InícioDestaqueManejo de mancha-de-bipolaris ou mancha-branca: mancozebe ou clorotalonil?

Manejo de mancha-de-bipolaris ou mancha-branca: mancozebe ou clorotalonil?

A produtividade do milho pode ser significativamente afetada pela presença de doenças ao longo do seu ciclo de desenvolvimento, especialmente quando se cultivam cultivares suscetíveis e sob condições propícias ao desenvolvimento de doenças. Algumas doenças foliares podem resultar em perdas consideráveis de produtividade, caso medidas de controle não sejam tomadas ou realizadas de forma eficiente, dentre essas doenças destacam-se a mancha-de-bipolaris-do-milho e a mancha-branca.

A mancha-de-bipolaris-do-milho, causada pelo fungo Bipolaris maydis é considerada uma das doenças mais graves que acometem a cultura do milho em regiões de clima temperado e em locais de tropical quente e úmido, podendo ocasionar perdas superiores a 70% na produção da cultura (Costa et al., 2014).

De acordo com Costa et al., (2021), a mancha-de-bipolaris encontra-se amplamente distribuída por todo o Brasil. O fungo responsável pela doença possui duas raças conhecidas, denominadas “0” e “T”. A raça “0” é predominantemente encontrada nas principais regiões produtoras de milho, sendo caracterizada por lesões alongadas, orientadas pelas nervuras, apresentando margens castanhas e com forma e tamanho variável. Por outro lado, as lesões típicas da raça “T” são maiores, predominantemente elípticas e possuem uma coloração marrom a castanho, podendo formar um halo clorótico.

A mancha-branca, cujo principal agente etiológico é a bactéria Pantoea ananatis é considerada uma das principais doenças foliares que afetam a cultura do milho. Essa doença tem o potencial de causar prejuízos na produtividade da cultura, podendo atingir até 60% de danos, especialmente em cultivos de híbrido suscetíveis e havendo as condições propícias para o desenvolvimento da doença (Borsoi et al., 2018).

Conforme destacam Custódio et al. (2020), os primeiros sintomas da mancha-branca, manifestam-se pelo surgimento de pequenas manchas foliares do tipo anasarca. Com o tempo, essas lesões evoluem tornando-se necróticas com uma coloração palha, apresentando forma circular a oval. Em casos mais severos da doenças, essas lesões podem estender e afetar as brácteas da espiga.

As condições favoráveis para o estabelecimento da mancha-branca, conforme destacam Costa et al. (2011), envolvem a ocorrência de umidade relativa acima de 60% e temperaturas noturnas em torno de 14 °C. No caso da mancha-de-bipolaris, as condições ideias incluem a presença de água livre na superfície das plantas e temperaturas entre 18 e 26° C (Costa et al., 2014).

O manejo genético por meio e genótipos resistente é uma das estratégias de controle que podem ser adotadas no manejo dessas doenças, no entanto, o controle químico consiste no método mais utilizado, podendo demonstrar eficácia quando o fungicida é selecionado corretamente. Na safra de 2023, ensaios conduzidos pela Fundação MS na cultura do milho, observaram que a utilização do fungicida multissítio clorotalonil proporcionou uma eficácia significativamente superior no controle da mancha-de-bipolaris, atingindo cerca de 64%. Em contrapartida, o fungicida mancozebe apresentou uma eficácia de controle em torno de 53% para a mesma doença.

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Fonte: Mochko (2023).
Fonte: Mochko (2023).

Quando se tratou do controle da mancha-branca, os resultados apontaram que o herbicida mancozebe obteve um desempenho mais eficaz, com aproximadamente 63% de eficácia, enquanto o clorotalonil demonstrou uma eficácia de cerca de 53% (Machko, 2023).

De acordo com Machko (2023), em termos de produtividade, no tratamento que recebeu o herbicida clorotalonil, a produtividade atingiu 126 sacos ha-1, ao passo que o tratamento com mancozebe resultou em 140 sacos ha-1, não foram observadas diferenças significativas entre os dois tratamentos para essa variável. A pesquisadora ressalta sobre a importância de escolher os fungicidas de maneira adequada, levando em consideração a doença alvo que se pretende controlar, a fim de alcançar um controle mais eficiente.

Referências:

BORSOI, F. T. et al. MANCHA BRANCA NO MILHO: ETIOLOGIA E CONTROLE. Agropecuária Catarinense, Informativo técnico, v. 31, n. 3, p. 31-34. Florianópolis – SC, 2018. Disponível em: < https://publicacoes.epagri.sc.gov.br/rac/article/download/191/268/2750 >, acesso em: 08/11/2023.

COSTA, R. V. et al. DOENÇAS FOLIARES DO MILHO. Embrapa, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/milho/producao/pragas-e-doencas/doencas/doencas-foliares >, acesso em: 08/11/2023.

COSTA, R. V. et al. MANCHA DE BIPOLARIS DO MILHO. Embrapa Milho e Sorgo, Circular técnica 207. Sete Lagoas – MG, 2014. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1012083/1/circ207.pdf >, acesso em: 08/11/2023.

COSTA, R. V. et al. RECOMENDAÇÕES PARA O CONTROLE QUÍMICO DA MANCHA BRANCA DO MILHO. Embrapa, Circular técnica 167. Sete Lagoas – MG, 2011. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/50969/1/circ-167.pdf >, acesso em: 08/11/2023.

CUSTÓDIO, A. A. P. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DA MANCHA BRANCA NO MILHO: SEGUNDA SAFRA 2020. Boletim técnico 96. IDR, LONDRINA – PR, 2020. Disponível em: < https://www.idrparana.pr.gov.br/sites/iapar/arquivos_restritos/files/documento/2021-01/bt96_-_idr-parana_-_29-01-2021.pdf >, acesso em: 08/11/2023.

MOCHKO, A. C. R. FUNGICIDAS MULTISSÍTIOS NO MILHO. Linkedin, Fundação MS, 2023. Disponível em: < https://www.linkedin.com/posts/anamochko_agro-agronegaejcio-milho-activity-7125152137881239553-5IVb/?utm_source=share&utm_medium=member_desktop >, acesso em: 08/11/2023.

Equipe Mais Soja
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