A Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos, a NOAA, oficializou nesta quinta-feira o retorno do fenômeno La Niña. Em boletim publicado no dia 30 de dezembro, a MetSul Meteorologia já havia antecipado que a La Niña havia se instalado e que um anúncio pela NOAA era iminente e deveria se dar no começo do mês de janeiro.
De acordo com o informe publicado hoje pela NOAA, as condições de La Niña estão presentes no Pacífico Tropical e devem persistir de fevereiro a abril de 2025 (59% de chance), com uma transição para neutralidade provavelmente durante março a maio de 2025 (60% de chance).
Conforme a agência norte-americana, as condições de La Niña surgiram em dezembroe foram refletidas em temperaturas da superfície do mar abaixo da média no Oceano Pacífico equatorial Central e Centro-Leste. O resfriamento das águas subsuperficiais no Oceano Pacífico equatorial se fortaleceu significativamente com temperaturas abaixo da média dominando o Oceano Pacífico equatorial Central e Leste.
Ainda segundo a NOAA, anomalias de vento em baixos níveis da atmosfera típicas de La Niña foram observadas. Além disso, a convecção (instabilidade) foi suprimida sobre a Linha de Data e foi intensificada sobre a Indonésia. Os índices tradicionais e equatoriais de Oscilação Sul foram positivos, o que é sinal da fase fria. “Coletivamente, o sistema acoplado oceano-atmosfera indicou condições de La Niña”, resumiu a NOAA.
O evento de La Niña que está nos seus estágios iniciais não será prolongado. Ao contrário do evento de 2020 a 2023, que foi atipicamente longo, este deve ser muito curto e fraco, perdurando três a cinco meses, conforme os dados dos modelos de clima.
É bastante atípico que um evento de La Niña se inicie ou seja declarado ao redor da virada do ano. Pendente de confirmação, pode ser o começo do fenômeno mais tardio do fenômeno já observado nos últimos 50 anos, já que o fenômeno em regra começa no fim do inverno austral ou no começo da primavera. CONDIÇÃO ATUAL DA LA NIÑA Hoje, de acordo conforme os dados da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, desta segunda-feira, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central-Leste (região Niño 3.4) está em -0,7ºC. O valor está na faixa de La Niña fraco (-0,5ºC a -0,9ºC).
A anomalia na semana anterior chegou a -1,1ºC e foi a menor até agora observada neste ano nesta região do Pacífico Equatorial designada para verificar se há El Niño ou La Niña. Nesse sentido, a anomalia média de temperatura da superfície do mar na região designada para identificar se há El Niño, neutralidade ou La Niña no Pacífico Equatorial Centro-Leste foi de -0,8ºC nas últimas quatro semanas, ou seja, em patamar de La Niña fraco.
Por outro lado, na chamada região Niño 1+2, que mede a temperatura do mar na costa do Peru e do Equador, mas não é usada para designar se há Niña ou Niño, a anomalia atual é de 0,1ºC, assim em patamar neutro. O episódio de resfriamento se concentra desta forma no Pacífico Centro-Leste, logo é um evento mais centralizado de resfriamento e não em toda a faixa equatorial Centro-Leste.
EFEITOS DA LA NIÑA JÁ SE SENTIRÃO NA CHUVA NO COMEÇO DE 2025
Com o resfriamento do Pacifico, a MetSul projeta que neste janeiro já serão sentidos os efeitos do fenômeno no Brasil com redução da chuva e déficit de precipitação em áreas do Sul do Brasil e aumento da chuva na Região Nordeste, o que é a condição clássica de La Niña. O fenômeno pode determinar períodos mais prolongados de chuva irregular e abaixo da média agora neste verão em vários pontos no Sul do Brasil, particularmente no Rio Grande do Sul e em especial no Oeste e no Sul gaúcho
Por isso, a MetSul Meteorologia entende ser alto o risco de áreas do Sul do país enfrentarem déficit de precipitação, o que vai afetar a agricultura em diversos municípios com perda de produtividade em milho e soja. O Rio Grande do Sul já começa a sofrer com uma estiagem.
O cenário só não será pior porque em muitas áreas há umidade no solo resultante do ano de 2024 chuvoso e pela precipitação ocorrida nos meses de novembro e dezembro. Em fortes estiagens de verão da história recente, a escassez de chuva começou ainda entre outubro e dezembro do ano anterior com agravamento no verão, o que não se deu na primavera deste ano. Ocorre que com o tempo seco prolongado e o calor, a perda de umidade do solo se acelera e pode ocorrer de forma rápida.
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Fonte: Metsul Meteorologia