Após a colheita das culturas de verão, é preciso implementar medidas de manejo que mantenham e/ou melhorem o ambiente de produção. Por isso, o chamado manejo pós colheita, com objetivo de se evitar o vazio outonal é fundamental, já pensando na cultura de interesse econômico de inverno e já também planejando a próxima safra de verão. Na grande maioria das áreas do Rio Grande do Sul, o manejo pós-colheita é feito sobre palhada de milho e em maior escala a soja. A implementação de plantas de cobertura nestas áreas é o fator chave para a sustentabilidade do sistema de produção, isso por que, manter o solo coberto é fundamental para a fertilidade do solo, reduzir o problema com plantas daninhas e minimizar os processos erosivos, sem falar da importância para física e biologia do solo.
Para aproveitar melhor os benefícios do sistema de plantio direto, é necessário que o solo esteja sempre coberto por palha, mesmo que se tenha a palhada da cultura colhida, até a implementação de outra cultura de interesse econômico é importante o uso de alguma planta de cobertura. Além de melhorar as qualidades físicas, químicas e biológicas do solo, a cobertura de solo e a palhada deixada por estas plantas minimiza potenciais problemas com relação a plantas daninhas principalmente aquelas de mais difícil manejo.
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Existem diversas plantas de cobertura que podem ser utilizadas, para isso, deve-se analisar as características de cada uma e optar por aquelas que melhor se adaptam as condições e que atendam os objetivos esperados para cada situação. Por exemplo, em lavouras que tiveram o milho como cultura antecessora, seria interessante o uso de alguma planta de cobertura da família das leguminosas (ervilhaca, tremoço), com propósito de repor nitrogênio no sistema a fim de favorecer a cultura em sucessão. Em áreas onde se tinha a soja como cultua de verão, deve-se optar por culturas de cobertura com maior palhada, devido a soja produzir menor quantidade de palha em comparação ao milho, como a aveia preta ou branca, nabo e milheto. Em ambos os casos, pode-se e recomenda-se, fazer uso dos chamados mix de culturas, tendo assim os benefícios de plantas leguminosas e gramíneas no sistema.
Na safra de 2020/21 um dos problemas recorrentes e observado em muitas lavouras, foi a alta infestação de plantas daninhas na cultua da soja, uma das hipóteses para essa constatação, foi a falta de uma efetiva cobertura de solo no período invernal. Pensar em manejo cultural, com adoção de plantas de cobertura, deixando grande aporte de palha no sistema, evitando o vazio outonal e fazendo uso de práticas conservacionistas, buscando o equilíbrio do sistema, são estratégias essenciais para diminuir a ocorrência deste e tantos outros problemas que afetam a produtividade das culturas e consequentemente, a lucratividade final dos produtores das unidade de produção.
Autores: Éverton da Silveira Manfio e Marcelo Damaceno da Silva – Membros do Grupo PET Ciências Agrárias