Atualmente, as plantas do gênero Amaranthus têm se destacado negativamente na agricultura, sendo consideradas algumas das principais e mais preocupantes plantas daninhas que infestam lavouras brasileiras. Popularmente conhecido como caruru, esse grupo de plantas apresenta elevada capacidade competitiva, rápido crescimento e desenvolvimento, alta produção de sementes e, em alguns casos, resistência a herbicidas.

Os danos causados pelo caruru variam de acordo com a densidade populacional da planta daninha, a espécie envolvida e o período de convivência com a cultura agrícola. Há relatos de perdas de produtividade superiores a 91% no milho, 79% na soja e 77% no algodão (Gazziero & Silva, 2017).

Embora a produção de sementes do caruru dependa das condições edafoclimáticas e da espécie, algumas plantas podem produzir entre 80.000 e 250.000 sementes por indivíduo, podendo chegar a 1 milhão sob condições ambientais favoráveis, como ocorre com Amaranthus palmeri. Normalmente, as sementes do caruru são pequenas, lisas, com tamanho entre 1 e 2 mm, de formato arredondado ou discóide, e coloração variando entre marrom-avermelhada e preta (Gazziero & Silva, 2017).

Figura 1. Sementes de caruru (Amaranthus sp.).

Devido às características físicas das sementes, o uso de máquinas contaminadas com sementes é a principal forma de dispersão (A). As sementes do caruru são extremamente pequenas (B) e difíceis de visualizar quando misturadas aos resíduos das colheitadeiras (C). Nesse contexto, a limpeza das colhedoras é uma das principais estratégias para evitar a disseminação do caruru. A limpeza das máquinas, eliminando os resíduos, evita a introdução da planta daninha em novas áreas e deve ser realizada antes do deslocamento do equipamento para outra propriedade e/ou talhão (D) (Gazziero et al., 2023).

Figura 2. (A) Máquina contaminada com sementes de caruru; (B) sementes de caruru; (C) resíduos culturais; (D) transporte das colhedoras.
Adaptado: Gazziero et al. (2023)

Basicamente, existem dois tipos de limpeza de colhedoras de grãos: a limpeza rápida, realizada quando a máquina é movimentada entre talhões, propriedades ou na troca de variedades; e a limpeza completa, realizada ao final da safra, antes do armazenamento da máquina ou quando se planeja sua transferência para diferentes propriedades, municípios ou estados (Cruz, 2024).



Durante a colheita da soja, a limpeza rápida já contribui significativamente para a redução da disseminação do caruru. Para realizá-la, deve-se seguir o protocolo ilustrado na Figura 3.

Figura 3. Etapas de inspeção e limpeza rápida das colhedoras de grãos.
Adaptado: Cruz (2024)

Esse processo deve ser realizado com o auxílio de ar comprimido ou soprador para remover materiais secos, como folhas, resíduos culturais, sementes e palhada. Após a limpeza externa da colhedora, deve-se proceder com a limpeza interna, removendo detritos de áreas críticas que possam abrigar sementes, como o retorno sem-fim e o retorno de grãos limpos (Figura 4).

Figura 4. Máquinas com acúmulo excessivo de plantas e sementes: alimentador (A), peneiras (B), eixos (C), coletor de pedras (D), sem-fim de separação (E) e sem-fim de retrilha (F).
Fonte: Cruz (2024)

Após a limpeza dos componentes internos e externos da máquina, os resíduos devem ser recolhidos e destruídos para evitar que as sementes germinem. Assim, a máquina estará pronta para a próxima colheita. Recomenda-se repetir esse procedimento sempre que houver mudança de talhão ou, pelo menos, entre lavouras distintas.

Áreas com alta infestação de plantas daninhas no momento da colheita exigem atenção especial, principalmente quando envolvem espécies resistentes a herbicidas. O mesmo se aplica a colhedoras provenientes de outras regiões ou estados. A limpeza das máquinas antes da entrada em novas áreas contribui para reduzir a introdução de novas espécies de plantas daninhas e minimizar a disseminação do caruru em ambientes agrícolas.

Confira abaixo o vídeo preparado pelo Comitê de Ação à Resistência aos Herbicidas – HRAC-BR.


Veja Mais: Orientações para reduzir as perdas de colheita em soja


Referências:

COMITÊ DE AÇÃO A RESISTÊNCIA AOS HERBICIDAS. LIMPEZA DE COLHEDORA: COMO PROTEGER MINHA LAVOURA DAS PLANTAS DANINHAS RESISTENTES. HRAC-BR. Disponível em: < https://www.hrac-br.org/ >, acesso em: 03/03/2024.

CRUZ, J. B. C. da. LIMPEZA DE COLHEDORAS DE GRÃOS. SENAR AR/PR, 2024. Disponível em: < https://www.sistemafaep.org.br/wp-content/uploads/2024/08/PR.0375-Limpeza-de-Colhedoras-de-Graos_web.pdf >, acesso em: 03/03/2024.

GAZZIERO, D. L. P.; et al. CARURU-PALMERI: CUIDADO COM ESSA PLANTA DANINHA. Embrapa Soja, 2023. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1152972  >, acesso em: 03/03/2024.

GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇÃO E MANEJO DE Amaranthus palmeri. Embrapa, Documentos, n. 384, 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/159778/1/Doc-384-OL.pdf >, acesso em: 03/03/2024.

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