É conhecido que o uso de bioinsumos na agricultura contribui significativamente para a sustentabilidade e produtividade das lavouras. Com o milho não é diferente, no caso da inoculação das sementes com as bactérias do gênero Azospirillum, é perceptível os benefícios proporcionados à cultura.
As bactérias do gênero Azospirillum são conhecidas por atuarem como promotoras do crescimento vegetal, especialmente do sistema radicular das plantas, através de uma relação associativa entre planta e bactérias.
Porém os benefícios vão além da promoção do crescimento das raízes de milho, podendo ser observadas respostas visuais em função da inoculação, refletindo inclusive na maior produtividade da cultura em relação ao milho não inoculado.
Figura 1. Efeitos da inoculação com as estirpes Ab-V5 e Ab-V6 de Azospirillum brasilense no (A) crescimento das raízes; (B) teor de clorofila; (C) altura das plantas; (D) nutrição nitrogenada; (E) uniformidade das espigas de milho (Hungria & Nogueira, 2022).
Conforme observado por Hungria & Nogueira (2022) em ensaios realizados avaliando a influência do a inoculação do milho com as estirpes Ab-V5 e Ab-V6 de Azospirillum, independentemente do nível de adubação nitrogenada em cobertura, a inoculação com Ab-V5 e Ab-V6 resultou em incremento médio no rendimento de grãos de 3,1%.
Em cada local, os tratamentos receberam a mesma adubação com macro e micronutrientes, de acordo com a análise de solo e 24 kg/ha de N na semeadura. Como principal resultado, os autores destacam que em 26 ensaios que permitiram a comparação do tratamento não inoculado recebendo 100% de N em cobertura com o tratamento inoculado recebendo 75% do N em cobertura, não houve diferença estatística no rendimento de grãos em nenhum dos ensaios (Figura 2). Cabe destacar, porém, que o maior incremento no rendimento pela inoculação foi obtido somente com o N na semeadura, indicando que a tecnologia pode ser uma ferramenta importante para sistemas de produção com baixo nível de investimento (Hungria & Nogueira, 2022).
Figura 2. Rendimento de milho em 26 dos 30 ensaios (número do ensaio no eixo X) onde houve a comparação dos tratamentos não inoculado com 100% do N de cobertura e inoculado na semeadura com Azospirillum brasilense Ab-V5 e Ab-V6 e 75% do N de cobertura. Locais: LU, Lutécia; TL, Três Lagoas; LD, Londrina; LM, Luis Eduardo Magalhães; GU, Guapirama; BN, Bonito; CD, Cachoeira Dourada; PG, Ponta Grossa; CM, Cândido Mota.
Conforme resultados apresentados o conjunto de dados obtido nas principais regiões produtoras do Brasil (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste), em dez anos, permite a recomendação de redução da adubação nitrogenada de cobertura no milho em 25% quando inoculado com as estirpes Ab-V5 e Ab-V6 de Azospirillum brasilense (Hungria & Nogueira, 2022), sem maiores perdas produtivas. Logo, a inoculação do milho pode ser uma importante ferramenta de baixo custo para reduzir a adubação nitrogenada, mantendo a produtividade da cultura, a níveis satisfatórios. Cabe destacar que para elevado teto produtivo e/ou sistemas de alto nível tecnológico, somente a inoculação do milho não é suficiente para a obtenção de altas produtividades, sendo necessário aportar nutrientes ao sistema.
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Referências:
HUNGRIA, M.; NOGUEIRA, M. A. INOCULAÇÃO DO MILHO COM AS ESTIRPES AB-V5 E AB-V6 DE Azospirillum brasilense: REDUÇÃO NA ADUBAÇÃO NITROGENADA DE COBERTURA E MITIGAÇÃO NA EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA. EMBRAPA, DOCUMENTOS, N. 450, 2022. DISPONÍVEL EM: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/242858/1/Doc-450-OL.pdf >, acesso em: 02/12/2022.