Um seminário realizado esta semana pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reuniu especialistas para discutir “Ações de mitigação aos danos causados pela cigarrinha na cultura do milho”.

O evento ocorreu na terça-feira, 18 de maio, pela manhã. O presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Manoel Arioli da Silva, na primeira parte do seminário, ressaltou a importância da transferência de conhecimento sobre a transmissão de doenças pela cigarrinha-do-milho, bem como a necessidade  de proporcionar boas informações para os produtores rurais. “A CNA é um porto seguro para a busca da boa informação, assim como outras entidades”.

“Nós queremos evitar a todo custo as perdas de produtividade em função do desconhecimento de como controlar uma praga tão importante como a cigarrinha. O problema maior ocorre quando a cigarrinha transmite os molicutes, que causam o enfezamento do milho”, disse o presidente da CNA.

O professor Marcelo Coutinho Picanço, do departamento de Entomologia da Universidade Federal de Viçosa, apresentou um vídeo para mostrar a “Contextualização da cigarrinha no Brasil e os tipos de enfezamentos encontrados no campo”. Ele considera que a infestação de cigarrinhas é um problema sério, mas manejável. “Eu tenho certeza de que, com as informações que serão passadas aqui e com as explicações dos outros colegas que virão, isto ficará claro e nós teremos uma situação que, a cada dia, será mais possível conviver”, disse.

No vídeo, o professor fala que os programas de manejo integrado de pragas, incluindo a cigarrinha-do-milho, são os mais eficientes e sustentáveis para o controle de pragas. Ele citou também os fatores favoráveis aos problemas com a cigarrinha: “Primeiro, locais e épocas secas e quentes. Então, na segunda safra do milho, conhecida como safrinha e, também, no Cerrado e na região Sul, é onde nós temos as condições mais propícias para termos problemas”. O segundo fator citado foi a adubação inadequada: “Se nós realizamos a adubação inadequada, a planta se torna mais suscetível a esta praga”. E em terceiro ele citou o cultivo sucessivo de milho durante todo o ano, somado à existência de plantas doentes, sobretudo o milho tiguera.

Em seguida, o consultor técnico Otacílio Pasa contou uma experiência regional de Santa Catarina, indicando os métodos de controle foram eficientes em 2021 e  suas recomendações. E o produtor rural Endrigo Dalcin, de Nova Xavantina-MT, falou das preocupações para a próxima safra, de acordo com a sua experiência no Mato Grosso.

Ações de mitigação para danos no campo

A segunda parte seminário foi moderada pelo coordenador de produção agrícola da CNA, Marcelo Silva.

O pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Luciano Viana Cota, apresentou a palestra “Da pesquisa para o campo: o que já pode ser implementado de melhoria”.

Ele explicou os dois tipos de enfezamentos: o enfezamento-pálido e o enfezamento-vermelho. “Nos dois casos nós estamos trabalhando com uma classe de patógenos denominados molicutes. Os molicutes são bactérias que se adaptaram a infectar o floema das plantas de milho. Esta infecção impede o desenvolvimento normal da planta de milho por inibir a translocação de fotoassimilados”.

Ele salientou que a cigarrinha-do-milho também é capaz de transmitir uma virose, o vírus-do-raiado-fino. “Essa virose é mais comum de ser observada na fase vegetativa do milho, quando se observam pequenas estrias nas folhas. Mas o que é importante entender é por que essas infecções que ocorrem na fase vegetativa têm impacto na evidência dos enfezamentos. Basicamente, uma cigarrinha precisa se alimentar de uma planta doente e após um período latente ela vai conseguir transmitir os molicutes. Por isso, é importante eliminar a cigarrinha antes de ela transmitir os molicutes para as plantas, para assim ser possível controlar a praga e o enfezamento”, disse Cota.

“Quando a gente pensa em manejo de enfezamento, precisamos reduzir a população inicial de cigarrinhas infectadas e saber que não existe medida curativa, ou seja, não há tratamento para a planta infectada. As medidas isoladas de manejo têm pouco efeito, e nenhuma medida é cem por cento eficaz para o controle”, acrescentou o pesquisador da Embrapa.

Segundo Cota, os enfezamentos já ocorrem nas lavouras de milho no Brasil há 30 anos, em fases de surtos epidêmicos. O primeiro foi observado em meados da década de 90. Outro surto ocorreu em meados de 2006 e 2007, e este último, iniciado em 2014 até os dias de hoje. Historicamente, o enfezamento ocorria no Brasil Central, em Minas Gerais, Goiás, Norte de São Paulo e Oeste da Bahia. No entanto, nas duas últimas safras, foram detectadas ocorrências na região Sul do Brasil.

Conhecimento e boas práticas

O líder de educação e boas práticas agrícolas da CropLife Brasil, Roberto Araújo, apresentou como as empresas têm evoluído nas recomendações de manejo e no conhecimento da tolerância a híbridos.

A empresa organizou um e-book para disseminar conhecimentos e boas práticas para o produtor rural. A publicação digital “Guia de boas práticas para o manejo do enfezamento e da cigarrinha-do-milho” reúne informações colecionadas de diversas publicações e materiais educativos desenvolvidos pelos associados da CropLife e seus parceiros, incluindo a Embrapa.

O diretor Carlos Goulart, do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, comentou as ações governamentais tomadas para redução dos danos causados no campo. Ele ressaltou que é importante para o produtor rural ter acesso às informações de manejo e de controle da cigarrinha e dos enfezamentos. “O Ministério criou um plano para monitorar a praga nos diferentes estados, para saber qual é o mapa de ocorrência de cigarrinhas e o mapa de ocorrência de enfezamentos”, disse Gourlart.

Clique no link, para acessar mais informações:

Enfezamentos por molicutes e cigarrinha no milho

Fonte: Embrapa – Sandra Brito (MTb 06.230/MG) – Embrapa Milho e Sorgo

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