O presente trabalho tem por objetivo apresentar e comparar os métodos de irrigação por superfície, aspersão e localizada na cultura da soja, destacando os aspectos positivos e negativos de cada sistema.
Autores: Bruno Marcos Nunes Cosmo¹; Tatiani Mayara Galeriani²; Willian Aparecido
Leoti Zanetti³
Introdução
Nas últimas décadas é evidente a necessidade de encontrar formas alternativas e eficientes de aumentar a produtividade dos sistemas agropecuários, visto que a população mundial tende a um elevado crescimento e que tal população exija para suas atividades de sobrevivência o fornecimento de alimentos e artigos do setor primário, como matéria prima para vestimentas, construção e afins. Neste sentido, existem diversas técnicas que podem ser desenvolvidas e/ ou reformuladas visando atender a estas exigências, dentre tais técnicas pode-se citar a irrigação. A irrigação é uma técnica milenar que visa fornecer água de forma artificial para as plantas para suprir as exigências hídricas totais ou parciais das mesmas, em casos de falta de precipitações, ou em regiões, onde se a prática o cultivo agrícola não seria possível (Ferreira, 2011).
Dentre as culturas de importância econômica, pode-se destacar a soja, considerada a principal oleaginosa produzida no mundo, onde o Brasil configura-se como o segundo maior produtor da mesma, sua importância no país é tão elevada que a mesma representa a principal cultura em área e volume de produção no país (Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, 2016). A soja assim como outras culturas está em constante estudo de formas para melhorar sua produtividade e a eficiência do sistema de produção. Alinhando-se a isso a irrigação pode ser aplicada visando obter o máximo potencial da cultura em diferentes regiões e empregando diferentes meios.
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Considerando as afirmações acima, o presente trabalho tem por objetivo apresentar e comparar os métodos de irrigação por superfície, aspersão e localizada na cultura da soja, destacando os aspectos positivos e negativos de cada sistema.
Material e Métodos
Buscando uma forma de atingir ao objetivo proposto, realizou-se uma pesquisa de abordagem qualitativa empregando o método de pesquisa bibliográfica para confeccionar uma pequena revisão de literatura comparando os métodos de irrigação por superfície, aspersão e localizada na cultura da soja. Para a pesquisa utilizou-se plataformas de busca online, para encontrar livros e artigos científicos, utilizando preferencialmente materiais com menos de 10 anos de publicação, encontrados através do uso de descritores como palavras chave na busca por material de qualidade.
Resultados e Discussão
Para a maioria das culturas agrícolas, pode-se empregar diferentes sistemas de irrigação, entretanto, o comportamento da cultura poderá ser distinto para cada sistema e/ ou conjunto de fatores como sistema, cultura e clima. Em geral os sistemas empregados são pertencentes aos três grandes métodos de irrigação empregados (inundação, aspersão e irrigação localizada).
A segmentação dos métodos de irrigação em diferentes sistemas é apresentada na Tabela 1, serão considerados alguns dos sistemas presentes para a continuação do trabalho. O cultivo de soja por sistemas do método de inundação não é considerado um método preferencial, mas é utilizado de acordo com o trabalho de Parfitt et al. (2015), em áreas de rotação com a cultura do arroz que se utiliza do método.
O emprego de irrigação por superfície também é descrito por Sartori et al. (2015), em ambos os trabalhos se destaca que o cultivo de soja utilizando-se sistemas do método de inundação demandam cuidados com a drenagem, pois o manejo desse sistema na soja é muito diferente do manejo empregado no arroz, inundação contínua impossibilita o cultivo, por exemplo. Para os sistemas de aspersão Comin (2016), trabalhando com sistemas de irrigação por pivô central, destaca que o processo de irrigação na soja pode gerar incrementos de até 50% na produtividade em comparação ao cultivo de sequeiro. Entretanto, destaca que o custo de implantação do sistema é elevado e o período de retorno do investimento é prolongado.
De acordo com Alves Júnior et al. (2018), o emprego de pivôs na cultura da soja é viável em regiões que apresentem oscilações e/ ou déficits de precipitação, desde que se considere o sistema, ou seja, o aproveitamento do pivô central para outras culturas, como a sucessão soja e milho segunda safra. Quanto ao método de irrigação localizada não são encontradas muitas informações sobre sua aplicação na cultura da soja em extensas áreas, Simeão et al. (2014), destaca que o sistema pode ser aplicado considerando-se eficiência de aplicação e uso de água, entretanto, não apresenta dados sobre viabilidade econômica e operacional de seu uso.
De acordo com o Agrolink (2015), uma nova modalidade de irrigação para soja é o gotejamento subterrâneo, essa técnica após a instalação permite a mecanização da área, igual a uma lavoura sem irrigação, possibilita a aplicação de fertilizantes, garante o suprimento adequado de água a cultura e gera produtividades até 100% maiores que no sistema de sequeiro. Portanto, considerando tais informações, a cultura da soja desde que o manejo seja realizado de forma adequado pode ser irrigada por diferentes sistemas, atentando-se a necessidade hídrica para que não seja gerado déficit ou excesso hídrico, as produtividades geradas para todos os sistemas em geral são o dobro do sistema não
irrigado.
Tabela 1. Alguns Métodos e Sistemas de Irrigação.
Conclusão
Considerando as informações levantadas, observa-se que a soja pode ser cultivada por sistemas de inundação, pivô central, gotejamento e gotejamento subterrâneo, além de outros sistemas que não foram mencionados. Conclui-se que a escolha do sistema leva em considerações mais fatores do que apenas a resposta da cultura, a região em que a lavoura se insere, o nível de mecanização empregado, o sistema de cultivo utilizado, tudo interfere na escolha do melhor sistema, por exemplo, o pivô central têm custo de implantação elevado, entretanto, não impede a mecanização da área de produção.
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Referências
AGROLINK. Sistema de irrigação subterrâneo alavanca em até 46% a produtividade de grãos. Agrolink, 2015.
ALVES JÚNIOR, J. et al. Viabilidade econômica da irrigação por pivô central nas culturas de soja, milho e tomate. Pesquisa Agropecuária Pernambucana, 22:1-6, 2018.
COMIN, M. F. Viabilidade econômica de implantação de pivô central na cultura de soja no município de Dom Pedrito – RS. 2016. 41f. TCC (Graduação em Agronegócio) – Universidade Federal do Pampa, Dom Pedrito, 2016.
CONAB. A produtividade da soja: Análise e perspectivas. Brasília: Conab, 2016.
FERREIRA, V. M. Irrigação e Drenagem. Floriano: UFPI, 2011. 126p.
PARFITT, J. M. B. et al. Avanços tecnológicos no manejo do solo e da água visando o
cultivo de soja em rotação ao arroz irrigado. Brasil: Embrapa, 2015. 7p.
SARTORI, G. M. S. Rendimento de grãos de soja em função de sistemas de plantio e irrigação por superfície em planossolos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 50:1139-1149, 2015.
SIMEÃO, M. et al. Desempenho de um sistema de irrigação por gotejamento na cultura da soja. In: Seminário de Pós-Graduação da UFPI, Bom Jesus, 2014. Anais…, Bom Jesus: UFPI, 2014.
TESTEZLAF, R. Irrigação: Métodos, sistemas e aplicações. Campinas: UNICAMP, 2017. 215p.
Informações dos autores
¹ Mestrando em Irrigação e Drenagem, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Botucatu/SP.
² Mestranda em Agricultura, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Botucatu/SP.
³ Mestrando em Irrigação e Drenagem, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Botucatu/SP.
Disponível em: Anais do II Congresso Online para Aumento de Produtividade do Milho e Soja (COMSOJA), Santa Maria, 2019.