Autores: Erlei Melo Reis, Mateus Zanatta, Andrea Camargo Rei Instituto Agris, Passo Fundo, RS Janeiro de 2021

Introdução. Na presente safra (2020/21) de soja [Glycine max (L.) Merr. ], no Planalto Médio do Rio Grande do Sul, tem sido observada uma doença de ocorrência esporádica e, portanto, pouco conhecida e divulgada. O Laboratório de Fitopatologia do Instituto Agris tem recebido fotos e folíolos com os sintomas dessa alteração da folhagem da soja e solicitação da diagnose.

Nome comum. Mancha bacteriana parda (do inglês Bacterial brown ou tan spot). Hospedeiros. A doença ocorre em várias plantas da família Fabaceae, dentre elas a soja e o feijoeiro.

Sintomatologia. A alteração morfológica na planta ocorre principalmente em folíolos lembrando uma injúria de causa não parasitária. Os sintomas iniciam como áreas encharcadas (Fig. 1), mais tarde necrosam, formam halos amarelecidos circundando a lesão, coalescem, aumentam de tamanho e dilaceram o tecido foliar (Fig. 2).


Figura 1. Sintoma de anasarca, ou de encharcamento, em folíolo de soja (Imagem: Luciano Remor).

Figura 2. Evolução do quadro sintomatológico da mancha bacteriana parda em folíolos de soja (Imagens: Luciano Remor_.)

Numa mesma planta, vários folíolos podem ser atacados (Fig 3).


Figura 3. Planta de soja exibindo sintomas da bacteriose parda em vários folíolos (Imagem: Luciano Remor).

Etiologia. Esta doença é causada pela bactéria Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens, relatada em soja no Brasil em 2012 (Soares et al., 2013). A temperatura para o crescimento do patógeno situa-se na faixa de 24°C e 28oC. Fontes de inóculo. As sementes representam a principal fonte de inóculo e forma de dispersão da bactéria introduzindo-a nas lavouras. Posterirormente, sobrevive nos restos culturais das plantas infectadas. Também são fontes de inóculo a semente e os restos culturais dos hospedeiros alternativos. Penetração da bactéria nos tecidos folhares. A penetração ocorre por ferimentos causados por granizo e por outras causas. A disseminação dentro da lavoura ocorre pelo contato entre folhas. O clima e o desenvolvimento da doença. A doença manifesta-se com maior intensidade com temperaturas acima de 30oC e déficit hídrico

Medidas preventivas de controle. Não utilizar sementes de lavouras infestadas, evitar alternância de cultivo com outras leguminosas suscetíveis, principalmente feijoeiro.

Resistência varietal. Trabalhos conduzidos pela Embrapa Soja não relatam a identificação de cultivares resistentes. A bacteriose aqui descrita não deve ser confundida com a de ocorrência mais comum em lavouras de soja, o crestamento bacteriano (Fig. 4).


Figura 4. Quadro sintomatológico do crestamento bacteriano da soja causado por Pseudomonas savastanoi pv. glycinea (Imagem: Dirceu Gassen).

Fonte da Imagem de capa: Imagens: Luciano Remor_.

Referência

HARVESON, R.M. Baterial wilt and bacterial tan spot. IN. Hartmann et al. Compendium of soybean diseases and pests. APS, 2015, Fifth edition, p. 21-24.

MARINGONI, A. C.; ROSA, E. F. Ocorrência de Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens em feijoeiro no Estado de São Paulo. Summa Phytopatologica, v. 23, p. 160-162, 1997.

SOARES, R. M. Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens na cultura da soja [recurso eletrônico]: / Rafael Moreira Soares. – Londrina: Embrapa Soja, 2017. 30 p. il. – (Documentos / Embrapa Soja, ISSN : 2176-2937 ; n.38

SOARES, R. M.; FANTINATO, G. G. P.; DARBEN, L. M.; MARCELINOGUIMARÃES, F. C.; SEIXAS, C. D. S.; CARNEIRO, G. E. S. First report of Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens on soybean in Brazil. Tropical plant pathology, v. 38, p. 452-454, 2013.

SOARES, R.M., FANTINATO, G.G.P., FERREIRA, E.G.C. et al. Plant-to-seed transmission of Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens on soybean. Tropical plant pathology, 43, 376–379 (2018). https://doi.org/10.1007/s40858-018-0227-z



Foto de capa: Luciano Remor

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