No Brasil, a preocupação com o descarte de embalagens vazias vem crescendo na mesma proporção que o uso de defensivos nas lavouras. Diante dessa preocupação, os programas de logística reversa de embalagens vem sendo uma necessidade comum da sociedade.

Neste cenário, pensar na eficiência do descarte de embalagens vazias significa priorizar também a conservação do meio ambiente. Por isso, foi criado pelo inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias) o Sistema Campo Limpo, caracterizado por representar toda a logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas.

Além de contribuir com a sociedade e com o meio ambiente, a ação está se tornando uma atividade econômica de crescente importância tanto para a sociedade quanto para as organizações, com grandes benefícios para todos os elos.

Logística Reversa de embalagens vazias: Qual o conceito?

No Brasil, o termo “logística reversa” é apresentado pela PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) que, por meio da Lei 12.305/2010, define a logística reversa como:

Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”.

O Sistema Campo Limpo, representação da Logística Reversa de Embalagens Vazias de Defensivos Agrícolas no Brasil, segue o mesmo conceito, com a logística reversa sendo entendida como todo o processo de pós-consumo que a embalagem deverá percorrer até chegar ao seu destino ambientalmente e socialmente correto.

Sistema Campo Limpo: responsabilidade compartilhada entre os elos da cadeia

No Brasil, o Sistema Campo Limpo, criado pelo inpEV, é o programa de logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas, que foi estabelecido pela Lei Federal 9.974/00 e seu respectivo Decreto Lei 4074/2002.

Mário Fujii, gerente de logística do inpEV, explica que a legislação desse sistema estabelece o conceito de responsabilidade compartilhada: “Essa legislação apresenta as obrigações de cada um dos elos da cadeia produtiva agrícola, ou seja, fabricantes, canais de distribuição, agricultores e o poder público”.

Nesse sentido, Fujii indica as responsabilidades de cada um dos elos do sistema:

  • Ao agricultor cabe lavar adequadamente as embalagens vazias após uso, inutilizando-as, armazenando-as corretamente e entregando no prazo de até um ano em uma unidade de recebimento;
  • Ao comerciante cabe informar na nota fiscal de venda o local de entrega da embalagem, além de gerenciar a unidade de recebimento;
  • A responsabilidade por dar a destinação ambientalmente correta às embalagens vazias é da indústria fabricante, que deve as encaminhar para reciclagem ou incineração;
  • O poder público tem a responsabilidade de licenciar os locais de recebimento e fiscalizar o cumprimento da legislação.

O gerente de logística do inpEV complementa: “Ao lado da legislação e das responsabilidades compartilhadas, a obrigatoriedade de promover a educação e a conscientização dos agricultores sobre a importância de seguir os procedimentos corretos é outro fator determinante para o sucesso do Sistema”.

O produtor depende da logística reversa de embalagens vazias de defensivos

A previsão de crescimento da população mundial, que passará de 7,6 bilhões de habitantes para 9,8 bilhões, em 2050, é um grande desafio na atualidade, sendo necessário garantir o aumento da produção de alimentos sem gerar impactos negativos ao meio ambiente – e o destino das embalagens de defensivos é parte importante nisso.

Nesse contexto, cabe ao agricultor atuar lavando e devolvendo as embalagens vazias de defensivos agrícolas que ele utilizará. Ao fazer isso, Fujii diz que o agricultor faz a sua parte para a saúde do planeta e para a economia num contexto mais amplo, o colocando como participante desse objetivo sustentável do planeta.

Segundo ele, neste mundo globalizado, vários mercados, como o europeu, adquirem alimentos onde há produção certificada relacionadas às boas práticas agrícolas, à qualidade, à segurança. Aquele agricultor que não se enquadrar nisso, pode estar fora do mercado.

Para que o produtor não seja aliado deste mercado, é fundamental que ele cumpra estas exigências, onde fazer a sua parte na responsabilidade dentro da logística reversa de embalagens é essencial, que no caso é dar o correto destino às embalagens”, ressalta Mário Fujii.

Além disso, Fujii explica que para todos os setores que atuam em logística reversa, o desafio é atingir a autossustentabilidade. “Precisamos gerar um ciclo virtuoso visando proteger o meio ambiente e a saúde humana. Para isso, a adoção de programas de logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas é fundamental”. O Sistema Campo Limpo já contribuiu evitando, entre 2002 e 2018, a emissão de 688 mil toneladas de CO2eq. “Esse volume é equivalente a 4 mil viagens em torno da terra realizadas por um caminhão, segundo estudo realizado pela Fundação Espaço Eco”.

Se fossem abandonadas no ambiente ou descartadas inadequadamente, as embalagens de defensivos agrícolas poderiam comprometer o solo, as águas superficiais e os lençóis freáticos e, consequentemente, poderiam afetar a saúde econômica da atividade.

Fonte: Portal da Agrishow Digital

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