Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro SC.

O agronegócio continua sendo o assunto da crista da onda. Pelo lado positivo, e às vezes, negativo.  Com certeza muito mais positivo, apesar de existir candidatos às eleições não reconhecendo a importância do setor e criticando abertamente o agro nas mídias sociais.  Em SC o setor  agropecuário  torna-se ainda mais relevante. A diversificação de atividades no meio rural, em um Estado com predominância minifundiária, contribui para que os demais setores da economia, no campo e na cidade, se tornem ainda mais preponderantes. As agroindústrias em SC são expressivas, em qualidade e competividade nos mercados nacional e internacional. A produção de proteína animal e, por consequência, de grãos para fabricação de ração, pesam significativamente  na nossa economia.

O problema de abastecimento de milho tem  estado na ordem do dia permanentemente, e inúmeras iniciativas têm sido discutidas para minimizar essa deficiência. Nosso parque agroindustrial é pujante e grande consumidor de  cereais para produzir carnes e leite. Propostas das mais variadas têm sido tentadas, pelo governo do Estado e pela própria iniciativa privada, para suprir essa necessidade.  A importação de milho dos nossos países vizinhos  tem ajudado a diminuir o nosso déficit, mas problemas burocráticos, logísticos  e de infraestrutura, ainda atrapalham a possibilidade de importação dos grãos do Paraguai e Argentina.

A Rota do Milho, não avançou porque implica em decisões políticas de três países.  A construção da segunda ponte em Foz do Iguaçu, para agilizar a logística e a aduana, também está demorada. Apesar da obra estar avançando aceleradamente, agora se fala em dificuldades  dos acessos e a legalização das aduanas nos dois países – Brasil e Paraguai. As melhorias das rodovias dentro do Estado catarinense, também não avançam e os problemas de transportes, continuam.

Agora, o governo catarinense, em conjunto com a província de Misiones, na Argentina,  discute outra alternativa, que também poderia ser positiva, se não fosse tão burocrática. Projeta-se um programa internacional de incentivo para que catarinenses possam produzir milho em território argentino. Pela proximidade  territorial, seria uma nova alternativa de abastecimento, onde agricultores catarinenses poderiam plantar cereais na  Argentina. Mas as análises realizadas pelas  nossas cooperativas não são otimistas. As regras  governamentais da Argentina são piores do que as nossas. A burocracia legal e os custos tributários atribuídos à agricultura naquele país, inviabiliza qualquer parceria nesse sentido.

A intenção do governo catarinense, atendendo ao chamamento da Embaixada Argentina no Brasil, pode ser  positiva, porém, sem mudanças na  legislação no país vizinho, torna-se inviável. Segundo consta, existe terras na Argentina, bem próximas do oeste catarinense, que poderiam ser exploradas para produzir mais grãos e exportar para o Brasil, mas as regras daquele país, inviabilizam para que algum catarinense invista lá. Falta segurança jurídica.  Portanto, temos uma opção bem próxima, que poderia ajudar os dois lados, isto é, os argentinos e os catarinenses, mas por questões legais, e ineficiência de governantes,  continuam os impedimentos  do desenvolvimento econômico das duas regiões. Espera-se que algum governo, algum dia, tenha a coragem de mudar isso, para que todos sejam beneficiados. Produtores e consumidores dos dois países. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro/SC.



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