Autores: Osmar Mazieiro Buratto¹; Andressa Caldeira²; Henrique Giordani Martini Ferreira²

Introdução

Na produção agrícola, uma das alternativas para minimizar os impactos negativos da sucessão soja-milho, é a rotação de culturas, utilizando-se preferencialmente plantas com sistemas radiculares diferentes, como gramíneas e leguminosas, onde cada uma delas deve expressar um efeito diferente positivo para o solo e para a cultura sucessora (Lombardi-Neto et al., 2002; Santos & Reis, 2003; Franchini et al., 2011).

O problema desta pesquisa consistiu em enfatizar quais são os métodos alternativos utilizados para o controle de plantas daninhas na soja e quais são suas eficiências. Pois nos últimos anos o sistema de sucessão de culturas vem favorecendo aumento do número de espécies de plantas daninhas

Espécies de cobertura de inverno para o cultivo da soja

Algumas espécies alternativas de coberturas de inverno na região de clima subtropical são a aveia preta (Avena sativa), o nabo forrageiro (Raphanus sativus L.), e a braquiária (Brachiaria sp.). Todas essas espécies apresentam uma alta produção de matéria seca, formando uma barreira natural sobre o solo para emergência de plantas daninhas invasoras (Oliveira Neto & Santos, 2017).

A aveia preta (Figura 1A) é uma espécie rústica, menos exigente em fertilidade do que solo, que se adaptaram bem nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul. No qual, pode ser consorciada com espécies como azevém, centeio, ervilhaca, trevo branco. Visando a cobertura do solo até o final da primavera e início do verão, pode ser consorciada com aveia preta com azevém, e leguminosas como ervilhaca peluda ervilhaca comum (Fontaneli, et al., 2012).

O nabo forrageiro (Figura 1B) é uma espécie de inverno, ou seja, pode ser cultivado na entressafra, período de baixa pluviosidade. É uma excelente opção como cobertura devido ser muito precoce e agressiva quando se trata de cobertura morta, cobrindo até 70% dela em até 60 dias após o plantio. Isso também diminui a incidência de plantas daninhas, o que resulta em economia na aplicação de herbicidas e na remoção de ervas daninha. Sua produção em massa verde varia de 40 a 60 toneladas/ha e pode produzir até 500 kg de sementes / ha (com teor de óleo entre 40 e 54%) (Brasi et al., 2008).

A braquiária (Figura 1C) se destaca por sua excelente adaptação a solos de baixa fertilidade, é de fácil estabelecimento e produção considerável de biomassa durante todo o ano, oferecendo excelente cobertura vegetal ao solo. Essa forragem pode ser cultivada em consórcio com milho ou em cultivo solteira em sistema de plantio direto (Timossi et al., 2007).

Efeitos de supressão em plantas daninhas

Resultados de pesquisas demonstram que a adubação verde pode modificar a dinâmica de sucessão das espécies, sendo que algumas plantas daninhas que não ocorriam na testemunha passaram a ocorrer nos tratamentos com leguminosas, assim como outras espécies presentes na parcela testemunha não estavam presentes em alguns dos tratamentos com plantas de cobertura (Araújo et al., 2007; Braz et al., 2006).

Lima (2008) estudando oito plantas de cobertura para supressão de plantas daninhas observou que a braquiária (Urocholoa ruziziensis) foi a mais eficiente na produção de massa vegetal, cobertura do solo e supressão de plantas daninhas.

Martins et al. (2016) observaram em seu estudo que as coberturas mortas de aveia preta e nabo forrageiro proporcionaram as menores densidade de plantas daninhas e acúmulo de massa seca da comunidade infestante, independente da aplicação ou não de herbicidas.

Vidal & Trezzi, (2004) observara que as plantas de cobertura atuam na supressão de plantas daninhas tanto durante o seu desenvolvimento vegetativo, quanto após a sua dessecação, verificaram redução de 41 % da ocorrência de plantas daninhas e de 74 % de massa seca de plantas daninhas, comparando-se áreas com plantas de cobertura e áreas mantidas em pousio.

Considerações finais 

O cultivo em grande escala da cultura da soja, problema com o surgimento de plantas daninhas, vem se tornando um fator limitante na produção de soja nos últimos tempos, principalmente espécies de plantas daninhas de difícil controle. E isso se dá principalmente pelo sistema de sucessão de culturas adotado pelos produtores rurais. Portanto estudos comprovam que adoção de sistemas de rotação de culturas auxilia no controle de plantas daninhas na soja, principalmente com a utilização de adubos verdes. A supressão das plantas daninhas pode ocorrer tanto durante o desenvolvimento vegetativo das plantas de cobertura, quando efeitos competitivos e alelopáticos poderiam influenciar o desenvolvimento das plantas daninhas, quanto após a dessecação das plantas de cobertura, em que principalmente efeitos físicos e liberação de substancias alelopáticas poderiam inibir o desenvolvimento das plantas daninhas.

Referências

ARAUJO, Júllio Cézar et al. Supressão de plantas daninhas por leguminosas anuais em sistema agroecológico na Pré – Amazônia. Planta Daninha, Viçosa. V. 25, n.2, p. 267-275, 2007.

BRASI, L.A.C.S.; DENUCCI, S.; PORTAS, A.A. Nabo – adubo verde, forragem e bioenergia. 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_2/nabo/index.htm>. Acesso em: 09/06/2020.

BRAZ, Antônio Juarez Barbosa Pereira et al. Emergência de plantas daninhas em lavouras de feijão e de trigo após o cultivo de espécie de cobertura de solo. Planta Daninha. Viçosa. V. 24, n. 4, p. 621-628. 2006.

FOTANELI, R. S.; SANTOS, H. P.; FONTANELI, R. S. Forrageiras para Integração LavouraPecuária-Floresta na região Sul-brasileira. 2 ed. – Brasília, DF: Embrapa, 2012. 544 p.

FRANCHINI, Júlio Cesar et al. Importância da rotação de culturas para a produção agrícola sustentável no Paraná. Londrina, PR. EMBRAPA SOJA, 2011. 52 p.

LIMA, S. F. Supressão de plantas daninhas por plantas de cobertura. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás –UFG, Campus Jataí. 2013, 54 f.

LOMBARDI-NETO, F. et al. Rotação de culturas: análise estatística de um experimento de longa duração em Campinhas (SP). Bragantia, Campinas, n. 2, v. 61, mai-ago 2002. p. 127-141.

MARTINS, D.; GONÇALVES, C. G.; JUNIOR, A. C. S.Coberturas mortas de inverno e controle químico sobre plantas daninhas na cultura do milho. Revista Ciência Agronômica, v. 650 47, n. 4, p. 649-657, out-dez, 2016

OLIVEIRA NETO, Aroldo Antônio; SANTOS, Candice Mello Romero. A Cultura do Trigo. Companhia Nacional de Abastecimento. Brasília: Sumac/Gepin, 2017.

SANTOS, H.P.; REIS, E.M. Rotação de culturas em plantio direto. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2003, 212 p.

TIMOSSI, Paulo César; DURIGAN, Julio Cezar; LEITE, Gilson José. Formação de palhada por braquiárias para adoção do sistema plantio direto. Bragantia, Campinas , v. 66, n. 4, p. 617-622, 2007 .

VIDAL, R. A.; TREZZI, M. M. Potencial da utilização de coberturas vegetais de sorgo e milheto na supressão de plantas daninhas em condição de campo: I – Plantas em desenvolvimento vegetativo. Planta Daninha, Viçosa, v. 22, n. 2, p. 217-223, 2004.

Informações sobre os autores: 

  • ¹ Engenheiro Agrônomo, Cocamar Cooperativa Agroindustrial, Querência do Norte/PR. E-mail: osmarburatto11@gmail.com
  • ² Mestrando em Agricultura Conservacionista, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Londrina/PR. E-mail: andressa-caldeira@hotmail.com / henriquegiordane@hotmail.com

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