O monitoramento populacional de lagartas na soja passou por um período de negligência após a introdução das cultivares Bt, sendo novamente estimulado alguns anos depois, com a chegada da lagarta Helicoverpa armigera. Essa prática envolve a quantificação tanto de adultos (mariposas) quanto de larvas (lagartas), bem como a correta identificação da espécie amostrada, garantindo uma tomada de decisão assertiva quanto ao emprego de táticas de manejo.
As mariposas podem ser monitoradas por meio de armadilhas luminosas que capturam machos e fêmeas, ou com armadilhas de feromônio sexual, que capturam somente machos e são específicas para cada espécie. Embora menos empregado que o monitoramento das lagartas, esse pode ser um bom indicativo do início da infestação da praga, sinalizando a ocorrência de adultos colonizadores na lavoura e em seu entorno.
Além do monitoramento de adultos com armadilhas, a observação das plantas de soja visando à contagem e identificação de ovos, lagartas e injúrias é primordial para a definição da estratégia de manejo. Deve ser feita uma verificação minuciosa das folhas e de toda a planta, desde o início do desenvolvimento da cultura até o final do ciclo, pelo menos duas vezes por semana (Figura 1).
Figura 1. Monitoramento de lagartas nos estágios V1 a V3 (A), V4 a Vn (B) e R1 a R7 (C) das plantas de soja.
Os dados referentes às vistorias devem ser anotados em uma ficha de avaliação, registrando as espécies encontradas, número de lagartas e tamanho das mesmas em cada ponto amostral. Por meio desses dados obtém-se uma média de ocorrência de lagartas por unidade de lavoura, que deverá receber o tratamento de controle de acordo com as características da população infestante.
Os procedimentos para o monitoramento de lagartas variam de acordo com o estádio fenológico da cultura da soja. Entre os estágios V1 e V3, recomenda-se vistoriar 2,0 m de fileira de soja (1,0 m2), examinando minuciosamente as folhas e brotos, contando ovos e lagartas. De V4 até o final da fase vegetativa (Vn), deve-se realizar a batida de pano tradicional em 2,0 m de fileira
de soja (1,0 m2), além de vistoriar minuciosamente as folhas e brotos, contando ovos e lagartas. Entre R1 e R4, efetua-se a batida de pano vertical em 2,0 m de fileira de soja (1,0 m2), examinando minuciosamente as folhas, brotos, flores e legumes, contando lagartas. Por fim, de R5 a R7, recomenda-se novamente realizar a batida de pano vertical em 2,0 m de fileira de soja (1,0 m2) e vistoriar minuciosamente os legumes, contando lagartas.
Com base nos dados obtidos, é possível determinar se a população infestante atingiu o nível de controle para a cultura da soja, justificando a adoção de medidas de controle. Esse limiar de ação é variável de acordo com a espécie em questão, seu hábito alimentar, rentabilidade do produto final e custos de controle. A Embrapa classifica as lagartas da soja em três grupos principais, atribuindo um nível de controle diferente para cada grupo (Figura 2).
Figura 2. Níveis de ação para as principais lagartas da soja, de acordo com o número de insetos por metro de linha da cultura.
Esses são valores generalizados, podendo haver desdobramentos em função do potencial de dano de cada espécie-praga e do estádio fenológico das plantas de soja atacadas. Para saber mais sobre como é determinado o nível de dano econômico das pragas, clique aqui: https://maissoja.com.br/determinacao-do-nivel-de-dano-economico-de-um-inseto-praga/
Revisão: Prof. Jonas Arnemann, PhD. e coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM
Referências:
GUEDES, J. V. C. et al. Lagartas da soja: das lições do passado ao manejo do futuro. Revista Plantio Direto, v. 144, p. 6–18, 2015.
GRIGOLLI, J. F. J. Pragas da soja e seu controle. Tecnologia e Produção: Soja 2014/2015. Disponível em: https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/214/214/newarchive-214.pdf
NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R. A. Entomologia econômica. Piracicaba: Ceres, 1981. 314 p.