O Mg compõe cerca de 2% da crosta terrestre e no solo tem sua origem em minerais primários silicatados como hornblenda, augita, olivina, talco, serpentina, clorita, biotita. No entanto, a principal fonte de Mg para o manejo da fertilidade do solo é a dolomita – CaCO3
.MgCO3 (Slater, 1952; Tisdale et al., 1985; Sousa et al., 2007; Raij, 2011).
Fonte: Embrapa, DOCUMENTOS 430
Os solos brasileiros são de modo geral pobres em Mg. Isso se deve tanto ao material de origem com baixas concentrações no nutriente quanto a intensos processos pedogenéticos ao longo da formação dos solos nos quais os produtos de intemperização como o Mg são lixiviados. O processo de acidificação do solo também influencia negativamente o Mg devido a reduzida estabilidade de carbonatos, sulfatos, silicatos e aluminossilicatos de Mg em meios ácidos.
No solo, o Mg total pode ser dividido nas frações: (1) não trocável, presente na estrutura dos minerais; (2) trocável, que está adsorvido de forma eletrostática aos coloides minerais e orgânicos do solo e, (3) como íon livre na solução do solo cujas concentrações variam de 5 a 50 mg/L (Tisdale; Nelson, 1993).
As três frações se mantém em equilíbrio termodinâmico. A fração, ou fase não trocável, a qual contém a maior proporção do Mg total, é composta pelo Mg dos minerais primários e por parte do Mg de minerais de argila secundários (Mengel; Kirkby, 1978; Melo et al., 2000).
Magnésio nas plantas
As plantas absorvem o magnésio como íon Mg2+ e nessa forma o nutriente é transportado, via xilema, para diversas partes das plantas em desenvolvimento e incorporado pelas células onde desempenha importantes funções no metabolismo vegetal, como a atividade fotossintética e a incorporação do carbono (C) (Marschner, 2012). O Mg também desempenha um papel fundamental nos mecanismos de defesa das plantas em condições de estresse abiótico (Senbayram et al., 2015), sendo altamente influenciado pela intensidade luminosa. Assim, plantas cultivadas em condições de elevada intensidade luminosa parecem ter maior necessidade por Mg do que plantas cultivadas em ambientes com menor intensidade luminosa (Cakmak; Yazici, 2010).
Diferentemente do Ca, o Mg é rapidamente redistribuído via floema das regiões maduras para as mais novas da planta, com crescimento ativo (Malavolta, 1976; Epstein; Bloom, 2005). Ou seja, das folhas mais velhas na parte inferior das plantas, para as folhas mais novas na parte superior das plantas e também para os órgãos reprodutivos.
Parte do Mg absorvido pelas plantas é constituinte estrutural da clorofila (Figura 3), molécula orgânica fundamental no processo físico-químico da fotossíntese, e da vida. O Mg é o átomo central da molécula de clorofila, correspondendo ao redor de 2,7% do peso molecular da clorofila e, dependendo do estado nutricional, entre 6 e 25% do Mg total das plantas está ligado à clorofila (Marschner, 2012). Em geral, outros 5 a 10% do Mg total estão presentes nas folhas, firmemente associado à pectina nas paredes celulares ou precipitado como sais pouco solúveis no vacúolo, participando da regulação osmótica. No entanto, entre 60 a 90% do Mg acumulado nas plantas é extraível com água (Marschner, 2012) e, portanto, permanece solúvel e confere o caráter móvel ao nutriente.
O Mg executa um grande número de funções, em adição ao seu papel estrutural na clorofila. Juntamente com K, é um dos principais ativadores enzimáticos em vegetais, participando diretamente da síntese de carboidratos, ácidos nucléicos e no metabolismo de transferência de energia via trifosfato de adenosina (ATP) (Epstein; Bloom, 2005; Cakmak; Yazici, 2010). Cerca de 75% do Mg foliar está envolvido na síntese proteica (White; Broadley, 2009), atuando como ativador enzimático no metabolismo e incorporação do carbono fotossintético (Cakmak; Kirkby, 2008). Por essa razão, o suprimento adequado de Mg é importante para a soja, uma planta que acumula ao redor de 40% de proteína nos grãos, em uma faixa de variação de 31,7 até 57,9%, em base seca (Pipolo et al., 2015).
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Manejo para o equilíbrio nutricional da soja, dos autores Castro et al (DOCUMENTOS 430, ISSN 2176-2937 Setembro/2020) clicando aqui.
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