A Mancha alvo, causada pelo fungo (Corynespora cassiicola) está presente na soja e principalmente no sistema soja-algodão. Na oleaginosa, a doença já causou muitos problemas para os produtores na safra 2019/20 e segundo a doutora em proteção vegetal, Mônica Anghinoni Müller, pesquisadora da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso, Fundação MT, temos um cenário parecido para a 2021/22.
Com a chegada do período de chuvas, o ambiente fica propício para a proliferação do fungo, por conta da alta umidade. “Além disso, a soja está se desenvolvendo bem vigorosa, fechando a entrelinha, que é algo que também favorece a Mancha alvo”, explica a especialista.
Ocorrência e sintomas
Ao longo dos anos, a Mancha alvo tem ocorrido principalmente no Cerrado brasileiro, em locais onde acontecem o sistema de cultivo da soja-algodão. “O produtor colhe a oleaginosa em janeiro e planta a pluma na sequência, então você tem a doença na primeira cultura e na cultura subsequente, a doença não interrompe seu ciclo”, relata a pesquisadora. Em compensação, o milho não é hospedeiro do fungo, então já o sistema soja-milho não favorece tanto a infestação pela Mancha alvo quanto o sistema soja-algodão.
A doutora relata ainda que em regiões com esse sistema soja-algodão de cultivo há mais ocorrência do fungo, porém, no estado do Paraná, por exemplo, onde predomina o cultivo de soja no sistema de rotação com milho ou trigo, a doença também está começando a aparecer.
O principal efeito observado em lavouras atacadas é o de desfolha, que se inicia no baixeiro da planta onde as condições de umidade são mais favoráveis à ocorrência da doença. “A mancha alvo ocasiona a desfolha, e o produtor acaba colhendo menos, o grão não consegue ter tanto peso, pois a doença compete com o enchimento dele, ou seja, ele acaba ficando um pouco menor. A margem de danos é de 35% a 40%”, detalha Mônica.
Olho vivo e formas de controle
Para não ter dor de cabeça com a doença, a pesquisadora da Fundação MT orienta o agricultor a estar sempre atento e a conhecer qual é a cultivar que ele está plantando em sua área, já que existe um nível de sensibilidade dos materiais para a Mancha alvo. Outro ponto a ser considerado é o sistema de produção, como o sistema soja-algodão, que acaba por favorecer mais a ocorrência da doença. “O terceiro ponto é o momento de entrada com o manejo de fungicidas, é importante que a primeira aplicação seja realizada antes do fechamento da entrelinha para que o fungicida atinja o baixeiro da planta, e evite que a doença se desenvolva para os terços médio e superior da planta. Este ponto leva em consideração a umidade no baixeiro, que favorece a cultura, ou seja, safras como esta de 2021/22 no estado de Mato Grosso que grande parte da soja esteja recebendo grandes períodos de molhamento foliar pela precipitação, tendem a fechar mais rápido a entrelinha e manter o ambiente mais favorável ao fungo”, pontua.
Como bem citado na literatura a “doença não é a regra, ela é exceção”, isso quer dizer que no período vegetativo não encontramos tantas manchas na lavoura, pois a planta está conseguindo naturalmente se defender do ataque de patógenos, a medida que o estádio reprodutivo avança na cultura, grande parte do fotoassimilado da planta é direcionado para o enchimento de grãos e a defesa natural da planta é consequentemente reduzida, neste momento é importante fazer as aplicações corretamente com intervalos de 14 dias para se obter um manejo de sucesso.
E quais as ferramentas que existem para o controle da mancha alvo? A primeira delas é realmente o uso de fungicidas, tanto os sítio-específicos, quanto misturas com multissítios, com destaque para o desempenho do Mancozeb. “Fazer o uso de cultivares mais tolerantes ao fungo e fazer a rotação de culturas”, afirma a doutora.
Fundação MT: Criada em 1993, a instituição tem um importante papel no desenvolvimento da agricultura, servindo de suporte à classe agrícola na missão de dar vida aos resultados através do desenvolvimento de tecnologias aplicadas à agricultura. A sede está situada em Rondonópolis-MT, contando com três laboratórios e casas de vegetação, um centro de pesquisa local e outros seis Centros de Pesquisa Avançada (CAD) distribuídos pelo Estado nas cidades de Sorriso, Nova Mutum, Sorriso, Itiquira, Primavera do Leste e Serra da Petrovina.
Fonte: Assessoria de Imprensa Fundação MT
Foto de capa: Maurício Stefanelo – Ceres Consultoria