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IQPi – Mais qualidade e eficiência na irrigação em SPD

Em entrevista concedida à FEBRAPDP, a pesquisadora Priscila de Oliveira, da Embrapa Meio Ambiente, fala sobre o Índice de Qualidade Participativo do Plantio Direto para Condições de Irrigação por Pivô Central – IQPi. A ferramenta, fruto de parceria entre instituições do setor, chega para complementar o já conhecido Índice de Qualidade Participativo do Plantio Direto – IQP, desenvolvido pela Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação em parceria com a Itaipu Binacional e Parque Tecnológico de Itaipu, somando, como o próprio nome indica, a avaliação acerca da irrigação dentro do sistema, o que amplia informações e parâmetros que asseguram um modelo produtivo mais eficiente e sustentável.

 FEBRAPDP – Por si só, a gestão hídrica na lavoura já é algo um tanto quanto complexo, mas por que a irrigação requer um cuidado diferenciado em Sistema Plantio Direto (SPD)?

Priscila de Oliveira – A irrigação sempre requer atenção especial, para que se tenha eficiência no uso do recurso hídrico e conservação do solo. A introdução do indicador de manejo da irrigação ao Índice de Qualidade Participativo do Plantio Direto para Condições de Irrigação por Pivô Central – IQPi chama atenção para essa necessidade, pois o Índice de Qualidade Participativo do Plantio Direto – IQP avalia somente os aspectos voltados a conservação de solos sem considerar os parâmetros da irrigação.

FEBRAPDP – O que é o IQPi exatamente? E de que forma essa ferramenta chega para melhorar o espectro de controle da sustentabilidade do sistema produtivo?

Priscila de Oliveira – O IQPi acrescenta o indicador sobre manejo da irrigação no SPD ao IQP e revê níveis críticos e fatores de ponderação de outros indicadores, por exemplo: no IQP o valor crítico do indicador Intensidade da Rotação (IR) era de 27 meses e no IQPi foi revisado para 30 meses, pois ao irrigar o produtor tem mais condições de manter o solo cultivado, com cobertura viva, durante o ano, então o crivo subiu. Outro exemplo, apesar de o indicador Tempo de Adoção (TA) não ser exatamente um indicador de manejo, devido à importância percebida pelos agricultores irrigantes ele foi mantido, contudo, com a concordância na diminuição do seu fator de ponderação, que passou de 1,0 no IQP para 0,25 no IQPi. Essas e outras alterações sugerem os indicadores nos quais o produtor deve prestar mais atenção para o melhor manejo de suas áreas.

FEBRAPDP – Qual a percepção inicial que deu origem ao projeto? Pode falar um pouco sobre esse contexto?

Priscila de Oliveira – A revisão e adaptação que gerou o IQPi ocorreu devido à necessidade de se validar nacionalmente o IQP (2.0) originário da região da bacia do Paraná 3. A equipe liderada pelo professor Ricardo Ralisch (UEL) realizou um excelente trabalho no Paraná e sentiu a necessidade de ampliar o alcance da ferramenta nas outras regiões adotantes do SPD. Para tanto, a Embrapa foi convidada a participar e então foi concebido o projeto SoloVivo. Neste, a validação do IQP foi feita nas regiões de Londrina (Cambé e Rolândia) e Toledo, PR; Maracaju, MS; Passo Fundo (Coxilha e Sarandi), RS; Rio Verde (Montividiu), GO e Paranapanema (Itaí), SP, tendo apenas nesta última a presença massiva de produtores irrigantes, o que motivou a proposição do IQPi.

FEBRAPDP – Como o IQPi funciona na prática?

Priscila de Oliveira – O IQPi é uma ferramenta de autoavaliação, no formato de um teste simples de perguntas e respostas que pontuam, cujo resultado indica uma condição do manejo das glebas, nas classes excelente, bom, médio, ruim ou muito ruim.

FEBRAPDP – Quais os benefícios previstos?

Priscila de Oliveira – O principal benefício é prática da autoavaliação pelo agricultor por meio de uma ferramenta simples e rápida. Com um lápis e um papel e o histórico dos últimos três anos é possível avaliar o manejo do talhão. O hábito de avaliar a condução do SPD, especialmente o irrigado, é um ganho imensurável para a agricultura nacional, cujo avanço tecnológico é incrível.

FEBRAPDP – Qual o grau de dificuldade de implantação e uso?

Priscila de Oliveira – A implantação e uso do IQPi requer apenas cálculos de soma e multiplicação. O que pode pegar alguns produtores de surpresa (e não é o caso dos parceiros que participaram da revisão do IQPi) é a necessidade do histórico da área; ou seja, quais espécies foram cultivadas nos últimos três anos, com os respectivos meses de semeadura e colheita. Além de anotações sobre erosão, por exemplo, dos últimos três anos também. Por isso dizemos que quando o produtor se autoavalia com o uso do IQPi já temos um importante benefício implícito que é a administração das glebas ou dos talhões da propriedade.

FEBRAPDP – A quem se destina? Outros sistemas de irrigação além dos pivôs também podem se valer do IQPi?

Priscila de Oliveira – O IQPi se destina a qualquer agricultor que adota SPD irrigado por pivô central, não sendo indicado para outros sistemas de irrigação.

FEBRAPDP – Como os produtores e técnicos interessados podem fazer para começar a utilizar a ferramenta?

Priscila de Oliveira – Os interessados podem baixar a publicação disponível em https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/202818/1/Indice-Participativo-Oliveira-Doc-119.pdf e responder ao questionário do Anexo 1, calcular a pontuação conforme a Equação 1 e conferir em qual classe de manejo se encontra. A partir disso, aí sim, avaliar, de preferência sempre com um técnico, analisar criticamente os resultados/notas individuais dos indicadores que merecem ser melhorados, ou seja, aqueles cujos valores ficaram abaixo do crítico, por exemplo. Assim, novas ações corretivas e/ou preventivas podem ser tomadas para a melhoria do manejo do SPD irrigado. Organizações coletivas podem fazer bom uso das questões agrupadas no Anexo 2.

FEBRAPDP – Quem participa da criação e desenvolvimento do projeto?

Priscila de Oliveira – O IQPi foi fruto da participação da Associação do Sudoeste Paulista de Irrigação e Plantio na Palha (ASPIPP),  Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação (FEBRAPDP) e Cooperativa Holambra no projeto realizado pela Embrapa, financiado pela Itaipu Binacional.

Fonte: FEBRAPDP – Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação

Equipe Mais Soja
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