O fenômeno ENOS (El Niño-Oscilação Sul) é um fenômeno de grande escala que afeta o clima em diversas regiões do mundo, sendo ele o responsável pela variabilidade atmosférica interanual na América do Sul (Araújo et al., 2013). Ele traz consigo mudanças no padrão de elementos meteorológicos (temperatura, distribuição e frequência de chuvas, e disponibilidade de radiação solar) em alguns locais do mundo (Grimm, 2003 e 2004; Kayano et al., 2011 e 2013). Sua caracterização é dada pelo aquecimento (El Niño) ou resfriamento (La Niña) das águas superficiais do oceano Pacífico.

Figura 1. Evolução do fenômeno ENOS, desde 1950. Os valores acima da linha tracejada vermelha indicam a ocorrência do fenômeno El Niño, os valores abaixo da linha tracejada azul indicam ocorrência de La Niña e entre as linhas indicam anos Neutros.

Fonte: Climate Prediction Center (https://www.cpc.ncep.noaa.gov/).

Ao contrário do que ocorreu na última safra (2023/2024), marcado pelo fenômeno El Niño, que trouxe melhores condições pluviométricas para a região sul e uma diminuição nas regiões do centro-oeste e norte do Brasil, perspectivas mostram que para a próxima safra (2024/2025) o cenário será diferente. A maioria dos modelos indicaram que o El Niño persistiria até março de 2024 e depois fará a transição para Neutro durante abril-junho 2024. Após um breve período de condições neutras, a maioria dos modelo indicar uma transição para La Niña por volta de julho a setembro de 2024.

Uma transição do El Niño para Neutro é provável entre abril e junho de 2024 (85% chance), com as chances de La Niña se desenvolver até junho-agosto de 2024 (60% chance).

Figura 2. Transição do El Niño para Neutro entre abril e junho de 2024 e chances de La Niña se desenvolver até junho-agosto de 2024.

Fonte: Climate Prediction Center (https://www.cpc.ncep.noaa.gov/).

Ao analisar o histórico das safras entre 1980 a 2022 do Rio Grande do Sul, observamos a ocorrência de El Niño em 14 anos, La Niña em 16 anos e anos Neutros em 13 anos. No decorrer desses anos, ocorrência de El Niño no Sul do Brasil está associada à produtividades acima da média histórica em 85% do anos, enquanto que apenas 50% dos anos de La Niña e 54% dos anos Neutros as produtividades são acima da média histórica. A safra 2004/2005 é uma exceção dos anos de El Niño pela ocorrência do aquecimento desorganizado do Pacífico, caracterizado por El Niño Modoki.

Figura 3. Associação entre a produtividade média de soja no Rio Grande do Sul, Brasil, e a ocorrência do fenômeno ENOS entre 1979/1980 a 2021/2022. A linha representa a taxa de aumento da produtividade.

Fonte: Tagliapietra et al., 2022 – Ecofisiologia da soja visando altas produtividades.

Diante desse cenário de projeção de La Niña, caracterizado por períodos de menor distribuição e volumes de chuvas, é indispensável o monitoramento dos padrões climáticos para cada região e, desde já, planejar as estratégias de manejo para mitigar os impactos adversos do La Niña na produção de soja. Sites públicos estão disponíveis para realizar esse acompanhamento das previsões de curto prazo, como INMET, INPE, e a longo prazo, NOAA e Columbia. O produtor com o suporte dessa previsão consegue de certa forma posicionar melhor seus materiais, diminuindo riscos e atingindo maiores produtividades.

Referências Bibliográficas

Ecofisiologia da soja: visando altas produtividades / Eduardo Lago Tagliapietra… [Et Al.]. 2. Ed. Santa Maria: [S. N.], 2022.

Climate Prediction Center. National Weather Service. 15/04/2024. Disponível em: [https://www.cpc.ncep.noaa.gov/ ]. Acesso em: 19/04/2024.

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