A ferrugem-asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é uma das doenças de maior importância da cultura da soja na atualidade, pelo grande potencial de perdas que é capaz de causar.

O fungo causador da doença pode ser encontrado em todas as regiões produtoras de soja do Brasil. Devido à facilidade de dispersão dos esporos do fungo. Essa doença não respeita a fronteira agrícola, ou seja, regiões que tem a epidemia ocorrendo mais cedo podem influenciar regiões que cultivam soja mais tarde.

Recentemente, foi registrado o primeiro foco de ferrugem em lavoura comercial no Rio Grande do Sul, para saber mais clique aqui.

Pensando nisso, na terceira temporada do Dicas Mais Soja, a pesquisadora e fitopatologista da CCGL TEC, Caroline Wesp Guterres, comenta sobre o manejo de doenças, em especial à ferrugem asiática da soja, focando no manejo como um todo, desde o tratamento de sementes até a utilização de fungicidas.

A pesquisadora ressalta que, pensando em um bom manejo de doenças da soja, é bastante importante que o tratamento de sementes seja realizado com produtos de boa eficiência de controle para os principais fungos que atacam a cultura da soja, estejam eles associados às sementes e também que podem ocorrer nos restos culturais. Além disso, é de extrema importância a utilização de sementes com boa germinação e um bom vigor, sendo que o vigor é fundamental em caso de ocorrência de condições desfavoráveis.

No que diz respeito às aplicações de fungicidas, seja para oídio, doenças de final de ciclo e ferrugem, é importante que as aplicações sejam realizadas antes do fechamento das linhas da cultura. O estágio da cultura, seja em V5, V6 ou até V8, e o momento da aplicação irão depender do ano, da pressão de doenças, das condições locais e da cultivar utilizada, porém devem ser realizadas antes do fechamento da entrelinha, destacou a pesquisadora.

As aplicações nesse período são recomendadas pois garantem uma boa cobertura do dossel, fazendo com que os fungicidas consigam atingir toda a planta, tendo um melhor residual para as próximas aplicações, conseguindo manter as doenças em níveis mais baixos.


Veja também: Desafios no manejo da ferrugem da soja


Caroline também destacou que existem trabalhos que mostram que o controle de DFCs (doenças de final de ciclo) é bastante eficiente quando realizado corretamente nas primeiras aplicações, já que mais de 80% das infecções ocorrem ainda no período vegetativo da cultura, via infecção da semente ou então através de contato com os restos culturais.

Nas primeiras aplicações, é importante a utilização de produtos com amplo espectro de controle, focando em ferrugem e principalmente em antracnose e manchas foliares, que ocorrem mais cedo, principalmente em semeaduras até a primeira quinzena de dezembro.

Após esse período é necessário a utilização de produtos com alto efeito curativo, pois a partir da segunda aplicação já se tem a ocorrência de ferrugem, sendo importante o uso de multissítios em todas as aplicações, visto que estudos comprovam que o uso de multissítios pode agregar de 8 a 15 sc/ha em um manejo comparado a não utilização.


Quer saber mais sobre o manejo de doenças? Confere aí…


No que diz respeito aos intervalos de aplicações, a pesquisadora destacou que a manutenção dos intervalos de maneira criteriosa é bastante importante para um bom manejo, mesmo que em quase todas as safras possam ocorrer alguns veranicos, que acabem segurando as aplicações, a pesquisadora afirma que devemos lembrar que para que ocorra a infecção de ferrugem as 6h de molhamento que são dadas pelo orvalho já são suficientes para que a infecção ocorra.



Outro ponto importante destacado pela pesquisadora foi em relação à vazão, onde trabalhos demonstram que vazões um pouco maiores trazem melhores resultados em função de que as condições ambientais nem sempre são favoráveis para as aplicações.

Em um contexto geral, Caroline destaca os seguintes pontos fundamentais a serem seguidos para que o produtor consiga manter as doenças em baixos níveis:

  • Momento de entrada na lavoura;
  • Manutenção de intervalos regulares;
  • Uso de produtos com boa eficiência de controle;
  • Posicionar produtos mais preventivos (não só para ferrugem) no início das aplicações;
  • Uso de multissítios em todas as aplicações.

Lembrando-se também que o fungicida é somente uma ferramenta, mas que não deve ser pensado como única alternativa de controle, sendo importante também atentarmos aos seguintes fatores:

  • Rotação de grupos químicos;
  • Rotação de culturas;
  • Manutenção e construção de um bom perfil do solo;
  • Utilizar o fungicida certo e no momento certo;
  • Utilização de variedades com maior resistência;
  • Tratamento e qualidade de sementes.

Para ouvir a conversa da pesquisadora com o Mais Soja, assista o vídeo abaixo.

https://www.facebook.com/maissoja/videos/821529201601030/?t=328



Elaboração: Engenheira Agrônoma Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.

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