa disponibilidade do nutriente, fenômeno conhecido como “fome oculta” (Oliveira Junior & Oliveira, 2018).

De acordo com Escosteguy (2012), os níveis de potássio em plantas de soja com sintomas de deficiência desse nutriente, variam conforme o estádio de desenvolvimento e o tipo de folha da cultura, podendo variar de acordo com a cultivar. O autor destaca que nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a diagnose foliar da cultura da soja é realizada através da análise dos nutrientes da terceira folha madura da haste principal, e localizada no terço superior desta em estádio de florescimento (R2) e, o nível crítico de K desta folha corresponde a 1,7% ou 17 g kg-1.

A maior mobilidade do potássio no solo em comparação com o fósforo, conforme Oliveira Junior et al. (2020), proporciona uma flexibilidade maior em relação ao momento e à forma de aplicação, o que facilita a logística e o manejo da adubação. De acordo com as recomendações de manejo, em solos com fertilidade construída, pode-se aplicar potássio antecipadamente à semeadura ou durante o estágio V4/V5 de desenvolvimento da soja.

No entanto, os autores destacam que, apesar dos processo de fluxo de massa e difusão que promovem um maior contato do íon de potássio com as raízes, é preciso observar os limites máximos recomendados para cada região, a fim de evitar efeitos indesejados, como o excesso do nutriente.



A absorção do potássio pelas plantas é influenciada por vários fatores, incluindo onde é aplicado, a quantidade de água presente, o contato com o solo e a presença de outros nutrientes. Quando aplicado à superfície, o potássio forma uma concentração maior na camada superficial do solo, movendo-se gradualmente para camadas mais profundas ao longo do tempo, de acordo com a dose e a frequência de aplicação. No entanto, os efeitos dessa distribuição dependem das práticas de manejo específicas de cada área.

O potássio é absorvido pelas raízes das plantas na forma de íons K+ principalmente por difusão ou, em menor medida, por fluxo de massa. Na difusão, o nutriente se desloca de áreas de alta para baixa concentração em direção às raízes, destacando a importância da aplicação de potássio durante a semeadura. Porém, a aplicação excessiva de potássio durante a semeadura pode prejudicar as sementes devido à alta salinidade dos fertilizantes potássicos, resultando na perda excessiva de água das sementes devido à diminuição do potencial osmótico do solo. Por isso, uma alternativa é evitar a aplicação direta de potássio nas linhas de semeadura (Esper Neto et al., 2020).

Figura 2. Deficiências nutricionais: diagnose visual.

Manter a fertilidade do solo em níveis adequados requer a análise do balanço entre a entrada e a saída de nutrientes no sistema, garantindo que os níveis nutricionais atendam às exigências da cultura. Realizar a análise do solo regularmente é fundamental na identificação e prevenção de deficiências nutricionais na cultura, permitindo a aplicação correta de fertilizantes, como os potássicos, de acordo com as necessidades específicas da cultura.

Além disso, práticas como irrigação adequada, cobertura do solo com resíduos culturais, rotação de culturas com espécies de raízes densas e estratégias para melhorar a retenção de água no solo, conforme destacado por Escosteguy (2012), desempenham um papel importante para evitar a deficiência de potássio na cultura da soja.



Referências:

BORKERT, C. M. et al. SEJA O DOUTOR DA SUA SOJA. Arquivo do Agrônomo, informações agronômicas, n. 66, 1994. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3140/$File/Seja%20Soja.pdf >, acesso em: 14/02/2024.

ESCOSTEGUY, P. A. V. DEFICIÊNCIA DE POTÁSSIO EM LAVOURAS DE SOJA DO PLANALTO DO RIO GRANDE DO SUL. Revista Plantio Direto, Fertilidade, 2012. Disponível em: < https://www.plantiodireto.com.br/storage/files/127/10.pdf >, acesso em:

ESPER NETO, M. et al. ADUBAÇÃO COM POTÁSSIO NO SULCO DE SEMEADURA: IMPORTÂNCIA DE SUA REALIZAÇÃO PARA AUMENTAR RENDIMENTO DE GRÃOS DE SOJA. Revista Plantio Direto, 2020. Disponível em: < https://www.plantiodireto.com.br/artigos/45 >, acesso em: 14/02/2024.

GITTI, D. C. et al. MANEJO E FERTILIDADE DO SOLO PARA A CULTURA DA SOJA. Tecnologia e Produção: Safra 2018/2019, cap. 1, Fundação MS, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-Safra-20182019.pdf >, acesso em: 14/02/2024.

OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Tecnologias de Produção de Soja, sistemas de produção, 17, cap. 7. Embrapa Soja, Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 14/02/2024.

PAULILO, M. T. S. et al. FISIOLOGIA VEGETAL. Universidade Federal de Santa Catarina, 182 p. Florianópolis – SC, 2015.

PRECZENHAK, A. P. et al. SOJA: IMPORTÂNCIA DO MANEJO DE POTÁSSIO. Revista Campo e Negócio, 2022. Disponível em: < https://revistacampoenegocios.com.br/soja-importancia-do-manejo-de-potassio/ >, acesso em: 14/02/2024.

OLIVEIRA JUNIOR, A.; OLIVEIRA, F. A. POTÁSSIO: CUIDADOS PARA A MANUTENÇÃO DO EQUILIBRIO NUTRICIONAL DA SOJA. Embrapa Soja, 2018. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/178923/1/folder-nutricao-2018-OL-1.pdf >, acesso em: 14/02/2024.

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