Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações do milho em Chicago pouco se modificaram durante esta semana, fechando a quinta-feira (31) em US$ 3,90/bushel, contra US$ 3,86 uma semana antes.
As vendas líquidas de milho por parte dos EUA, no ano comercial 2019/20, iniciado em 1º de setembro, somaram 491.500 toneladas na semana encerrada em 17/10, representando uma melhoria de 15% sobre a média das quatro semanas anteriores. Já para o ano 2020/21 o total chegou a 91.400 toneladas. O mercado esperava um total somado entre 400.000 e 920.000 toneladas.
Por outro lado, a colheita do cereal nos EUA continua atrasada. Até o dia 27/10 a mesma alcançava a 41% da área, contra a média histórica de 61% para esta época do ano. O mercado esperava algo em torno de 43% colhido. Já as condições das lavouras ainda a serem colhidas ficaram em 58% entre boas a excelentes, 30% regulares e 12% entre ruins a muito ruins.
Neste contexto, o clima continua sendo um fator de muita atenção nos EUA já que a época de frios intensos se aproxima, fato que poderá atrapalhar a produtividade das lavouras mais tardias.
Na Argentina, a tonelada FOB de milho fechou a semana valendo US$ 164,00, enquanto no Paraguai a mesma ficou em US$ 122,50.
E no Brasil, os preços do milho permaneceram com viés de alta. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 34,45/saco, enquanto os lotes no Rio Grande do Sul oscilaram entre R$ 41,50 e R$ 42,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 27,00/saco em Sorriso (MT) e R$ 45,00/saco em Itanhandu (MG), passando por R$ 42,00 em Videira, Concórdia e Campos Novos (SC), assim como em Alfenas (MG).
O mercado virou a semana com preços firmes diante da estratégia dos produtores da safrinha em segurarem seus estoques. Com isso, os consumidores continuaram com dificuldades de suprir suas necessidades do cereal. Assim, os preços internos subiram um pouco mais, se descolando totalmente do preço nos portos e freando as exportações. O referencial Campinas chegou a bater em R$ 47,00/saco no início da semana, enquanto a indicação nos portos de Santos e Paranaguá ficou em R$ 40,00/saco.
Entretanto, no transcorrer da semana houve uma mudança na estratégia dos produtores da safrinha, particularmente os paulistas. Diante da cautela nas compras, adotada pelos consumidores, os produtores passaram a ofertar mais produto. O resultado deste movimento foi o recuo nos preços, fato que não ocorria há algum tempo.
O referencial Campinas veio a R$ 44,00/saco no CIF, perdendo três reais em poucos dias, embora a paridade de exportação não tenha melhorado já que o Real se valorizou, diminuindo a competitividade do produto exportado. Assim, os portos acabaram ficando com valores entre R$ 39,00 e R$ 40,00/saco, uma diferença ainda insuficiente para animar as exportações diante dos preços internos.
Quanto ao plantio da safra de verão de milho, até o dia 25/10 a mesma atingia a 56% da área, contra 67% na mesma época do ano passado.
Enfim, apesar da situação atual, as exportações continuam ocorrendo, podendo o Brasil superar a marca de 36 milhões de toneladas no atual ano comercial, que se encerra em 31 de janeiro próximo. Alguns analistas privados indicam, agora, um volume possível de 38 milhões de toneladas de milho exportadas. (cf. safras & Mercado)
Se isto ocorrer, os estoques finais nacionais serão menores do que o inicialmente projetado, podendo continuar a pressionar para cima os preços do cereal, pelo menos até o mês de março. Obviamente, muito irá depender da performance da nova safra de verão.
Além disso, mesmo com todo este movimento ocorrendo, os estoques finais em 31 de janeiro próximo ficariam em 12,3 milhões de toneladas, igualando o volume do ano anterior, porém, bem abaixo do recorde registrado na safra 2017/18, quando os mesmos atingiram a 21,7 milhões de toneladas.
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.